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Estação Ecológica de Maracá celebra 35 anos nesta quinta
É a primeira Esec do Brasil. Para marcar a data, exposição itinerante com fotos e outros materiais da unidade será aberta nesta quarta (1º de junho) no Pátio Roraima Shopping, em Boa Vista
Brasília (31/05/2016) – A Estação Ecológica (Esec) de Maracá, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), comemora 35 anos nesta quinta-feira (2 de junho). Patrimônio ambiental, histórico, cultural e científico de Roraima, é a primeira Esec criada no Brasil.
Para comemorar o aniversário, a Esec montou exposição itinerante com 35 fotografias, banners informativos, ossos de animais e caixas entomológicas (com coleções de insetos). A exposição será aberta amanhã (quarta-feira, 1º de junho) no Pátio Roraima Shopping, em Boa Vista (RR), e ficará no local para visitação durante todo o mês de junho, das 10h às 22h.
Nos meses seguintes, a exposição segue para as universidades, galerias e escolas. Ao final de cada mês, serão sorteadas cinco camisas comemorativa dos 35 anos da unidade e duas pessoas com acompanhante para visita educativa guiada de um pernoite na estação ecológica, que tem pouco mais de 100 mil hectares e fica entre os municípios do Amajari e Alto Alegre, no norte de Roraima.
Criação
A Estação Ecológica de Maracá foi criada no dia 2 de junho de 1981 pelo Decreto Federal nº 86.061. A ideia surgiu na Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema), órgão ligado à Presidência da República, dirigida então pelo ambientalista Paulo Nogueira Neto.
Ao ser informado no final da década de 70 do interesse de se construir um presídio na ilha de Maracá e conhecendo a importância ecológica das ilhas para conservação da biodiversidade, ele providenciou uma visita técnica e um sobrevoo ao local. Logo em seguida, propôs a criação na área Estação Ecológica de Maracá, juntamente com outras sete estações ecológicas. Até então, não existia no País nenhuma categoria de unidade de conservação voltada à pesquisa científica.
Desde 2005, a Estação Ecológica de Maracá vem recebendo apoio financeiro do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente, o que tem ajudado muito na sua manutenção.
A Esec de Maracá tem como missão “preservar o ambiente natural da terceira maior ilha fluvial do Brasil, que integra um arquipélago em uma zona de transição lavrado e floresta, com suas particularidades da fauna e flora, estimulando o desenvolvimento de pesquisas científicas e promovendo a conscientização ambiental e a integração com a sociedade.”
Informações ecológicas
A Esec de Maracá abriga um arquipélago com mais de duzentas ilhas, entre elas, a ilha Maracá, a terceira maior ilha fluvial do Brasil. A maioria dos arquipélagos fluviais é formada pela deposição irregular de material de fundo que viaja rio abaixo em dunas subaquáticas. Maracá é uma exceção à regra.
A configuração reta do canal ao norte da ilha de Maracá (Furo Santa Rosa) indica que a ilha foi formada por duas falhas neotectônicas adjacentes, uma que desviou parte do fluxo do rio Uraricoera ao nordeste e outra, perpendicular à primeira, que orientou o fluxo de volta ao canal principal
A unidade está inserida no bioma amazônico, em área de transição floresta-lavrado (savana). O relevo varia de 200 m a 400 m de altitude. Possui ecossistemas de floresta tropical úmida, floresta estacional semidecidual (floresta monodominante de roxinho - Peltogyne) e três categorias de lavrado (savana). Conta ainda com buritizais, vegetação sobre afloramentos rochosos e vegetação aquática em lagos sazonais.
A área protegida contribui para a conservação de 22 espécies ameaçadas de extinção, além de abrigar 125 novas espécies descritas pela ciência. A unidade possui atualmente uma lista de 1.124 espécies de plantas estudadas, entre vasculares e avasculares.
Mais de 1.900 espécies de invertebrados foram registradas na área da Esec. São quase 900 vertebrados até hoje identificados, sendo 220 espécies de peixes e 28 de anfíbios. Entre os répteis, são 66 espécies, incluindo as quatro espécies de jacarés que ocorrem na Amazônia. Há o registro ainda de 442 espécies de aves, 114 espécies de mamíferos, sendo 47 de morcegos e 15 de carnívoros.
