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Boqueirão da Onça poderá ter mosaicos de UCs
A proposta é de transformar cerca de 850 mil hectares com os últimos remanescentes de área contínua do bioma Caatinga em um mosaico de unidades de conservação (UCs).
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) já entregou à Casa Civil da Presidência da República a proposta de transformar cerca de 850 mil hectares com os últimos remanescentes de área contínua do bioma Caatinga em um mosaico de unidades de conservação (UCs). O mosaico abrange os municípios de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro e Umburanas, todos na região do semiárido baiano.
A proposta, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para a área conhecida como Boqueirão da Onça combina um Parque Nacional, com 345,3 mil hectares para proteção integral da biodiversidade, e uma Área de Proteção Ambiental (APA), com 505,6 mil hectares, categoria que permite o uso sustentável dos recursos naturais. O ICMBio, o MMA e o WWF-Brasil elaboraram um
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para se conhecer mais da área.
Riqueza Biológica
O Boqueirão da Onça é uma extensa área do sertão da Bahia caracterizada por desfiladeiros, cavernas e ecossistemas que abrigam riquíssima biodiversidade, cavernas com inscrições rupestres milenares e populações tradicionais. No local, podem ser encontradas diversas espécies ameaçadas de extinção. Entre os representantes da fauna estão o tamanduá-bandeira, o tatu-bola, o gato-mourisco e o gato-do-mato. Maior felino das Américas, a onça-pintada tem na região um de seus principais refúgios em área natural.
Aves em risco de extinção também habitam esse trecho do sertão baiano, como a arara-azul-de-lear e o jacu estalo, além de uma variedade de aves que, embora não estejam ameaçadas, encontram abrigo na Caatinga. Répteis, anfíbios e insetos – ainda por serem estudados – completam o quadro da fauna selvagem do Boqueirão. A flora nativa não é menos diversa. “Trata-se da última grande área selvagem de todas as caatingas do Nordeste brasileiro”, destaca o pesquisador José Alves Siqueira, doutor em biologia vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro Flora das Caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação.
Recursos hídricos e populações tradicionais
O Boqueirão também cumpre relevante papel na segurança hídrica da região. Importantes nascentes localizadas nos planos mais altos irrigam o solo seco do sertão,garantindo condições de vida para comunidades urbanas e rurais. Algumas dessas nascentes foram incluídas nos limites do futuro Parque Nacional.
A região tem, ainda, forte traço de ocupação pelas populações tradicionais. Inscrições rupestres em vários sítios localizados no Boqueirão indicam que a presença humana ali pode ter milhares de anos. Modernamente, a região vem sendo ocupada de modo tradicional por quilombolas e comunidades de fundo de pasto. Esses grupos situam-se no que será a futura Área de Proteção Ambiental. Segundo o MMA, a presença das populações tradicionais foi determinante na elaboração do desenho do mosaico, resguardando potencialidades que poderão ser incorporados em um processo de desenvolvimento local, como o ecoturismo.
Fica na futura APA, por exemplo, a Toca da Boa Vista, maior caverna brasileira, com 97,3 km de extensão. Ela se interliga com a Toca da Barriguda (28,6 km), formando um complexo único e tornando- se a maior caverna do Hemisfério Sul, com mais de 120 quilômetros já explorados. Isso faz da região um pólo para o desenvolvimento do turismo e das pesquisas cientificas.
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Com informações do WWF-Brasil
Comunicação ICMBio
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