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Fêmea de Gavião-real livre na Flona de Carajás
Animal foi resgatado, passou por processo de reabilitação e agora foi solto na Floresta Nacional de Carajás
Thaís Alves
thais.lima@icmbio.gov.br
Brasília (14/10/2011) - Após ser resgatada de um cativeiro irregular no município de Curionópolis, no Pará, e passar por processo de reabilitação, uma fêmea da espécie de Gavião-real (Harpia harpya) voou pela primeira vez em liberdade no final do último mês na Floresta Nacional (Flona) de Carajas, unidade de conservação (UC) sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), localizada em Paraupebas, sudeste do Pará.
Resgatada em março de 2009, após ser entregue por um morador da região ao ICMBio, a ave ainda era filhote e apresentava diversos ferimentos e condições precárias de saúde. A harpia passou meses amarrada pela pata, o que quase a mutilou, e recebeu cuidados no Parque Zoobotânico Vale e no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), por meio do Programa de Conservação do Gavião-real.
Durante o mês de setembro foi realizado um concurso cultural para escolher um nome para a ave com a participação de cerca de 700 estudantes da 5ª série do ensino fundamental de escolas do município de Paraupebas. O nome selecionado pela comissão julgadora foi Upiara, nome indígena, que significa luta contra o mal.
Segundo Frederico Martins, chefe da Flona de Carajás, o maior desafio para o animal será caçar. “Todo o processo de reabilitação visou formas em que o animal pudesse ser devolvido à natureza, reaprender a caçar e a viver na floresta. É um processo de educação ambiental junto com um programa de conservação da espécie”, ressaltou o chefe da UC.
O novo lar da harpia tem mais de 400 mil hectares e possui uma grande diversidade de fauna e flora. Este é o primeiro animal solto dentro da área da Floresta Nacional de Carajás. Antes da soltura, Upiara recebeu um colete com rádio transmissor via satélite que possibilita às equipes monitorar o cotidiano do animal. “A cada três dias já recebemos os dados. Conseguimos verificar que a ave caçou e voou mais de 1200 metros em vôo livre”, explicou Frederico Martins.
A espécie
Inconfundível pelo tamanho, papo negro e robustez, o gavião-real é uma espécie ameaçada de extinção. Possui cabeça cinzenta com topete formando duas pontas negras, manto e papo negros, peito e barriga brancos e constrói seu ninho em forma de plataforma, em árvores emergentes, usando as primeiras ramificações. Os primeiros vôos dos filhotes são dados com 141 a 148 dias de idade, mantendo-se sempre no ninho ou em galhos próximos e recebendo alimento dos pais uma vez a cada cinco dias.
Espécie que ocorre no Brasil, esta ave possui uma surpreendente agilidade, atingindo suas vítimas em vôos rápidos. Ela permanece entre as copas das árvores onde espreita as presas por longos períodos de tempo, tornando-se muitas vezes difícil de perceber, apesar de seu grande tamanho corporal. Sua dieta é composta basicamente por mamíferos arborícolas, como macacos e bichos-preguiça. As principais ameaças da espécie estão ligadas à fragmentação do habitat, caça ilegal e a comercialização.
Conservação
O ICMBio desenvolve ações para preservação e conservação da espécie ameaçada de extinção. Dentre elas está o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação de Aves de Rapina que visa assegurar a manutenção das populações e a distribuição geográfica das várias espécies de Falconiformes e Strigiformes. O documento é composto por um objetivo geral, sete metas e 44 ações, cujo monitoramento é supervisionado pelo Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio).
Acesse o PAN para Conservação de Aves de Rapina, clicando
aqui
Ascom/ICMBio
(61) 3341-9280