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Encontro reúne saberes populares da caatinga
Publicado em
07/02/2018 12h39
Atualizado em
07/02/2018 16h53
Evento realizado no sertão de Pernambuco reuniu raizeiros, rezadores e parteiras da Chapada do Araripe.
O resgate, a valorização e a troca de saberes populares relacionados às práticas de cura ligadas à natureza, contribuindo para o fortalecimento do papel cultural da sabedoria tradicional, foram os objetivos do II Encontro de Saberes da Caatinga e Práticas de Cura da Chapada do Araripe realizado no município de Exu, no sertão de Pernambuco. O evento, que aconteceu de 19 a 28 de janeiro, reuniu raizeiros, rezadores e parteiras do Araripe.
Realizado pela Rede de Agricultores Experimentadores do Araripe, com apoio de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz, Associação Cristã de Base, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ibama, entre outras, o Encontro serviu para incentivar e manter vivas práticas de cura (algumas milenares) que não dependem do sistema biomédico. Nesta segunda edição do evento, foram oferecidos vários serviços, oficinas de agrofloresta, extração de óleos vegetais, primeiros socorros usando óleos essenciais, arteterapia, shiatsu, cromoterapia, aromaterapia e bioenergética.
Além de aproximadamente 80 raizeiros, rezadores e parteiras da região da chapada do Araripe, dos estados de Pernambuco e Ceará, participaram nos últimos três dias do evento cerca de 200 pessoas entre médicos, profissionais de saúde, representantes de instituições públicas, organizações não governamentais e aprendizes de várias partes do Brasil.
Segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Islândia Sousa, o encontro reforçou a política de práticas integrativas e complementares instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006. Essas práticas são caracterizadas pela Organização Mundial de Saúde como Medicina Tradicional ou Medicina Complementar. Esse termo significa um conjunto diversificado de ações terapêuticas que difere da biomedicina ocidental, incluindo práticas manuais e espirituais, com ervas, partes animais e minerais, sem uso de medicamentos quimicamente purificados, além de atividades corporais, como tai chi chuan, yoga, lian gong. Outros exemplos de PICs são: acupuntura, reiki, florais e quiropraxia.
"As práticas trabalhadas e saberes compartilhados durante o encontro, no âmbito da conservação da sociobiodiversidade, relacionam-se diretamente com objetivos de criação da APA Chapada do Araripe, como incentivar as manifestações culturais e contribuir para o resgate da diversidade cultural regional e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais, com ênfase na melhoria da qualidade de vida das populações residentes na APA e no seu entorno”, ressalta Flávia Domingos da APA Chapada do Araripe.
O evento foi apoiado pela Coordenação Geral de Populações Tradicionais (DISAT/ICMBio) através do Projeto PNUD, e contou com o envolvimento da APA Chapada do Araripe, ESEC Aiuaba, Flona Araripe-Apodi e Flona Negreiros. O analista ambiental do ICMBio Antônio Alencar, da Flona Negreiros, que trabalhou na concepção, organização e articulação nacional para realização do evento, tem experiência e grande dedicação ao estudo de plantas medicinais do cerrado e caatinga, inclusive já publicou um livro denominado Cordel de Plantas Medicinais do Cerrado.
* Com informações da Fiocruz de Pernambuco
Comunicação ICMBio
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