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Cenap participa de Fórum Jaguar 2030 na ONU
Evento discutiu conservação da onça-pintada, também chamada de jaguar e acordos entre países até 2030.
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
O evento reuniu países que abrigam populações de onças-pintadas, o maior felino das Américas como Brasil, Argentina, Belize, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. Neste ponto, o Brasil possui importância destacada no papel de conservação, visto que é aqui que se concentram as maiores populações de onças-pintadas. Ao mesmo tempo, nós também enfrentamos grandes desafios em nossas terras. Aqui as onças-pintadas também estão em perigo de extinção, especialmente na Mata Atlântica, que pode ser o primeiro bioma tropical a ter sua população de onças-pintadas extintas na natureza.
Um dos principais pontos da participação brasileira é o trabalho integrado que os nossos cientistas vêm desenvolvendo com países como Argentina e Paraguai. “O Brasil tem desenvolvido mapeamento de áreas importantes da Mata Atlântica em parceria com Argentina e Paraguai, tanto na integração científica, mas principalmente com integração política dos dados obtidos tanto por nós quanto por eles”, ressalta o coordenador do Cenap, Ronaldo Morato. Ele também destacou os produtos de alta qualidade apresentados pelo Brasil num esforço que congrega Governo Federal e entidades parceiras, como ONGs e Universidades.
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) é o responsável pela coordenação do Plano de Ação Nacional (PAN) da onça-pintada, um dos primeiros transversais do país. Atualmente, o PAN das onças-pintadas está em seu segundo ciclo (que será concluído em 2020). “Isso só evidencia a importância que a questão está sendo dada no país e os avanços que obtivemos no primeiro ciclo”, resume Morato.
Felinos em perigo
A categoria dos “Quatro Grandes” é um grupo muito específico dentro de uma das famílias de predadores mais exitosas do planeta. Ele é composto, por ordem de tamanho, por tigres, leões, onças-pintadas (ou jaguares) e leopardos.
Os tigres (Panthera tigris) são os maiores felinos sobre a terra, pesando cerca de 300 kg. Este animal habita desde selvas do Sudoeste Asiático às florestas boreais e a neve da Sibéria. Segundo a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) todas as subespécies correm algum perigo de extinção: três em perigo crítico (tigre-do-sul-da-china, tigre malaio e tigre-de-sumatra) e as outras três em perigo (tigre-siberiano, tigre-da-indochina e tigre-de-bengala). Em menos de 70 anos, o mundo viu desaparecer duas outras subespécies: tigre-de-bali e o tigre-de-java. Solitários, eles precisam de amplos territórios sem entrar em conflito com outro indivíduo. A perda de habitats para a ocupação humana e a diminuição de suas presas naturais são as grandes causas desses felinos listrados terem distribuição cada vez mais fragmentada. Atualmente, cerca de 4.000 indivíduos habitam o planeta.
Os leões (Panthera leo) vivem especialmente nas savanas africanas e nos ambientes desérticos ao Norte da África, mas há populações restritas na Índia. O rei das selvas, porém, já caminhou até pela Europa, antes de ter seu território sufocado. A caça sistemática e a consequente erradicação desses felinos ocorre há séculos, desde o Império Romano, onde eram utilizados nas lutas de gladiadores. De acordo com a IUCN, esses gigantes que podem pesar até 250 kg, estão classificados como vulneráveis, porém algumas espécies apresentam níveis de conservação ainda mais críticos, já que o declínio populacional está entre 30 a 50% nos últimos anos e as populações mais isoladas com a fragmentação de territórios.
Os leopardos (Panthera pardus) é o quarto maior felino do mundo e são muito semelhantes às onças-pintadas, embora ligeiramente menores. Habitam as selvas do sul da Ásia e também estão presentes na África Subsaariana. Já estiveram no extremo Norte e Sul da África e também em partes do Oriente Médio e no Extremo Oriente Asiático. Sendo um dos “grandes” menor e mais esguio, essa espécie é muito conhecida por serem ótimos em escalar árvores onde podem apreciar sua refeição sem o incômodo de outros predadores. Embora classificado pela IUCN como “Vulnerável”, algumas subespécies como o leopardo-da-anatólia, leopardo-de-amur e o leopardo-de-java se encontram à beira da extinção.
Em comum com a nossa onça-pintada, todos os seus grandes parentes felinos estão ameaçados pela expansão territorial, a caça esportiva e o embate com seres humanos. Devido à fragmentação dos territórios e a ausência de corredores ecológicos, esses felinos não têm por onde atravessar senão por território humano, onde ficam sujeito ao abate. Esses são os principais motivos pelos quais os grandes gatos, outrora reis e rainhas em seus habitats, agora estão cada vez mais encurralados em seus próprios impérios.
Comunicação ICMBio
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