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Boqueirão da Onça: refúgio para 26 espécies de mamíferos
Publicado em
12/04/2019 14h13
Pesquisadores publicaram artigo com uma lista de espécies de mamíferos de médio e grande porte que vivem na região, no sertão da Bahia.
Puma concolor, onca-parda (Foto: Adriano Gambarini)
Na última semana, o Mosaico do Boqueirão da Onça fez um ano de criação e ganhou um grande presente. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto para Conservação dos Carnívoros Neotropicais (Pró-carnivoros) publicaram artigo com uma lista de espécies de mamíferos de médio e grande porte que vivem na região, no sertão da Bahia. Ao todo, eles identificaram 26 espécies diferentes, uma elevada riqueza para o bioma. Assim, o Boqueirão da Onça se consolida ainda mais como um refúgio para sete espécies ameaçadas nacionalmente, como a onça-pintada (Panthera onca), que tem a menor população brasileira na Caatinga, com 250 indivíduos, sendo criticamente ameaçada de extinção. O artigo pode ser acessado aqui.
Os mamíferos de médio e grande porte são considerados indicadores de conservação do habitat, sendo que a presença de predadores um bom indício de que o ambiente está em equilíbrio. Entre as espécies identificadas no Boqueirão da Onça estão: tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), tatupeba (Euphractus sexcintus); veado-catingueiro (Mazama gouazoubira); gato-do-mato (Leopardus tigrinus); jaguatirica (Leopardus pardalis), onça-parda (Puma concolor) e onça-pintada (Panthera onca).
Os pesquisadores coletaram dados através de câmeras traps em duas etapas: a primeira ocorreu entre abril de 2016 e maio de 2017 e a segunda, entre janeiro e julho de 2017 que monitoraram os animais 24 horas por dia, tirando fotos com intervalo mínimo de 30 segundos. Os estudos identificaram a presença de 32 espécies de mamíferos, sendo 26 selvagens e seis domésticas. Das que correm perigo de extinção, nove estão ameaçadas localmente; sete nacionalmente e cinco mundialmente. Os dados serão essenciais para guiar a elaboração do plano de manejo e zoneamento das unidades de conservação que compõem o Mosaico (Parque e Área de Proteção Ambiental (APA)) de 850 mil hectares com os últimos remanescentes de área contínua de Caatinga.
Os conflitos existentes na região e que estão na prioridade da gestão da unidade de conservação são a exploração ilegal de pedras semipreciosas, a ocupação irregular com abertura de áreas de plantio e pecuária com a utilização de fogo e a caça de animais silvestres. Além disso, a região possui o melhor potencial de utilização de energia eólica e solar do Brasil e bom potencial para exploração mineral. Os pesquisadores sugerem a elaboração do plano de manejo como forma de implementação das unidades. Entretanto, este não é o único limitante para a conservação desta área. Na avaliação da chefe da unidade, é preciso ainda que sejam reforçadas a proteção, divulgação, consolidação de limites e impulsionamento do desenvolvimento regional por meio do ecoturismo.
A Caatinga é o bioma que representa 70% da região nordeste e 11% do território nacional. Sua biodiversidade tem sido afetada pela agricultura, pelo processo de expansão populacional e pelo processo de desertificação causada por fatores humanos.
Comunicação ICMBio
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