Notícias
Bromélia endêmica é descoberta na ilha de Alcatrazes
- Foto: Gabriel Sabino
Espécie nova de bromélia é descoberta na Ilha de Alcatrazes, localizada no
litoral
norte do estado de São Paulo, e foi descrita em artigo científico. A pesquisa foi coordenada pelo pesquisador Gabriel
Pavan
Sabino e colaboradores e ocorreu no Refúgio de Vida Silvestre (
Revis
) do Arquipélago de Alcatrazes, Unidade de Conservação administrada pelo ICMBio.
A espécie Tillandsia alcatrazensis foi encontrada na ilha principal do arquipélago, a ilha de Alcatrazes, e é endêmica da ilha , ou seja, exclusiva da localidade e que não foi antes registrada em outro lugar. De acordo com a extensa pesquisa necessária para descrever a espécie nova, foram percebidas particularidades que contribuem para o equilíbrio do ecossistema. Segundo Sabino , as flores da espécie descrita têm uma grande quantidade de néctar nas flores, o que indica que a bromélia fornece alimento para alguns insetos.
A planta vive preferencialmente sobre afloramentos rochosos, que são partes das rochas internas expostas na superfície do solo , mas também vivem como epífitas (em cima de outras plantas) . As folhas possuem grande variedade, desde coloração vinácea até mais acinzentada, os conjuntos de flores (inflorescências) têm folhas modificadas (brácteas), com cores entre o salmão e o avermelhado e as flores são totalmente brancas.
Foto: Vitor Kamimura
A desc rição da espécie , apesar de ser uma novidade, não é acaso. A pesquisa liderada por Sabino estuda a flora da ilha de Alcatrazes como um todo e com base em abordagens científicas diversas. Desde março de 2022 os pesquisadores realizam estudos que respeitam as particularidades da região, colaboram com a preservação do meio ambiente e encontram novidades relevantes.
A área onde foi encontrada a planta é uma Unidade de Proteção Integral, administrada pelo Núcleo de Gestão Integrada do Arquipélago de Alcatrazes (NGI ICMBio Alcatrazes) e as pesquisas são devidamente autorizadas. Para realização, o Instituto dispõe de agentes ambientais para cooperação em solo com as equipes de investigação. “Sabemos que o acesso à ilha é bastante difícil e requer uma logística muito complexa. Sem todos os pilares para o apoio jamais seria possível desenvolver projetos de pesquisa em um ambiente tão isolado”, afirma o biólogo Sabino.
Preservação
Devido a pequena e restrita distribuição da nova bromélia, a espécie foi preliminarmente classificada como criticamente em perigo de extinção, de acordo com as categorias de classificação da lista vermelha da IUCN. Portanto, reforça a importância de estudar e prevenir a extinção das espécies. As áreas de proteção no arquipélago de Alcatrazes também possuem outras espécies exclusivas da região e ameaçadas, como as plantas Anthurium alcatrazense , a Begonia venosa e os animais pere re ca-de-alcatrazes ( Ololygon alcatraz ) e a jararaca-das-alcatrazes ( Bothrops alcatraz ), entre outros.
Os pesquisadores envolvidos acreditam que ainda possam existir outras espécies não conhec i d a s p elo meio científico a serem estudadas, com potencial para contribuir nos mais diversos ramos da ciência. De acordo com Sabino, esse fator é explicado devido a características particulares de Alcatrazes, que tem fatores ambientais que levam a um grande isolamento e restrição geográfica, que favorece a especiação – processo evolutivo que diferencia as espécies.