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Estudo aponta vulnerabilidades da Amazônia
Pesquisa apresentada nesta sexta no ICMBio, em Brasília, mostra que, das 388 áreas protegidas distribuídas entre os países que abrigam o bioma, 112 enfrentam riscos por causa das ações do homem
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
Brasília (25/08/2017) - Maior ecossistema terrestre do planeta, a floresta amazônica é conhecida como “pulmão do mundo” por deter 56% da biomassa aérea, importante para o armazenamento de carbono, do globo. Além disso, 29% do volume de água doce em todo o planeta está na Bacia Amazônica. Entretanto, todo esse patrimônio está ameaçado e os seres humanos podem ser os maiores responsáveis.
Um estudo realizado pela WWF, apoiada pelo governo alemão, aponta as principais vulnerabilidades do bioma. Os resultados, que já foram apresentados em conferências ambientais em Paris (França), Havaí (EUA) e Cancún (México), foram mostrados nesta sexta-feira (25) a técnicos do ICMBio, em Brasília.
“Análise de Vulnerabilidade da Amazônia e suas áreas protegidas” é um estudo dentro da filosofia de Pan-Amazônia, capitaneada pela Rede Parques. “O principal intuito é pensar a Amazônia dentro de um contexto transnacional, pois é um bioma que agrega nove países sul-americanos”, disse o diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial do ICMBio, Cláudio Maretti.
“Não adianta um ou outro país cumprir suas metas se o bioma todo está ameaçado, pois temos de pensar de uma forma integrada”, explica a analista de serviços ecossistêmicos e clima da WWF Colômbia, Johanna Uribe, que apresentou o estudo ao ICMBio.
“No caso das vulnerabilidades, estamos pensando num contexto de adaptação de mudanças, de forma a gerenciar os planos de manejo, a proteção e as demais ações de manutenção para a conservação”, afirmou Maretti.
Expectativas otimistas apontam para um aumento entre 0,3ºC e 3ºC na temperatura da região. Estima-se que 12% do território amazônico vai experimentar mudanças climáticas severas. Esse aumento pode afetar o delicado equilíbrio ambiental da Amazônia, desregulando as precipitações, aumentando a ocorrência de secas e enchentes e influenciando nos processos ecológicos, como na ocorrência de determinadas espécies de fauna e flora em algumas regiões.
As populações tradicionais também podem ser severamente impactadas. Nas últimas décadas, as secas estão mais drásticas e as enchentes maiores, afetando diretamente as cheias dos rios, essenciais para a economia das comunidades ribeirinhas, extrativistas, indígenas e quilombolas.
“Isso empurra as comunidades de menor poder tecnológico agrário para o que chamamos de Amazônia firme, aumentando a pressão da agricultura em territórios não-desmatados e gerando conflitos com outras comunidades e até proprietários maiores”, disse Maretti.
Áreas Protegidas
As áreas protegidas têm um papel crucial no combate à ação antrópica (do homem) que compromete o bioma amazônico. Aproximadamente 27% possui algum nível de proteção, incluindo sítios Ramsar (zonas úmidas) e terras indígenas. Das 388 unidades de conservação em toda a Amazônia, 145 são de proteção integral. O Brasil é o campeão tanto no número de UCs como de área total protegida.
Entretanto, 112 dessas unidades estão classificados como risco alto ou muito alto. Há também o desafio de terras indígenas, que segundo Uribe necessitam de estratégias complementares de proteção.
Mas os principais desafios ainda estão no campo político. Uribe dá o exemplo recente da Colômbia, seu país de origem. “Agora temos um sistema forte de áreas protegidas, mas também temos muitos desafios, o processo de paz trouxe muitas mudanças de dinâmicas sociais e precisamos compreendê-las para combater riscos como desmatamento e mineração ilegal”, conta.
Além da estabilidade política, outros aspectos influenciam a coordenação de ações integradas de proteção como dados georreferenciados e a disponibilidade de informações de dados socioeconômicos, políticos e culturais. “Neste aspecto, o Brasil é destaque dentre os países sul-americanos”, enfatiza Uribe.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280