Promovido pela Flona de Ipanema e pela prefeitura de Iperó, evento será dia 1 de novembro.
A Floresta Nacional de Ipanema, em parceria com a Prefeitura Municipal de Iperó/SP, estará nesta quinta-feira (1/11) comemorando os 200 anos dos Altos Fornos de Varnhagen, patrimônio histórico nacional pertencente aos remanescentes da Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema. Essa data também se comemora o início da produção de ferro gusa em escala industrial no Brasil. Para comemorar a data, terá uma série de atividades na Floresta Nacional de Ipanema (ver programação).
Atualmente a Flona, unidade de conservação do ICMBio, recebe mais de 48 mil visitantes por ano que procuram o sítio histórico, e para percorrer as trilhas e belíssimos espaços naturais da unidade. Segundo o professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Nestor Goulart Reis, a fábrica de ferro em Ipanema é considerada como “o núcleo mais importante de desenvolvimento de tecnologia em São Paulo, antes da ferrovia”.
A importância desse patrimônio histórico é evidenciada com o reconhecimento de Ipanema pela Associação Brasileira de Metalurgia e pela Associação Mundial de Produtores de Aço, como o berço da siderurgia nacional.
Ainda hoje, após 200 anos de sua criação, os remanescentes dos altos fornos geminados de Varnhagen figuram entre aqueles ainda existentes, tanto no Brasil como no exterior, como um dos mais bem conservados, conforme afirmam os pesquisadores e historiadores.
Hoje o Sítio Histórico da Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema encontra-se duplamente protegido, pois está inserido na zona de uso público intensivo da Floresta Nacional de Ipanema, Unidades de Conservação federal que, além de seus atributos históricos e culturais, representa um importante fragmento florestal do interior de São Paulo, protegendo espécies do cerrado e da mata atlântica e que também presta outros importantes serviços ambientais para Região Metropolitana de Sorocaba.
História
Historicamente, ao longo das décadas entre 1780 e 1810, a Coroa Portuguesa tomou a iniciativa de elaborar um plano siderúrgico e encaminhar as diretivas para a implantação da siderurgia moderna nos domínios peninsular e ultramarino.
Entretanto, com a eminente invasão de Portugal pelas tropas francesas, o príncipe regente de Portugal, Dom João, sem condições militares para enfrentar as tropas de Napoleão Bonaparte, viu a necessidade de transferir a corte portuguesa para a sua mais importante colônia à época, o Brasil.
Após a instalação da corte no Rio de Janeiro, Dom João observando e necessidade de garantir o reconhecimento e o fortalecimento da colônia além-mar como uma nova nação, promoveu a abertura do comércio brasileiro aos países amigos de Portugal, bem como incentivou e determinou a criação de vários empreendimentos, entre eles a implantação de fábricas, estradas, reformas de portos e a criação órgãos governamentais.
Com estudos indicando a viabilidade da implantação de fábricas de ferro no Brasil, o príncipe regente por meio de carta régia de 4 de dezembro de 1810, determinou a criação e implantação do Estabelecimento Montanístico das Minas de Ferro de Sorocaba, posteriormente denominada de Real Fábrica de Ferro de São João do Ypanema, nas terras que outrora haviam sido o palco das primeiras tentativas siderúrgicas ocorridas no século XVI, por Afonso Sardinha.
A Real Fábrica de Ferro de São João do Ypanema foi um dos principais empreendimentos industriais ao longo do 1º e 2º reinados. Foi pioneira na produção em escala industrial de ferro gusa em Altos Fornos (1º de novembro de 1818) e seus Altos Fornos, construídos por Frederico Luiz Guilherme Varnhagen, foram os que permaneceram mais tempo em funcionamento no século XIX.
De suas entranhas, saíram moendas em ferro fundido que ocasionou significativamente o aumento na produção de açúcar em diversas regiões do país (substituição das moendas fabricadas em madeira e menos resistentes pelas de ferro fundido). Ao longo de sua existência (1810 a 1895), a fábrica de ferro de Ipanema figurou como uma das principais fornecedoras de ferro fundido para os arsenais de guerra, para indústrias de utensílios agrícolas e para o comércio em geral. Ipanema produziu de panelas de ferro à maquinários para os engenhos de açúcar e café; gradis, armamentos, escadas e luminárias. Forneceu matéria-prima para as estradas de ferro e teve artigos premiados em feiras nacionais e internacionais.
Os altos fornos geminados construídos por Varnhagen em 1818 não foram os primeiros do Brasil. Entretanto, esses fornos figuram como um marco na história da siderurgia brasileira, pois o início do seu funcionamento (1818) representa a consolidação da produção industrial do ferro em gusa em território brasileiro.
Evento: 200 ANOS DOS ALTOS FORNOS DE VARNHAGEN
Local:
Floresta Nacional de Ipanema/ICMBio
Auditório da ACADEBio (interior da Floresta Nacional de Ipanema)
Dia:
1 de novembro de 2018
Horário:
8h30
PROGRAMAÇÃO
8h30 – 9h: Recepção e Boas-vindas
9h – 9h45: Abertura
9h45 – 10h30: Apresentação do Prof. Dr. Fernando Landgraf (Poli/USP) - “1818: a saga de Varnhagen na produção de ferro gusa nos altos fornos em Ipanema”
10h30 – 11h: Lançamento do Edital de Contratação de Projetos
11h – 11h30: Apresentação de Maquete e Aplicativo de Realidade Virtual
12h – 13h15: Visita aos Altos Fornos, Exposição e Coquetel
13h15 – 14h: Carimbagem da peça comemorativa dos Correios
Informações e confirmação de presença
:
flonaipanema.sp@icmbio.gov.br
ou pelo telefone do Centro de Visitantes (15) 3266-9099.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280