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Filhotes de harpia são monitorados no Mosaico de Carajás
O monitoramento do ninho terá continuidade semanal
Thaís Alves
thais.lima@icmbio.gov.br
Brasília (09/04/2012) - Inconfundível pelo tamanho e em situação de ameaça, o gavião–real ( Harpia harpya ) é uma das espécies que são monitoradas nas unidades de conservação do Mosaico de Carajás. Desde dezembro do ano passado, um filhote de quatro meses vem sendo acompanhado pela equipe do Programa de Conservação do Gavião-real (PCGR) em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Nesta semana, o animal recebeu dispositivos de marcação e monitoramento. O ninho onde o filhote foi marcado está na área de entorno ao mosaico de Carajás e encontra-se em situação de vulnerabilidade. O animal pesa 4.750 quilos e recebeu anel em alumínio do PCGR letra O, anilha n° Z01016 e um microchip do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestre (CEMAVE/ICMBio) do ICMBio. Estas identificações servirão para determinar a distância de dispersão do filhote em futuros avistamentos tanto pela equipe que desenvolve o programa quanto por agricultores ou outros moradores da região que tiverem a sorte de avistá-lo.
O monitoramento deste ninho terá continuidade semanal. O objetivo da equipe é coletar vestígios para identificação das espécies presas e consumidas pela harpia na região e registros do comportamento do filhote em desenvolvimento nas habilidades de voo e dos adultos no cuidado parental.
Em 2010, um filhote com cerca de um ano de idade foi alvejado e abatido neste mesmo ninho. Normalmente, o tempo de geração desta espécie é de um filhote a cada três anos, mas quando ocorre a perda da prole, o casal se prepara para uma nova postura, normalmente utilizando o mesmo ninho. Na região sudeste do Pará, o PCGR estuda atualmente cinco ninhos de harpia em atividade.
Os trabalhos contam com o apoio financeiro da Vale S.A para as pesquisas ecológicas da espécie, atividades de sensibilização e educação ambiental nas comunidades e escolas próximas aos ninhos estudados.
Um concurso para nomear o filhote será realizado com as crianças do ensino fundamental. O nome sugerido deverá ter origem etimológica indígena e ter o significado explicado. Toda a pesquisa dos nomes deve ser realizada pelas crianças com orientação de professores e pais. A estratégia é estimular a conscientização na área próxima ao ninho utilizando a educação ambiental como ferramenta de conservação da biodiversidade.
Floresta Nacional de Carajás
Enquanto no entorno do Mosaico de Carajás a situação do ninho é instável, outro ninho monitorado no interior da Floresta Nacional de Carajás, unidade de conservação sob gestão do ICMBio, apresenta bons resultados. Monitorado desde 2008, o ninho está localizado na área do Igarapé Bahia e acaba de receber um novo morador. O filhote nasceu entre 28 de fevereiro e 5 de março. A mãe não sai de perto do pequeno gavião garantindo seu conforto com folhas verdes enquanto o pai se encarrega de trazer o alimento a cada dois dias.
O monitoramento constante deste ninho pode confirmar o tempo de geração de três anos para a espécie. Em 25 de fevereiro de 2009 nasceu um filhote no mesmo local que foi acompanhado até a sua emancipação definitiva. Mesmo voando, o jovem gavião-real ainda depende dos pais para se alimentar até 2,5 anos. Só a partir daí tem início um novo ciclo que acarreta em uma baixa taxa de recrutamento na natureza. Motivo de preocupação para a conservação da espécie.
Para o chefe da Floresta Nacional de Carajás, Frederico Drumond Martins, o acompanhamento é importante para a unidade de conservação e para a espécie que indica ambientalmente se o território está sustentável. “Programas de conservação como este e o da arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), em desenvolvimento na Floresta Nacional de Carajás, permite que a UC cumpra sua função social primordial, a conservação da biodiversidade. Além disto, a harpia ou gavião-real é uma espécie guarda-chuva, pois para garantir a sua conservação teremos necessariamente que conservar outras espécies”, explica Frederico.
Mesmo sob pressão de caça a área ainda abriga este grande predador da Amazônia que essencialmente precisa de grandes áreas florestadas para se reproduzir, ou seja, a floresta sustenta biomassa de presas que estão garantindo a permanência da espécie na região.
O monitoramento constante dos ninhos poderá avaliar o sucesso destes dois filhotes e estudos genéticos poderão demonstrar, ou não, o comportamento monogâmico, além de trazer dados importantes para avaliação da variabilidade genética destes indivíduos, contribuindo para o conhecimento sobre o status de conservação da Harpia no Brasil.
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Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280