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Defeso salva tartarugas marinhas, mas é preciso ir além
Alerta é do Tamar que defende novas medidas de proteção
Brasília (07/02/2012) – Com o término de mais um período de defeso, quando a pesca de arrasto de camarão fica suspensa temporariamente, o coordenador regional do Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha (Tamar) em Sergipe, engenheiro de pesca Cesar Coelho, faz um alerta: pescadores, instituições envolvidas com essas atividades e a sociedade em geral precisam trabalhar para ampliar as medidas de proteção complementares ao defeso. O Tamar pertence ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com o coordenador, é preciso cobrar dos órgãos fiscalizadores uma presença maior na região para desestimular o não cumprimento das normas. Só assim é possível ampliar as chances de sustentabilidade dessa atividade e, ao mesmo tempo, garantir um meio ambiente mais equilibrado de interação com as tartarugas marinhas, que precisam alcançar livremente os locais de postura.
Para se ter uma ideia da situação, em apenas 15 dias, após o término do defeso de verão foram registradas 36 tartarugas olivas (Lepidochelys olivacea) mortas, entre o Pontal do Peba (AL) e Sítio do Conde (BA), enquanto que nos 45 dias do período total de defeso foram identificadas 21 olivas adultas mortas.
“Isso comprova que o defeso salva tartarugas marinhas, mas não é o suficiente para resolver os problemas da interação entre esses animais e a pesca de arrasto de camarão”, afirma o coordenador do Tamar.
AMEAÇAS - A mortalidade das tartarugas marinhas, por conta da sua interação com as atividades pesqueiras (costeiras ou oceânicas), é uma das principais ameaças às populações desses quelônios (animais com casco), sobretudo no período reprodutivo, quando compartilham a mesma área utilizada pela pesca de arrasto de camarão e alguns tipos de rede de emalhe. A interação é mais significativa para as populações da espécie oliva, a menor tartaruga marinha do litoral brasileiro, cuja população se encontra em recuperação e, por isso mesmo, cada vez mais fêmeas chegam para a desova.
Desde o final da década de 90, a base do Tamar em Sergipe registra um número cada vez maior de fêmeas adultas da espécie oliva, em fase reprodutiva, aproximando-se cada vez mais das áreas ocupadas pelos barcos pesqueiros. Com isso, ao longo do tempo, os índices de morte incidental de tartarugas pela pesca foram crescendo rapidamente.
O Tamar passou a atuar, juntamente com as instituições governamentais (Ibama, Cepene, Ministério Público e Marinha), as comunidades e as empresas de pesca, no sentido de buscar soluções para minimizar a situação, no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas.
Desse esforço nasceram algumas medidas importantes. Inicialmente, foram criadas áreas de exclusão de pesca. Em seguida, houve a ampliação do período de defeso, que passou de 50 dias/ano para 90 dias/ano, dividido em duas etapas: um entre 1º de abril e 15 de maio e outro entre 1º de dezembro e 15 de janeiro – este último conhecido como defeso de verão, que coincide com um dos picos reprodutivos das tartarugas oliva.
Comunicação do ICMBio
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