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Cemave realiza marcação e censo de aves migratórias
Publicado em
22/01/2019 18h24
Expedição foi realizada no Parque Nacional da Lagoa do Peixe no Rio Grande do Sul.
Entre os dias 6 e 17 de janeiro, foi realizada uma expedição de pesquisa das aves migratórias no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, do Projeto de monitoramento de aves Cemave/GEF Mar. A expedição contou com a colaboração de pesquisadores do Cemave, Ceclimar/URGS, FURG, UFAL e USP e apoio da equipe do Parque. Durante dez dias, a equipe permaneceu acampada na Barra da Lagoa do Peixe e realizou censos de aves limícolas e marinhas, além da capturas das aves nos ambientes de campos, praia arenosa e lagunar.
Além do censo, a expedição teve como objetivo principal a captura de aves migratórias para biometria, coleta de amostras biológicas e marcação com anilhas e bandeirolas. Com as informações biométricas e amostras, os pesquisadores buscam levantar informações sobre as condições fisiológicas e nutricionais das espécies migrantes, existência de vírus, parasitas e patógenos nos indivíduos e outras que permitam compreender melhor aspectos da biologia e ecologia das espécies, e principalmente que possam auxiliar na conservação das espécies.
Cerca de 9.000 aves limícolas de pelo menos 12 espécies foram registradas nos censos realizados na Lagoa do Peixe na ocasião, sendo a mais abundante o maçarico de sobre-branco Calidris fuscicollis. As capturas foram feitas com rede de neblina colocadas à noite e também realizadas durante o dia com rede de elástico (whooshnet). Cada ave capturada recebeu uma anilha metálica Cemave e uma bandeirola azul do Programa Pan-Americano de Aves Limícolas (PASP)- indicando que foi marcada no Brasil, antes da sua soltura. Nos próximos meses e anos, a sua recuperação e a visualização da bandeirola poderá gerar informações importantes sobre o deslocamento e destino das aves. As amostras coletadas se destinam a diferentes estudos, com destaque aos estudos virológicos conduzidos na USP e para a pesquisa de doutorado do pesquisador Fernando Faria, da FURG, que investiga aspectos da ecologia trófica das aves limícolas migratórias ameaçadas e representadas no Parque.
Censos são realizados periodicamente
Os censos de aves limícolas já vem sendo realizados periodicamente e fazem parte do monitoramento das espécies prioritárias do Parque Nacional. O monitoramento vem sendo implantado de forma padronizada com apoio do projeto GEF Mar e, inicialmente, feito de forma sistemática no ambiente de praia, mas foi ampliado para os ambientes de campo e lagunar. O conhecimento de quais as aves e como elas vem utilizando o Parque Nacional ao longo do ano são subsídios importantes para a gestão da unidade de conservação e eventuais ações de manejo para a sua conservação. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe foi criado com o objetivo de proteger as aves migratórias e seus habitats, e é reconhecido internacionalmente como um sítio da Rede Hemisférica de Reservas de Aves Limícolas Migratórias.
Os censos contribuem também para o conhecimento das tendências do grupo das aves limícolas ao longo das Américas, em seu deslocamento pelas rotas migratórias através do intercâmbio de informações com outros grupos e instituições de pesquisa atuando em outros pontos de parada, invernada e reprodução das aves nas Américas, explica Danielle Paludo, analista ambiental do Cemave e coordenadora do PAN Aves Limícolas Migratórias. Segundo ela, essa articulação vem sendo desenvolvida pelo Cemave/ICMBio através da participação na Iniciativa Pró-Aves Limícolas Migratórias na Rota Atlântica e do Comitê da Rede Hemisférica.
O grupo das aves limícolas migratórias é destacado por, além da excepcional capacidade para migração, vir apresentando contínuo e acentuado declínio populacional de praticamente todas as espécies. A preocupação com essa diminuição e com o risco de extinção das aves limícolas migratórias fez com que o grupo se tornasse prioritário para a Convenção de Espécies Migratórias (CMS), acordo que o Brasil ratifica, e que o Ministério do Meio Ambiente, através do ICMBio, tenha promovido um Plano Nacional para a sua Conservação (PAN).
O desafio de conservação do grupo é grande, pois são espécies que possuem um ciclo de vida que envolve diferentes países e latitudes entre os sítios reprodutivos, geralmente no Ártico, sítios de parada e invernada- geralmente no Hemisfério sul. Eles enfrentam caça, perturbação e destruição de habitat, contaminação dos alimentos e efeitos do aquecimento global , entre outras ameaças. Recentemente os pesquisadores tem levantado hipóteses que parte das populações não tem conseguido realizar a reposição energética requerida para as migrações – e por isso as avaliações fisiológicas são importantes em áreas como o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. "Esse é um sítio onde o Cemave realiza marcação e biometria das aves há muitos anos, e a comparação com os dados pretéritos pode gerar resultados importantes para a conservação, sendo este um dos trabalhos propostos pelo projeto GEF Mar para o Parque e para o PAN", ressalta Danielle.
Próxima expedição será no Parque Nacional da Restinga Jurubatiba
Ainda nessa temporada de invernada das aves migratórias no Parque da Lagoa do Peixe, que se encerra em abril, estão previstas outras duas expedições para monitoramento e pesquisa das aves no Parque, dessa vez organizadas por parceiros e com participação do Cemave. Em abril o Cemave planeja realizar expedição semelhante no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, importante ponto de parada das aves rumo ao norte. As parcerias e cooperações interinstitucionais e o apoio e envolvimento das equipes das Unidades de Conservação tem se mostrado a melhor estratégia da promoção de conhecimento das espécies prioritárias e perspectiva de continuidade dos trabalhos a longo prazo.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280