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Estudo inédito revela 550 espécies de plantas e animais nas Cagarras
É a segunda maior colônia reprodutiva de aves conhecidas como fragatas
Brasília (22/04/2013) – Estudo inédito de pesquisadores do Projeto Ilhas do Rio revela que o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a quatro quilômetros da praia de Ipanema (RJ), abriga a segunda maior colônia reprodutiva de aves marinhas da espécie
Fregata magnificens
(conhecida como fragata) da costa brasileira. Em dois anos, mais de 550 espécies de animais e plantas foram identificadas no local, algumas até então desconhecidas ou consideradas extintas na cidade.
Pelo menos 5,5 mil fragatas e 2,5 mil atobás-marrons usam o arquipélago como refúgio para fazer ninhos. A maior colônia de fragatas do País fica na Ilha de Alcatrazes, em São Paulo, e é um pouco maior, com 6 mil aves. Sem as Cagarras, o Rio não teria a grande quantidade de fragatas que sobrevoam a cidade, uma de suas características, diz a bióloga e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Larissa Cunha. Em busca de alimento, elas cruzam o mar até a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Baía de Guanabara, e voltam no fim do dia.
O Projeto Ilhas do Rio (
veja vídeo com o coordenador do projeto
e
notícia sobre documentário que será distribuído às escolas e universidades
) é o primeiro estudo extenso e detalhado sobre a biodiversidade do arquipélago formado por quatro ilhas e duas ilhotas. Mas ele não traz apenas boas notícias, pois em dois anos, nenhum golfinho-flíper (Tursiopstruncatus) foi visto pelos 12 pesquisadores. O primeiro registro publicado da presença dessa espécie no local ocorreu em 2003. Até 2010, 29 golfinhos foram identificados e catalogados de um total de 432 ocorrências. A poluição é apontada como provável causa do sumiço. O Emissário Submarino de Ipanema lança esgoto doméstico
in natura
a dois quilômetros de distância das ilhas, também impactadas pela água poluída que chega da Baía de Guanabara.
"Fala-se muito em impactos do turismo desordenado e da pesca ilegal, mas o grande problema que Cagarras enfrenta é a poluição marinha", diz a chefe da unidade de conservação, Fabiana Bicudo. Antes de assumir o cargo, há cerca de um ano, ela chefiava o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. "Cagarras está inserida no contexto urbano. Sofre impacto da questão sanitária da cidade e da poluição industrial da baía. É um problema de estado." A analista do Instituto Chico Mendes destaca a questão do emissário e diz que é preciso monitorar esses impactos, que também afetam a balneabilidade de praias da zona sul.
Responsável pela parte de aves do estudo, Larissa diz que foram encontradas concentrações muito altas de ascarel, substância tóxica persistente, em ovos coletados nas ilhas Cagarra e Redonda. Segundo ela, a contaminação provavelmente vem de peixes da baía comidos pelas aves. "Não há dúvida em relação ao impacto, mas ainda não sabemos que efeitos estão causando."
O estudo monitorou a qualidade da água e o nível de poluentes em quatro pontos de coleta: na entrada da baía, na saída do emissário, na Ilha Redonda (amais distante do litoral) e na Ilha das Palmas (a mais próxima da costa).
Monumento
Em 2010, o arquipélago foi transformado por lei federal em monumento natural, para preservar sua biodiversidade e beleza cênica. Criou-se, então, a primeira unidade de conservação marinha de proteção integral do litoral carioca. Realizada desde abril de 2011, a pesquisa tem o objetivo de apoiar a elaboração de um plano de manejo, feito pelo ICMBio. "Apesar de todos os problemas, existe uma biodiversidade muito rica que o carioca desconhecia", diz o coordenador do projeto, o biólogo marinho Carlos Rangel.
Foram identificadas até agora 170 espécies da flora, 51 de aves, 50 de algas, 135 de peixes e 157 de invertebrados bentônicos. Dos invertebrados, 7 provavelmente são novos para a ciência. Uma espécie de perereca Scinax (encontrada dentro de uma bromélia) e outra de inseto foram confirmadas como inéditas. Também houve o primeiro registro no Rio de duas espécies de aves, a curicaca e a gralha-do-campo.
O biólogo Massimo Bovini, do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, ficou responsável pelo inventário da flora. Ele é carioca, já trabalhou na Chapada Diamantina (BA), em Abrolhos (BA) e Fernando de Noronha (PE), mas nunca tinha pisado nas ilhas até o início do estudo.
Bovini encontrou no cume da Ilha Redonda uma espécie que era considerada extinta no Rio desde a década de 1940, a Gymnanthes nervosa. Três espécies são típicas do arquipélago: a bromélia Neoregelia cruenta, a clúsia e a palmeira-jerivá, que pode ser vista de Ipanema. "São as mais abundantes, os símbolos do monumento. Suportam um ambiente com vento forte, alta salinidade e exposição ao sol."
Outra espécie bem comum no arquipélago, a palmeira-guriri (Allagoptera arenaria), está em processo de extinção. Já o capim-colonião (Megathyrsus maxi-mus), de origem africana, tornou-se um problema, principalmente na Ilha Comprida, ocupando o lugar de plantas nativas.
