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Fiscalização conjunta protege avoantes no Piauí
Ação ocorre na APA Chapada do Araripe e na Flona do Araripe-Apodi
Victor Souza
victor.souza@icmbio.gov.br
Cabedelo/PB (08/04/2013) - Teve início no último dia 3, na cidade de Caldeirão Grande (PI), a primeira operação de fiscalização conjunta da Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Araripe com a Floresta Nacional (FLONA) do Araripe-Apodi. Denominada Operação ArribAÇÃO, a iniciativa foi deflagrada para proteger o pombal formado entre a Serra da Batinga e a Serra dos Caboclos. Nas primeiras 24 horas da operação foram estimados o tamanho do pombal e o contingente necessário de fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para fazer frente aos caçadores que ameaçam a existência das aves, além da apreensão de armas de caça, munição, animais abatidos e outros materiais utilizados pelos caçadores.
A arribação das avoantes ( Zenaida auriculata ) havia sido comunicada à APA Chapada do Araripe no início da semana passada, quando foi providenciada a programação da ação emergencial de fiscalização. Os indivíduos desta espécie fazem ninhos em diferentes áreas ao longo dos anos, dificultando a preparação prévia de defesa do território.
O chefe da APA Chapada do Araripe, Paulo Maier, considera que a ação imediata visando a reduzir a caça e evitar o afugentamento do bando é fundamental, mas não suficiente. “A permanência da equipe do ICMBio para inibir maior interferência humana, possibilitar a criação de ninhos, a postura e a eclosão dos ovos também é essencial, porque a formação dos pombais costuma atrair caçadores de lugares distantes, pela facilidade do abate dos animais que, em grande quantidade, fazem revoadas e dormem ao alcance das armas de fogo, sendo comum serem alcançados nos próprios ninhos construídos no chão”, salienta o analista ambiental, acrescentando: “Mesmo após a eclosão dos ovos é necessária a proteção da área até que os filhotes estejam prontos para alçar voo e se dispersarem”.
Consequências da seca
Segundo Paulo Maier, o terceiro ano seguido de seca no Nordeste pode ter resultado na busca das avoantes por áreas mais propícias para reprodução com disponibilidade de água e alimento, tornando mais dramática a situação do bando caso não tenha sucesso. “A possibilidade de reprodução com pouca interferência poderá gerar maior fidelização nesta área”, defende o chefe da APA.
Sobre a questão, Weber Girão, ornitólogo da Aquasis, argumenta que “no sertão nordestino muitas famílias tiveram sua sobrevivência assegurada com a chegada de bandos de avoantes em períodos de extrema dificuldade de acesso a alimentos durante as secas, então o mínimo que podemos esperar é respeito nesta fase crucial para garantia da perpetuação da espécie”.
Alguns ovos da espécie já foram encontrados, denotando que o bando está se fixando no local. A eclosão ocorre 13 dias depois da postura e são ainda necessários de dez a 12 dias para que os filhotes saiam dos ninhos, seguidos de 20 dias para o voo.
Comunicação ICMBio - Nordeste
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