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Cenap captura grupos de cachorros-vinagre no Mato Grosso
Animais serão monitorados por GPS e rádio para se ter dados sobre a espécie
Thaís Alves
thais.lima@icmbio.gov.br
Brasília (05/03/2012) – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Atibaia (SP), acaba de coordenar expedição à zona rural de Água Boa, no Mato Grosso. A expedição, que teve início em 12 de fevereiro, desenvolveu ações do projeto “Ecologia e estado sanitário do cachorro-vinagre ( Speothos venaticus ) no Cerrado e na Mata Atlântica: gerando novas informações para um plano de ação efetivo para conservação da espécie no Brasil”.
O projeto é coordenado pelo Cenap e conta com apoio das coordenações gerais de Manejo para a Conservação (CGESP) e de Pesquisa e Monitoramento da Biodiversidade (CGPEQ), da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio) do ICMBio. É realizado em parceria com o Instituto Pró-Carnívoros e o Instituto Brasileiro para Medicina da Conservação – Triade, com financiamento da Fundação O Boticário.
Durante a expedição, um grupo de sete cachorros-vinagre (três adultos e quatro filhotes) foi capturado. Num dos adultos, foi colocado um colar GPS e nos outros dois, rádios-colares VHF. Por meio do monitoramento deste grupo, serão coletados dados sobre a espécie, tais como tamanho de área de uso, padrão de utilização do habitat, exposição a doenças e dieta. As informações são essenciais para planejar ações para a conservação da espécie, classificada como vulnerável na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e uma das espécies de canídeos neotropicais menos conhecidas atualmente.
PANFLETOS – A captura aconteceu após contato realizado por morador da região que relatou ter avistado o grupo. Panfletos com fotos de cachorros-vinagres, descrição de vestígios característicos da espécie e de algumas peculiaridades ecológicas têm sido distribuídos na zona rural de Água Boa, Nova Xavantina e municípios vizinhos. As informações aos moradores já resultaram na captura de dois grupos.
Os animais adultos capturados apresentavam problemas de pele e pelagem sugestivos da ocorrência de sarna sarcóptica, anteriormente diagnosticada em outro grupo monitorado na região. Eles foram tratados por meio da aplicação de antiparasitários. Os filhotes encontravam-se, aparentemente, em boas condições.
Esse estudo dará continuidade a um trabalho iniciado no Cerrado do Mato Grosso. Desde 2004, três grupos de cachorros-vinagre foram acompanhados por radiotelemetria. Os resultados revelaram que os grupos de Speothos na região ocupam áreas extensas (centenas de quilômetros quadrados), utilizam sub-áreas dentro de suas áreas de forma rotativa, têm como base principal da sua dieta o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) e dependem fortemente da vegetação nativa (florestas e cerrado) para a sua sobrevivência.
No entanto, várias questões de ecologia espacial e de demografia ainda estão em aberto como, por exemplo, a forma que ocorre a ocupação do espaço por grupos vizinhos; quando e como ocorre a dispersão de indivíduos jovens do núcleo familiar; a extensão e a mortalidade decorrente das ameaças observadas, como o abate da espécie pelo homem e cães domésticos; a ocorrência de sarna sarcóptica.
Além disso, as pesquisas apontam a necessidade de expandir os conhecimentos ecológicos sobre a espécie para outros biomas, a fim de compreender quais características ecológicas observadas são gerais da espécie e quais são específicas de cada bioma.
ESPÉCIE – O cachorro-vinagre é um canídeo com corpo atarracado, orelhas, pernas e cauda bem curtas e seu peso fica entre 5 kg e 7 kg. A coloração varia entre o marrom claro e o escuro, tendo tonalidade mais clara na cabeça e no pescoço. É uma espécie altamente social, até mesmo com caçada grupal, com um rico repertório de vocalizações, vivendo em grupos familiares pequenos, nos quais apenas o casal dominante reproduz. A espécie é encontrada em áreas de florestas pluviais, deciduais, semideciduais do nível do mar a até 1.500 m de altitude.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280