Comunicação ICMBio – (61) 3341-9280 – com informações do Estado de S.Paulo
Estudo identifica 550 espécies de plantas e animais nas Cagarras
É a segunda maior colônia reprodutiva de aves conhecidas como fragatas
Brasília (22/04/2013) – Estudo inédito de pesquisadores do Projeto Ilhas do Rio revela que o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a quatro quilômetros da praia de Ipanema (RJ), abriga a segunda maior colônia reprodutiva de aves marinhas da espécie Fregata magnificens (conhecida como fragata) da costa brasileira. Em dois anos, mais de 550 espécies de animais e plantas foram identificadas no local, algumas até então desconhecidas ou consideradas extintas na cidade.
Pelo menos 5,5 mil fragatas e 2,5 mil atobás-marrons usam o arquipélago como refúgio para fazer ninhos. A maior colônia de fragatas do País fica na Ilha de Alcatrazes, em São Paulo, e é um pouco maior, com 6 mil aves. Sem as Cagarras, o Rio não teria a grande quantidade de fragatas que sobrevoam a cidade, uma de suas características, diz a bióloga e pesquisadora da UFRJ Larissa Cunha. Em busca de alimento, elas cruzam o mar até a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Baía de Guanabara, e voltam no fim do dia.
O Projeto Ilhas do Rio é o primeiro estudo extenso e detalhado sobre a biodiversidade do arquipélago formado por quatro ilhas e duas ilhotas. Mas ele não traz apenas boas notícias, pois em dois anos, nenhum golfinho-flíper (Tursiopstruncatus) foi visto pelos 12 pesquisadores.
O primeiro registro publicado da presença dessa espécie no local ocorreu em 2003. Até 2010, 29 golfinhos foram identificados e catalogados de um total de 432 ocorrências. A poluição é apontada como provável causa do sumiço. O Emissário Submarino de Ipanema lança esgoto doméstico in natura a dois quilômetros de distância das ilhas, também impactadas pela água poluída que chega da Baía de Guanabara.
"Fala-se muito em impactos do turismo desordenado e da pesca ilegal, mas o grande problema que Cagarras enfrenta é a poluição marinha", diz a chefe da unidade de conservação, Fabiana Bicudo. Antes de assumir o cargo, há cerca de um ano, ela chefiava o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. "Cagarras está inserida no contexto urbano. Sofre impacto da questão sanitária da cidade e da poluição industrial da baía. É um problema de Estado."
A analista do Instituto Chico Mendes destaca a questão do emissário e diz que é preciso monitorar esses impactos, que também afetam a balneabilidade de praias da zona sul.
Responsável pela parte de aves do estudo, Larissa diz que foram encontradas concentrações muito altas de ascarel, substância tóxica persistente, em ovos coletados nas ilhas Cagarra e Redonda. Segundo ela, a contaminação provavelmente vem de peixes da baía comidos pelas aves. "Não há dúvida em relação ao impacto, mas ainda não sabemos que efeitos estão causando."
O estudo monitorou a qualidade da água e o nível de poluentes em quatro pontos de coleta: na entrada da baía, na saída do emissário, na Ilha Redonda (amais distante do litoral) e na Ilha das Palmas (a mais próxima da costa).
Monumento
Em 2010, o arquipélago foi transformado por lei federal em monumento natural, para preservar sua biodiversidade e beleza cênica. Criou-se, então, a primeira unidade de conservação marinha de proteção integral do litoral carioca. Realizada desde abril de 2011, a pesquisa tem o objetivo de apoiar a elaboração de um plano de manejo, feito pelo ICMBio. "Apesar de todos os problemas, existe uma biodiversidade muito rica que o carioca desconhecia", diz o coordenador do projeto, o biólogo marinho Carlos Rangel.
Foram identificadas até agora 170 espécies da flora, 51 de aves, 50 de algas, 135 de peixes e 157 de invertebrados bentônicos. Dos invertebrados, 7 provavelmente são novos para a ciência. Uma espécie de perereca Scinax (encontrada dentro de uma bromélia) e outra de inseto foram confirmadas como inéditas. Também houve o primeiro registro no Rio de duas espécies de aves, a curicaca e a gralha-do-campo.
O biólogo Massimo Bovini, do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, ficou responsável pelo inventário da flora. Ele é carioca, já trabalhou na Chapada Diamantina (BA), em Abrolhos (BA) e Fernando de Noronha (PE), mas nunca tinha pisado nas ilhas até o início do estudo.
Bovini encontrou no cume da Ilha Redonda uma espécie que era considerada extinta no Rio desde a década de 1940, a Gymnanthes nervosa. Três espécies são típicas do arquipélago: a bromélia Neoregelia cruenta, a clúsia e a palmeira-jerivá, que pode ser vista de Ipanema. "São as mais abundantes, os símbolos do monumento. Suportam um ambiente com vento forte, alta salinidade e exposição ao sol."
Outra espécie bem comum no arquipélago, a palmeira-guriri (Allagoptera arenaria), está em processo de extinção. Já o capim-colonião (Megathyrsus maxi-mus), de origem africana, tornou-se um problema, principalmente na Ilha Comprida, ocupando o lugar de plantas nativas.
Comunicação ICMBio – (61) 3341-9280 – com informações do Estado de S.Paulo