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CAETÉ-TAPERAÇU: USO SUSTENTÁVEL DO MANGUEZAL
A convivência de extrativistas com recursos do litoral paraense é pacífica
Sandra Tavares
sandra.tavares@icmbio.gov.br
Brasília (14/04/2014) - Assim é a Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, em Bragança, litoral do Pará. Criada em maio de 2005 e já contando com Plano de Utilização em novembro do mesmo ano, os representantes das comunidades extrativistas participaram ativamente do processo de definição de como se dão os usos dos recursos permitidos dentro da reserva.
Em 2013, a Resex teve seu Plano de Manejo aprovado e começando a vigorar. Como Resex Marinha, os principais recursos naturais utilizados pelos extrativistas são provenientes dos ecossistemas do manguezal, restingas, praias, ilhas costeiras, estuários, igarapés e campos naturais.
Das florestas de mangue, por exemplo, são extraídos o caranguejo-uçá – a fonte de alimento e renda de quase duas mil famílias envolvidas em atividades que vão da captura ao beneficiamento.A extração de madeira dos manguezais também ocorre, só que de maneia seletiva e mediante autorização, com foco na confecção dos petrechos, ranchos de pesca (residência temporária dos pescadores), e lenha (parte seca das árvores coletadas).
Das árvores do mangue são utilizadas ainda diferentes partes da planta com finalidades medicinais. Das árvores mortas são ainda explorados o turu, um molusco com aparência vermiforme, muito apreciado e prestigiado pelo seu sabor e suas propriedades terapêuticas. São exploradas, ainda, coméias nativas para extração de mel.
Já das matas de restinga são explorados diversos frutos e sementes, tais como: caju, ajiru, babaçu, muruci, bacuri, coco entre outros, além do uso seletivo da madeira também.
Nos rios da região, onde mais de 60 espécies de peixe são explorados economicamente, além de seus estuários, campos salinos, praias e ilhas são desenvolvidas diversas técnicas de pesca tradicional, com redes-de-emalhe, espinhéis (várias linhas com anzóis), armadilhas como o muzuá e curral-de-pesca.
A comunidade extrativista se envolve em diferentes modos de produção, tais como o repasse a atravessadores/ marreteiros fixos, até a venda direta ao mercado consumidor mais próximo (Bragança/PA).
Também são feitas trocas entre produtos da pesca por produtos da agricultura familiar, além da produção de artesanatos com resíduos e matérias-primas do manguezal. Outra atividade importante é o beneficiamento de alguns recursos, como peixes, caranguejos e moluscos (sururu e mexilhão), mas ainda no início.
Diferente das Resex do Lago Cuniã e Tapajós-arapiuns, abordadas em reportagem anterior, Caeté-Taperaçu possui pouquíssimos extrativistas inseridos em organizações produtivas formais. A quase totalidade da produção é estabelecida com atravessadores/ marreteiros, que dominam e controlam a destinação da produção.
Segundo o chefe da Resex Caeté-Taperaçu, Fernando Repinaldo Filho, as comunidades detêm ainda um amplo e rico conhecimento tradicional sobre os recursos naturais, ecossistemas e sobre as causas e efeitos da interação do homem com esses elementos. "No Plano de Manejo da Resex, houve o apontamento e priorização de programa de conhecimento que reconheça e identifique o conhecimento tradicional dessas comunidades, de forma a subsidiar o ordenamento dos recursos, e o reconhecimento e proteção de tal patrimônio cultural junto a outras políticas públicas", informou o chefe da reserva.
Mesmo a reserva estando inserida no município de Bragança - o mais antigo do Pará e que mantém diversas tradições que atraem turistas e visitantes – o turismo de base comunitária ainda não está organizado lá. "Quanto ao potencial turístico, este é enorme. A área da Resex abriga diversos sistemas de pesca, ninhais de aves como guarás, colhereiras; além de diversas e belíssimas praias e ilhas. Há a previsão no Plano de Manejo da reserva em desenvolver programas com tal finalidade para área zoneada chamada de zona prioritária para o turismo sustentável", destacou Fernando.
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