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Desbaratada quadrilha que extraía madeira de Gurupi
Grupo atuava no interior da reserva biológica do ICMBio e na Terra Indígena Caru, ambas no Maranhão. Foram cumpridos 21 mandados de prisão e suspensa a certificação de 44 madeireiras
Brasília (18/07/2016) - A Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram operação com o objetivo de combater grupo criminoso ligado à extração e comercialização de grandes quantidades de madeira da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi e da Terra Indígena (TI) Caru, ambas no Maranhão. A retirada ilegal de madeira das duas unidades chega a 120 mil m3 por ano, o equivalente a cerca de 30 mil árvores, segundo estimativa da movimentação nas serrarias do entorno.
Durante a operação, denonominada Hymenaea, que foi realizada há quatro dias, os servidores da PF e do Ibama, com o apoio de três aeronaves e de explosivistas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de Brasília e do Rio de Janeiro, cumpriram 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 de prisão temporária, 56 de busca e apreensão, além da suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras nas cidades de São Luís, Imperatriz, Buriticupu, Açailância, Zé Doca, Alto Alegre do Pindaré, Bom Jardim, Governador Nunes Freire, todas no Maranhão.
A operação se estendeu ainda para cidades do Rio Grande do Norte (Tibau, Mossoró, Parnamirin e Natal) e Ceará (Capuí). Na Rebio Gurupi, os trabalhos foram acompanhados pelos gestores da unidade de conservação, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
As serrarias e os equipamentos foram destruídos no local. Segundo o coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama, Roberto Cabral, uma ação mais enérgica, com a destruição das 21 serrarias, é a última e mais adequada medida, pois várias delas já haviam sido autuadas, embargadas e desmontadas, mas voltaram a funcionar.
De acordo com o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, a operação é resultado da parceria com a PF no Maranhão, que desarticula mais uma quadrilha do crime organizado, tendo como resultado a redução da pressão sobre a floresta.
Extração ilegal
A organização criminosa atuava extraindo madeira ilegalmente das reservas, que era esquentada por meio de documentação fraudulenta. Um integrante da quadrilha era o responsável por emitir documentos destinados a microempresas laranjas cadastradas como construtoras em pequenas cidades no interior do Rio Grande do Norte, sendo que o real objetivo da manobra era desviar a madeira para receptadores em todo o Nordeste.
A exploração ilegal causa danos ambientais nos últimos remanescentes da floresta amazônica na região nordestina. De acordo com a PF, o grupo teria movimentado pelo menos R$ 60 milhões. Segundo Roberto Cabral, a degradação ambiental causada pelos cortes torna as áreas mais sujeitas a incêndios florestais, como o que ocorreu em 2015 na TI Araribóia. “Outro dano silencioso é a morte de animais com a caça ilegal pelos infratores.”
As autoridades sequestraram mais de R$ 12 milhões de diversas pessoas físicas e jurídicas, provenientes da lavagem do dinheiro auferido com a extração ilegal da madeira.
Crimes
Os investigados responderão por crimes como participação em organização criminosa, lavagem de capitais, roubo de bens apreendidos, obstar a fiscalização ambiental, desmatamento na Terra Indígena Caru e na Reserva Biológica do Gurupi, receptação qualificada, ter em depósito produto de origem vegetal sem licença válida, corrupção ativa, tráfico de influência, dentre outros.
A reserva indígena de Caru é abrigo de aldeias isoladas da etnia Awa. Essas aldeias foram contatadas recentemente e ganharam distinção internacional como uma das últimas isoladas da região nordestina.
A operação foi batizada de HYMENAEA em referência ao gênero de uma das espécies exploradas ilegalmente na Terra Indígena Caru e na Reserva Biológica do Gurupi., o jatobá (Hymenaea courbaril).
Operação Lignum
Em março deste ano o Ibama, em conjunto com a PF, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério Público Federal (MPF), realizou a Operação Lignum (madeira em latim) para coibir o roubo de madeira de unidades de conservação e terras indígenas no Maranhão. A ação resultou na prisão de 11 pessoas e na desativação de dez serrarias ilegais, localizadas no entorno das TIs Alto Turiaçu, Caru e Awá, além da Rebio do Gurupi.
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