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Centro registra 1.350 araras-azuis-de-lear na natureza
Contagem realizada pelo ICMBio e parceiros no Raso da Catarina (BA) mostra que populações da espécie ameaçada de extinção estão se restabelecendo, principalmente em áreas protegidas
Brasília (11/10/2017) – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e parceiros realizaram censo anual de araras-azuis-de-lear (
Anodorhynchus leari
) no Raso da Catarina, Bahia. O objetivo foi atualizar os dados sobre a população da espécie, ameaçada da extinção e endêmica (exclusiva) da região. Ao final das contagens, foram registradas 1.354 araras na natureza.
A atividade fez parte do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Aves da Caatinga e foi realizada entre os dias 19 e 22 de setembro em três dormitórios utilizados pela espécie: sul da Estação Ecológica (Esec) do Raso da Catarina (paredões da Serra Branca), Reserva Biológica (Rebio) de Canudos (RPPN de propriedade da Fundação Biodiversitas) e paredões da Baixa do Chico (comunidade indígena da etnia Pankararés). A primeira localidade situa-se no município de Jeremoabo, a segunda em Canudos e a terceira no município de Rodelas.
O censo envolveu seis contagens realizadas simultaneamente nos três dormitórios, sendo três ao amanhecer, quando as araras acordam e saem para as áreas de alimentação, e três ao entardecer, no momento em que as araras retornam das áreas de alimentação. Foi utilizado o método de contagem em pontos fixos, totalizando onze pontos, sendo sete na Esec Raso da Catarina, três na Rebio de Canudos e um na Baixa do Chico. Para reduzir possíveis erros, os censeadores utilizaram binóculos, rádios de comunicação e máquinas fotográficas.
O censo contou com a participação de servidores do ICMBio, colaboradores eventuais, voluntários, servidoras do Instituto Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Inema/BA) e funcionários da Fundação Biodiversitas. Os recursos foram viabilizados pelo ICMBio, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e Inema. Antes do censo, nos dias 16 e 17 de setembro, o biólogo Aílton Carneiro de Oliveira, do ICMBio/Cemave-DF, ministrou curso sobre Técnicas de Censo de Aves para os voluntários que estavam participando da atividade pela primeira vez.
“É importante realizar o monitoramento populacional da arara-azul-de-lear anualmente, não apenas para avaliação de tendências populacionais, mas também para verificar se as ações de conservação previstas para a espécie no PAN das Aves da Caatinga estão surtindo efeito”, disse Emanuel Barreto, analista ambiental do Cemave.
Segundo Sara Alves, coordenadora de Flora e Fauna do Inema/BA, os resultados do censo demonstram que as populações estão se restabelecendo, em especial nas áreas protegidas da região do Raso da Catarina. “É a primeira vez que o Instituto participa de uma ação de manejo como essa em colaboração com o órgão federal. Aprendemos em especial que as comunidades locais são as maiores parceiras da conservação. Foi enriquecedor ouvir Dorico, filho do primeiro caboclo que viu a Leari na região e relatou ao pesquisador, o alemão Helmut Sick, o quanto ele ama trabalhar e dedicar seus dias pra ajudar a conservar as araras azuis”, pontuou.
Para a voluntária Maria Eduarda Gomes, o censo foi uma experiência peculiar para os voluntários, especialmente para os biólogos. “Na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Campus de Paulo Afonso, não tivemos oportunidade de receber muitas aulas práticas durante o curso de Biologia. Desse modo, o censo valeu muito pois supriu essa deficiência. Foi um privilégio conhecer o Raso da Catarina e a arara-azul-de-lear em seu habitat natural”.
Para João Andrade dos Santos, lotado na Unidade Avançada de Administração e Finanças (UAAF-1), do ICMBio, em Cabedelo (PB), a cooperação da Coordenação Regional 6 e da UAAF-1 em apoio ao Cemave neste censo da arara-azul-de-lear foi muito importante. “Somente quando unimos forças é que superamos as carências financeiras e de recursos humanos e conseguimos executar melhor as atividades do ICMBio”, afirmou ele.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações de Antônio Emanuel Alves de Sousa, analista ambiental do Cemave