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Estudo finaliza recenseamento na Rebio Uatumã
Publicado em
15/01/2019 17h50
A construção da Usina Hidrelétrica de Balbina, situada a 146 km de Manaus, resultou na formação de um reservatório com mais de 3.500 ilhas de diferentes tamanhos, que ainda mantém parte da biodiversidade.
Um trabalho de longa duração vem sendo realizado na Rebio Uatumã e na zona de amortecimento. A Rebio Uatumã foi criada em 1990, cerca de um ano após o enchimento do reservatório da UHE Balbina. Foi uma compensação pelos grandes danos causados por essa hidrelétrica icônica, porque inundou uma grande área, cerca de 320 mil hectares de floresta. O Reservatório formou mais de 3.500 ilhas, de diversos tamanhos - algumas com menos de um hectare e outras com mais de mil - e níveis de isolamento pela distância que a água as separa. Assim, o reservatório e suas ilhas são um perfeito laboratório para estudar os efeitos da fragmentação sobre diversas populações. Um desses estudos analisa são os efeitos crônicos do isolamento sobre as árvores. Os estudos em andamento indicam que quando certas espécies de árvores morrem, são repostas por espécies pioneiras, fazendo com que os fragmentos percam em riqueza e biodiversidade.
A construção da Usina Hidrelétrica de Balbina, situada a 146 km de Manaus, resultou na formação de um reservatório com mais de 3.500 ilhas de diferentes tamanhos, que ainda mantém parte da biodiversidade que ali existia antes da inundação do rio Uatumã. A fim de compreender os impactos desta mudança da paisagem sobre a biodiversidade, pesquisadores de diferentes instituições têm realizado amostragens de fauna e flora em diversas destas ilhas e áreas de floresta contínuas vizinhas ao lago formado. Uma destas pesquisas visa monitorar as árvores existentes nestas ilhas ao longo tempo, a fim de compreender a dinâmica florestal destas áreas ─ isto é, acompanhar o nascimento, crescimento e mortalidade destas árvores ao longo do tempo.
O estudo é uma parceria de pesquisadores de diferentes instituições, incluindo a University of East Anglia (UEA), no Reino Unido, a Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus, Bahia) e a Universidade do Estado de Mato Grosso (Tangará da Serra, Mato Grosso), e conta com apoio logístico e financeiro da Reserva Biológica do Uatumã. Então estudante de doutorado da UEA, a pesquisadora Maíra Benchimol estabeleceu em 2012 um total de 87 parcelas permanentes de 250 X 10 m em 34 ilhas e três áreas contínuas. Com uma equipe de pesquisa, eles mensuraram o diâmetro à altura do peito das árvores com no mínimo 10 cm, assim como realizaram a identificação taxonômica de todos os indivíduos presentes em cada uma destas parcelas.
“Nós registramos 11230 indivíduos de árvores, de 368 espécies diferentes considerando todas as parcelas, o que representa um esforço fantástico de amostragem. Vimos que a distância das parcelas até a borda da ilha e o nível de fogo a qual estas ilhas foram submetidas representaram os fatores mais importantes para explicar o número de espécies de árvores encontradas”, explica Maíra, atualmente professora da UESC. Maíra e o professor Carlos Peres publicaram esta pesquisa na revista britânica Journal of Ecology, onde também demonstraram uma forte mudança nos grupos funcionais das espécies de árvores presentes nas bordas das ilhas em comparação aos encontrados no interior de grandes ilhas ou em áreas de floresta contínua.
“Nós registramos 11230 indivíduos de árvores, de 368 espécies diferentes considerando todas as parcelas, o que representa um esforço fantástico de amostragem. Vimos que a distância das parcelas até a borda da ilha e o nível de fogo a qual estas ilhas foram submetidas representaram os fatores mais importantes para explicar o número de espécies de árvores encontradas”, explica Maíra, atualmente professora da UESC. Maíra e o professor Carlos Peres publicaram esta pesquisa na revista britânica Journal of Ecology, onde também demonstraram uma forte mudança nos grupos funcionais das espécies de árvores presentes nas bordas das ilhas em comparação aos encontrados no interior de grandes ilhas ou em áreas de floresta contínua.
Cinco anos depois, os pesquisadores retornaram a estas mesmas ilhas e áreas de floresta contínua para realizar o monitoramento destas árvores. Num esforço conjunto de Maíra e da Profa Danielle Storck-Tonon (da UNEMAT), e com total apoio do identificador botânico Alexandro Elias dos Santos, do auxiliar de campo Evanir de Almeida Damasceno e do Gilmar Nicolau Klein, gestor Reserva Biológica do Uatumã, as pesquisadoras conseguiram re-visitar praticamente todas as parcelas amostradas em 2012.
“Apenas 4 parcelas não foram reamostradas devido à dificuldade de acesso à área. No entanto, conseguimos obter informações sobre os novos indivíduos recrutados, o crescimento e a mortalidade nas 83 parcelas anteriormente amostradas, assim como em 2 novas ilhas”, afirma Danielle. As pesquisadoras ainda não analisaram os dados, mas já conseguiram constatar uma alta mortalidade das árvores nas parcelas presentes próximas à borda. Como meta para os próximos meses, elas pretendem finalizar a amostragem nas 4 parcelas restantes, assim como preparar um novo manuscrito com os novos achados. “Esperamos compreender os efeitos que a construção de hidrelétricas na Amazônia causam sobre as árvores, um grupo biológico essencial para manutenção da estrutura e funcionamento das nossas florestas. Os resultados serão unidos com nossas outras pesquisas com mamíferos, aves, répteis, anfíbios, abelhas, formigas, opiliões e besouros, contribuindo para proposição de ações de conservação da biodiversidade dentro da Reserva Biológica do Uatumã”, sintetiza Maíra.
Comunicação ICMBio
(61) 20289280
“Apenas 4 parcelas não foram reamostradas devido à dificuldade de acesso à área. No entanto, conseguimos obter informações sobre os novos indivíduos recrutados, o crescimento e a mortalidade nas 83 parcelas anteriormente amostradas, assim como em 2 novas ilhas”, afirma Danielle. As pesquisadoras ainda não analisaram os dados, mas já conseguiram constatar uma alta mortalidade das árvores nas parcelas presentes próximas à borda. Como meta para os próximos meses, elas pretendem finalizar a amostragem nas 4 parcelas restantes, assim como preparar um novo manuscrito com os novos achados. “Esperamos compreender os efeitos que a construção de hidrelétricas na Amazônia causam sobre as árvores, um grupo biológico essencial para manutenção da estrutura e funcionamento das nossas florestas. Os resultados serão unidos com nossas outras pesquisas com mamíferos, aves, répteis, anfíbios, abelhas, formigas, opiliões e besouros, contribuindo para proposição de ações de conservação da biodiversidade dentro da Reserva Biológica do Uatumã”, sintetiza Maíra.
Comunicação ICMBio
(61) 20289280