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Brigadistas do ICMBio salvam casas de ribeirinhos no Pantanal
Durante um incêndio florestal, a missão do ICMBio é proteger a biodiversidade, em especial, dentro das unidades de conservação. No entanto, no incêndio que atingiu a região do Pantanal Norte a partir de outubro, os brigadistas também agiram em socorro da população ribeirinha que vive na região próxima do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense.
O fogo no Parque Nacional foi originado por raios que atingiram a região e se espalharam a partir de uma fazenda vizinha no dia 21 de outubro. O chefe da unidade e comandante do ICMBio na operação, Nuno Rodrigues, informa que a atuação do ICMBio tem o fator estratégico, já que a atuação das brigadas visa impedir o avanço do fogo na unidade de conservação, “mas, além disso, tem um caráter social, visto que o ICMBio é o representante do Poder Público mais próximo dessas comunidades, ou seja, elas só têm a nós para recorrer”, destaca Rodrigues, que acionou brigadistas do ICMBio e do Ibama para as ações.
Como o Pantanal passa pelo período de defeso (piracema), parte da comunidade ribeirinha procura empregos em fazendas, então, é comum encontrar mulheres e crianças sozinhas. Foi o caso de Alessandra Arruda, que reside na comunidade Porto Mangueiral, ela conta que as chamas se aproximaram de repente. “Então meu tio ligou para a dona Zilma (servidora do Parque Nacional) e ela mandou os brigadistas para ajudarem a controlar o fogo que estava chegando perto das casas”, relembra. Os combatentes, então, fizeram uma linha de defesa, ao redor da casa de Alessandra. A linha de defesa é uma estratégia que consiste em retirar todo o material orgânico de uma faixa no solo (como capim, galhos, folhas e tudo o que pode virar combustível para o fogo). O fogo parou exatamente na linha de defesa montada pelos brigadistas.
A casa onde vive Ramão Soares, conhecido como seu Godoy, foi uma das primeiras a ficar na linha de frente do incêndio. Seu Godoy conta que estava na cidade quando recebeu um chamado da filha avisando sobre o incêndio, então, ele solicitou que a filha entrasse em contato diretamente com o Parque Nacional, para saber se os brigadistas poderiam ajudar. “Os rapazes vieram aqui socorrer. Quando cheguei, eles já estavam aqui trabalhando. Foi trabalho ‘pra’ mais de três dias, eles fizeram uma linha ao redor da casa”, conta. Graças ao trabalho dos brigadistas, a família não precisou deixar sua casa ou sofreu qualquer perda.
Sidnei Moraes e Maria José Campos, também residentes de Porto Mangueiral, precisaram deixar temporariamente suas casas por conta da fumaça. Por lá, os brigadistas do ICMBio adotaram a mesma estratégia: a construção de uma linha de defesa ao redor da casa. Pais de uma criança pequena, eles temeram que os efeitos da fumaça deixassem sua filha doente. Ficaram temporariamente abrigados na Fazenda Bélica, administrada por Sebastião do Nascimento. Por lá, os trabalhos também duraram três dias.
Além da estratégia da construção de linhas de defesa e do combate direto às chamas nas áreas das moradias ribeirinhas, também foi utilizado o resfriamento das moradias, encharcando com água através do uso de motobombas, pois as casas são na maioria de madeira e com cobertura de palha, ficando sujeitas ao fogo pela radiação e pelas fagulhas que caíam quando o fogo estava perto.
Na Fazenda Belica, que também apoiou o trabalho dos combates e é vizinha ao Parque Nacional, as chamas passaram por lá e as estruturas foram protegidas com o apoio dos brigadistas. Ao todo, 15 locais com moradias ou núcleos familiares ao longo do rio Cuiabá foram protegidos pela brigada. Nos incêndios que ocorreram em 2020 no Pantanal, os brigadistas também atuaram na proteção das moradias da Comunidade Tradicional da Barra do São Lourenço, na margem do rio Paraguai, no entorno do Parque Nacional.
Esses exemplos mostram a sinergia do Parque Nacional com a comunidade. “Quando eles nos procuram, sempre ajudamos no que for possível. Assim, como eles sempre nos apoiam quando necessitamos deles. É uma troca onde todos se beneficiam”, comenta o brigadista José Carlos Silva, que foi o apoio logístico durante os combates. “Desde o começo do incêndio, entendemos que a proteção a essas pessoas e às moradias era prioritária. Assim que percebemos que aquela região seria atingida pelos incêndios, nós acionamos as equipes de brigadistas do ICMBio e do Prevfogo. Foi muito importante que a nossa atuação tenha contribuído para que ninguém perdesse sua moradia e ficasse desalojado ou sem seus meios de sobrevivência”, exalta o chefe do Parque, Nuno Rodrigues.
Texto original: Ramilla Rodrigues/CMIF