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Centro conserva e recupera mamíferos aquáticos
Homem levou espécies de peixes-boi à condição de "criticamente em perigo"
Homem levou espécies de peixes-boi à condição de "criticamente em perigo"
João Freire
joao.freire@icmbio.gov.br
Itamaracá, PE (14/08/2014) — No Brasil, existem duas espécies de peixes-boi – o marinho e o amazônico – ambas ameaçadas de extinção. Apesar do nome, os peixes-boi são mamíferos, da ordem dos Sirênios. A ação humana, através da caça e da poluição dos mares e rios, foi o principal fator que levou as espécies à condição de "criticamente em perigo", segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A perda de habitat e a degradação ambiental agravam esta situação e, além disso, as fêmeas da espécie geram apenas um filhote a cada três ou quatro anos, mais um obstáculo para o trabalho de conservação.
Saiba mais sobre o peixe-boi
O Centro Mamíferos Aquáticos (CMA/ ICMBio), sediado em Itamaracá (PE), tem a função de coordenar, executar e apoiar projetos de pesquisa, conservação e manejo de mamíferos aquáticos (Sirênios, Grandes Cetáceos e Pinípedes, Pequenos Cetáceos e Toninha) e mantém o Projeto Peixe-boi. O CMA participa da Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Brasil (REMAB) e desenvolve bancos de dados nacionais e internacionais sobre pesquisas e projetos de conservação e manejo destes animais.
"O trabalho realizado pelo CMA na conservação de peixe-boi é referência nacional e internacional", destaca o Coordenador-Geral de Manejo para Conservação da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (DIBIO/ICMBio), Ugo Vercillo. "Mas, existem outras 54 espécies de mamíferos aquáticos que requerem a atenção do Centro e, portanto, devemos ampliar sua atuação nas medidas de conservação de cetáceos e ainda contribuir fortemente para a implementação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul", conclui o coordenador.
Saiba mais sobre o CMA
RESGATE DE ANIMAIS
As instituições que compõem a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Nordeste (REMANE), fazem o resgate de animais encalhados. "Geralmente, são filhotes que se perdem da mãe e acabam encalhando e necessitam serem resgatados. Inicialmente, caso o animal esteja saudável, faz-se uma tentativa de busca da mãe no local de encalhe. Caso não se tenha sucesso na tentativa, o animal é transferido para cativeiros do CMA/ICMBio (em Pernambuco) ou de parceiros, como a Aquasis (Ceará) e Projeto Cetáceos da Costa Branca/UERN (Rio Grande do Norte)", explica Fernanda Attademo, coordenadora substituta do CMA.
Após um período em cativeiro, os animais reabilitados são devolvidos para a natureza e monitorados por cerca de ano. Dos 89 animais vivos resgatados pelo CMA, 36 voltaram para o habitat natural e 25 animais saudáveis permanecem em Itamaracá. Estes dados indicam 73% de sucesso na reabilitação dos peixes-boi.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Nas regiões em que vivem os peixes-boi, o CMA promove a educação ambiental nas comunidades, orientando os moradores locais sobre a importância de cuidar dos animais. "Geralmente, essas comunidades respeitam os animais. Mas, na Amazônia, a caça ainda é um problema", alerta a coordenadora substituta. "Algumas comunidades têm a conservação do peixe-boi marinho como uma das principais fontes de renda. Entre elas, Porto de Pedras (AL) que adotou o peixe-boi como símbolo da cidade e tem uma oficina de pelúcias, além de trabalhos constantes com a comunidade", afirma Fernanda. Na Ilha de Itamaracá, o CMA é o maior atrativo e a principal fonte de renda de turismo, além de ser um dos maiores empregadores da ilha.
O Centro Mamíferos Aquáticos também faz ações de educação ambiental com estudantes de todas as idades. Mais de 9 mil alunos – de escolas e de faculdades – visitaram o CMA, em 2013. As visitas são agendadas e guias especializados acompanham os grupos. Os visitantes assistem a dois vídeos (um sobre cetáceos e outro sobre sirênios), visitam o museu e os tanques onde ficam os animais em reabilitação. Estudantes de escolas públicas são isentos de pagamento de entrada.
Os estudantes de nível superior podem ser atendidos por técnicos (biólogos ou veterinários) e visitar áreas de trabalho restritas com demonstração das atividades dos profissionais das áreas afins. Os universitários podem atuar como voluntários no CMA.
PARTICIPE DA PRESERVAÇÃO
Dicas para quem quer ajudar a proteger o peixe-boi marinho:
Não jogue lixo nas praias e rios.
Mantenha áreas de mangue. Elas são fonte de alimentação para os peixes-boi.
Pratique pescas sustentáveis e artesanais.
Trafegue devagar com embarcações nas áreas em que há ocorrências de peixes-boi.
Se encontrar um animal encalhado, ligue para o CMA/ICMBio e evite tocar no animal.