Notícias
Edital Caatinga apresenta resultados positivos
Durante seminário, pesquisadores e gestores avaliaram projetos e propuseram ações
Brasília (06/11/2013) – Gestores de nove unidades de conservação da Caatinga e pesquisadores de pelo menos dez instituições de pesquisa estiveram reunidos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de 29 de outubro a 1º de novembro, durante o 2º Seminário de Avaliação e Acompanhamento da Chamada CNPq/ICMBio 13/2011 de projetos de pesquisa em unidades de conservação do bioma Caatinga, ou simplesmente Edital Caatinga.
O seminário teve como objetivos a integração dos projetos entre si e com os gestores de UC, avaliação final dos projetos, ampliação da divulgação dos resultados, sugestões para o aprimoramento de ações de fomento à pesquisa envolvendo UC e o planejamento de um livro que deve ser publicado em 2015, com resultados dos projetos e reflexões sobre a relação entre pesquisa, manejo e conservação no Brasil e em especial na Caatinga.
Edital Caatinga
Fruto de parceria do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o edital contou com recursos de compensação ambiental do projeto de transposição do rio São Francisco, no montante de R$ 3,4 milhões. O objetivo foi apoiar projetos de pesquisa científica e tecnológica que visem o manejo, o uso e a conservação da biodiversidade e a proteção do patrimônio cultural e dos recursos naturais em unidades de conservação e seu entorno no bioma Caatinga.
Dentre as diretrizes do edital tiveram destaque geração de conhecimento aplicado às demandas para conservação, manejo e uso sustentável da biodiversidade, dos patrimônios espeleológico, arqueológico e cultural; pesquisas sobre conservação e manejo da biodiversidade do bioma Caatinga, particularmente das espécies ameaçadas, processos ecológicos e evolutivos a elas associados e a manutenção dos serviços ambientais; e subsídios à avaliação da efetividade e representatividade das unidades conservação.
Ênfase também foi dada à disseminação de soluções de manejo e subsídio à tomada de decisão e democratização do conhecimento. Era uma grande expectativa, atendida pelo edital, o fortalecimento da capacidade regional de pesquisa em UC e seu entorno no bioma Caatinga e a integração dos projetos de pesquisa com instituições de pesquisa localizadas na região Nordeste, de modo a se alcançar impacto de longo prazo na relação entre pesquisa, manejo e conservação neste bioma e nestas UC.
Foram selecionados 16 projetos, que abarcaram as nove unidades beneficiárias do recurso: as estações ecológicas de Aiuaba (CE), do Seridó (RN) e do Raso da Catarina (BA), e os parques nacionais da Serra da Capivara (PI), Serra das Confusões (PI), de Sete Cidades (PI), Ubajara (CE), do Catimbau (PE) e da Chapada Diamantina (BA). Os projetos foram coordenados por 16 pesquisadores de renome vinculados à UFRN, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFCE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com diversas outras parcerias.
Resultados
Como resultados gerais constata-se que ainda existe uma grande diversidade escondida na Caatinga. Foram encontradas 90 novas espécies de invertebrados, três novos peixes, seis novos anfíbios e répteis, quatro novas plantas e grande diversidade críptica, detectada por técnicas moleculares. Houve incremento na riqueza conhecida para as UC com destaque para 20% de aumento da diversidade de peixes das bacias, grupo este ainda mal representado nas áreas protegidas. Aumentou-se o conhecimento sobre espécies ameaçadas de extinção, subsidiando avaliações do estado de conservação e elaboração de planos de ação. E evidenciou-se a importância das UC como hábitats para reprodução e alimentação de espécies migrantes e como área de refúgio e área fonte, em regiões muitas vezes degradadas, tendo sido as capoeiras de caatinga associadas à agricultura itinerante identificadas como hábitats muito importantes para diversos grupos de plantas e animais.
As ameaças diagnosticadas no entorno e no interior das UC abrangem queimadas, a presença de ovinos e caprinos, processos de eutrofização, desertificação, contaminação com fertilizantes, espécies invasoras, extração de lenha, caça, problemas fundiários, invasão, esgotamento do solo, em um cenário de aridização que tende a pressionar cada vez mais as unidades de conservação, exigindo crescente articulação entre pesquisa e efetivo manejo.
A situação crítica das UC da Caatinga e do próprio bioma levou os pesquisadores e participantes do seminário à elaboração da "Carta pelas Unidades de Conservação da Caatinga", evidenciando a urgência no número de técnicos e melhor estrutura e mais conhecimento de modo a dar conta de imensos desafios de gestão e conservação.
Foi consenso entre os pesquisadores que o edital foi um estímulo enorme e em muitos casos fundamental para a atuação consistente dos grupos de pesquisa no bioma, em projetos tão focados em conservação. A interação com os gestores teve um salto, e programam-se seminários e outros fóruns regionais para ampliação e permanência dos resultados alcançados. Centenas de alunos de graduação e pós-graduação foram envolvidos. Houve sucesso na captação de novos recursos a partir deste edital, fortalecendo a atuação dos grupos nessas UC. Foram estabelecidas grades permanentes de pesquisa em duas UC – Estação Ecológica de Aiuaba e Parque Nacional do Catimbau –, com articulação de diversos grupos de pesquisa. Dezenas de produtos de divulgação foram elaborados.
Houve aprendizado neste processo por parte de todos os participantes. O comitê avaliador, composto pelos renomados pesquisadores Waldir Mantovani (USP), Ricardo Monteiro (UFRJ), Luiz dos Anjos (UEL) e Martha Marandino (USP), elaborou uma série de recomendações para aprimoramento dos próximos editais, incluindo parcerias para a divulgação científica e educação ambiental e ainda maior investimento no fortalecimento institucional regional.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280