A Estação Ecológica de Maracá é utilizada para alimentação, reprodução e permanência de diversas espécies migratórias de aves e peixes como os grandes bagres amazônicos (dourada e a piraíba), que em determinada época do ano necessitam dos ambientes de corredeiras para reprodução, sobrevivência e manutenção de suas populações.
Localização e estrutura
A sede da Esec Maracá fica na Ilha de Maracá, médio rio Uraricoera, norte de Roraima, nos municípios do Amajari e Alto Alegre. São 135 km de Boa Vista até lá. A sede conta com quatro alojamentos com banheiros, tendo capacidade de abrigar 24 pessoas em beliches.
Há ainda cozinha, refeitório, laboratório equipado com material para análises laboratoriais e um escritório com computador com acesso à internet via satélite, além de acervo de livros, artigos e teses sobre a estação ecológica.
Visitação educativa
A visitação com finalidade educativa é permitida e incentivada, desde que programada e monitorada (Art. 9° da Lei n° 9.985/2000). As escolas, universidades e os demais interessados deverão entrar em contato com a equipe gestora que orientará os procedimentos em cada caso.
No momento, está em elaboração um protocolo de visita educativa que possibilitará aos grupos fora da esfera escolar e demais organizações da sociedade civil conhecerem Maracá, buscando entender a importância da UC para a conservação da sociobiodiversidade.
Pesquisa
A Estação Ecológica de Maracá tem demonstrado um enorme potencial para se firmar como uma área chave para pesquisas sobre dinâmica de ecossistemas, por suas características de transição biofísica e por seu status de proteção.
Para apoiar a pesquisa, a unidade possui um sistema de trilhas com mais de 100 quilômetros, cuja construção teve início na década de 80. A trilha principal está sendo ampliada para possibilitar o acesso ao centro da Ilha, ainda pouco conhecido.
Além das trilhas principal e secundárias, a Estação Ecológica de Maracá dispõe ainda de 60 quilômetros de trilhas relacionadas ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Uma avaliação sobre as pesquisas realizadas na UC identificou “lacunas de conhecimento”, áreas sobre as quais há carência de informações. Pesquisas sobre esses temas devem ser incentivadas, como estudos com grandes felinos – Panthera onca (onça pintada) e Puma concolor (onça parda) –; e mamíferos aquáticos – Pteronura brasiliensis (ariranha), Lontra longicaudis (lontra) e Trichechus inunguis (peixe-boi)
E mais: limnologia (estudo das águas interiores) no meio biótico e abiótico; espécies ameaçadas; fungos, briófitas e pteridófitas; peixes e anuros; ecologia de savana e comportamento do fogo; e estudos de sociologia e antropologia – população do entorno da UC, alternativas de renda.
Os interessados em realizar pesquisas científicas na Esec Maracá devem utilizar o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio), do ICMBio. Veja em http://hom-pu.serpro.gov.br/icmbio/pt-br/sisbio/.
Ameaças
A biodiversidade constante no interior da Esec encontra-se relativamente bem protegida pela dificuldade de acesso e pelo isolamento natural das ilhas. No entanto, há registros de caça, pesca e incêndios florestais no entorno da unidade, o que, invariavelmente, afeta a área do interior da unidade de conservação.
Além desses fatores, o desmatamento no entorno pode promover a perda de conectividade da comunidade biológica, provocando a diminuição do fluxo gênico e podendo inviabilizar a manutenção dessas populações a longo prazo, prejudicando, desta forma, a diversidade biológica e a qualidade ambiental na região.
A atividade de extração ilegal de ouro na região acima da Estação Ecológica de Maracá, nos rios Uraricoera e Uraricaá, também tem preocupado a equipe gestora. Além do uso de mercúrio, os garimpeiros atravessam a unidade para acessar as áreas de garimpo, transportando gasolina, diesel, graxas e lubrificantes, perturbando e prejudicando fauna e flora.
Serviço:
Para mais informações sobre a Esec de Maracá: Rua Alfredo Cruz, 283, Centro, Boa Vista. Fone: (95) 3623 3250. (icmbio.gov.br; esecmaracarr.blogspot.com.br; facebook.com/maraca).
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280