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Brasil recebe duas ararinhas-azuis nascidas na Alemanha
Objetivo é recuperar a espécie, extinta na natureza
Objetivo é recuperar a espécie, extinta na natureza
Nana Brasil e João Freire
nana.nascimento@icmbio.gov.br
Guarulhos (03/03/2015) – Como parte das comemorações do Dia Mundial da Vida Selvagem, chegaram ao Brasil, nesta terça-feira (3), duas ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) nascidas na Alemanha. A iniciativa faz parte do Projeto Ararinha na Natureza, que pretende reintroduzir a espécie, considerada extinta na natureza desde o ano 2000, em seu habitat natural, a Caatinga brasileira.
Apesar da longa viagem (mais de 14 horas) entre Berlin e São Paulo, "as aves chegaram bem, apesar de estressadas", afirmou a veterinária do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), Camile Lugarini. A transferência das ararinhas é resultado da parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Agência Federal Alemã de Conservação da Natureza (BfN).
Protocolo de segurança
No aeroporto de Guarulhos (SP), as aves foram transferidas para caixas de biossegurança e transportadas para a estação de quarentena do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na cidade de Cananeia (SP), onde devem permanecer por cerca de 15 dias. "São animais saudáveis que nunca apresentaram nada. Na quarentena, elas passam por exames, ficam isoladas e são monitoradas. Se for identificada alguma doença, as aves serão tratadas", explicou Lugarini.
Reprodução em cativeiro
Depois do período de quarentena, Carla e Tiago (que são irmãos) serão encaminhadas para o criadouro científico Nest, no interior de São Paulo, onde se juntarão às outras 11 ararinhas-azuis mantidas no Brasil. O criadouro alemão Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP) foi responsável por cuidar do casal e de seus filhotes até sua chegada ao Brasil.
No Nest, Carla e Tiago passarão por avaliações genéticas que devem apontar os melhores parceiros para cruzamentos, para cada ave. Um grande desafio para a reprodução em cativeiro é a pouca variabilidade genética das ararinhas-azuis, ocasionada pela pequena população da espécie: existem apenas 90 aves, em todo o mundo.
Para contornar o problema, são feitos mapeamentos genéticos e permutas de aves entre os criadouros, sempre em busca dos melhores pareamentos e da ampliação da variabilidade genética dessa espécie.
Sobre o Projeto Ararinha na Natureza
Coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), o Projeto Ararinha na Natureza faz parte da implementação do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul. A iniciativa conta com a parceria da Vale e de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil).
Vítima do tráfico de animais, a ararinha-azul desapareceu do seu habitat e virou símbolo da extinção anos atrás. Os mantenedores da ararinha-azul no Brasil e no exterior, que trabalham para viabilizar a reprodução da espécie, são o Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), na Alemanha; a Al-Wabra Wildlife Preservation, no Catar; o criadouro Nest e a Fundação Lymington, no Brasil.
"O objetivo do Plano de Ação Nacional é reproduzir a ararinha em cativeiro e possibilitar sua reintrodução na natureza até 2021", explica o coordenador geral de Manejo para a Conservação do ICMBio, Ugo Vercillo. E o Brasil tem motivos para comemorar: no último mês de outubro, dois filhotes nasceram no criadouro Nest.
Saiba mais sobre o nascimento das ararinhas-azuis:
NASCERAM FILHOTES DE ARARINHA-AZUL
REPRODUÇÃO DA ARARINHA-AZUL EM CATIVEIRO É CONQUISTA HISTÓRICA
Como a reprodução das ararinhas-azuis é feita de forma articulada entre os criadouros parceiros, os 90 indivíduos são encarados como uma população única. "As permutas de aves entre as instituições têm o objetivo de garantir o maior número possível de filhotes e o aumento da diversidade genética da espécie", destaca Vercillo.
Sobre o Dia Mundial da Vida Selvagem
Em dezembro de 2013, a Assembleia Geral da ONU criou o Dia Mundial da Vida Selvagem, que passou a ser celebrado todos os anos no dia 3 de março, mesma data em que foi adotada a CITES (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção).
A celebração tem o intuito de exaltar a flora e a fauna do planeta, alertar para os perigos do tráfico de espécies selvagens e promover a cooperação entre países para a preservação dessas espécies. A chegada das ararinhas-azuis neste dia é, portanto, um evento bastante simbólico e está de acordo com os objetivos do Dia Mundial da Vida Selvagem.
Na resolução aprovada pela Assembleia Geral, os países que integram a ONU reafirmam o valor essencial das plantas e dos animais selvagens e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável e bem-estar da humanidade, destacando os aspectos ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais e culturais.