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Sociobiodiversidade invade praia do Rio
Na primeira edição do “Parceiros da natureza”, talk show em tenda montada nas areias do Leblon discute extrativismo e povos tradicionais. No sábado, tem segunda edição, no Rio Media Center, em formato de painel
Brasília (11/08/2016) – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) promoveu nesta quinta-feira (11), no Pavilhão OliAle–Alemanha na Praia, no Posto 11, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, a primeira edição do evento “Parceiros da natureza: povos tradicionais e conservação da biodiversidade”. A segunda está marcada para sábado (13), às 10h, no Rio Media Center (Rua Madre Tereza de Calcutá, s/n, Cidade Nova).
A iniciativa, que se integra ao clima de Olimpíadas que toma conta do Rio de Janeiro, busca dar visibilidade a histórias de povos tradicionais que vivem em unidades de conservação (UCs) da natureza, espaços especialmente protegidos nos quais são desenvolvidas iniciativas bem sucedidas de exploração sustentável dos recursos naturais, como parte de estratégias de conservação da natureza. O evento foi organizado pela Diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial (Disat), do ICMBio, com apoio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e da Cooperação Brasil-Alemanha (GIZ), entre outros parceiros.
No formato talk show, “Parceiros da natureza” reuniu, numa tenda montada nas areias da praia do Leblon, diferentes convidados, como os presidentes do ICMBio, Rômulo Mello, e do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Cláudio Maretti, Diretor da Disat do ICMBio, Joaquim Belo, o vice-presidente da Cooperativa Mista da Flona Tapajós (Coomflona), Jeremias Batista Dantas, presidente da Associação Tapajoara, Léo Ferreira, do Imaflora, Dinael dos Anjos, a secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Juliana Ferreira Simões, Gilson Favarato, representante comercial da Tramontina, e o executivo Marco Matavelli, da Symrise, empresa de fragrâncias e aromáticos.
Unidades de conservação
Para mostrar como as unidades de conservação estão mais próximas das pessoas do que elas imaginam, o presidente do ICMBio destacou que ao redor do local do evento, por exemplo, existem duas UCs – o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, no mar em frente a Ipanema, e o Parque Nacional da Tijuca, onde fica o Corcovado e o Cristo Redentor, que podem ser vistos do calçadão do Leblon.
Ele ressaltou ainda que as reservas extrativistas, unidades de conservação que surgiram como uma resposta do Estado à morte do ambientalista acreano Chico Mendes, assassinado por grileiros de terra, permitem hoje que ribeirinhos, pescadores, seringueiros, enfim, milhares de homens e mulheres vivam do extrativismo. “Essas unidades nos enchem de orgulho”, afirmou.
Rômulo Mello disse ainda que cabe ao Estado brasileiro ouvir e atender o clamor das comunidades pela melhoria da qualidade de vida. Nesse aspecto, ele lembrou que o ICMBio busca fazer a sua parte por meio das unidades de conservação, que buscam associar a conservação com o uso sustentável dos recursos naturais, que geram emprego e renda para muita gente. Ele defendeu ainda que, nesse processo, haja o engajamento também dos empresários.
As unidades de conservação são o melhor instrumento para conservação da natureza e a garantia dos serviços que os ecossistemas prestam à sociedade, tais como áreas se visitação, lazer, aprendizado, proteção das águas, equilíbrio climático, locais de vida dos povos tradicionais, pesquisas científicas, entre outros.
Conhecer a Amazônia
Joaquim Belo, do CNS, afirmou que é preciso incentivar as pessoas a conhecerem a realidade da Amazônia e defendeu a garantia dos direitos das populações extrativistas e seu modo de vida nas florestas.
“Há uma batalha muito grande pelo reconhecimento dos territórios das populações tradicionais. Rearticulamos a Aliança dos Povos da Floresta, um grupo social que decidiu viver e defender as florestas, às vezes, até com suas próprias vidas. Mas ainda somos invisíveis”, disse ele, referindo-se à pouca atenção que parte da sociedade dá aos extrativistas.
Gilson Favarato, representando a Tramontina, informou por sua vez que sua empresa compra produtos produtos da Coomflona, da Floresta Nacional (Flona) de Tapajós, no Pará, com certificação FSC. O contato inicial para a concretização do negócio foi feito pelo ICMBio e tem o apoio do Imaflora.
Sonho realizado
Jeremias Dantas, da Coomflona, que atua na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, admitiu que há dificuldades para a comercialização dos produtos da floresta. Apesar disso, ele enfatizou os esforços para garantir a sustentatilidade das atividades e considerou os avanços obtidos até agora pela cooperativa como um “sonho realizado”.
Léo Ferreira, do Imaflora, destacou a importância de conectar a produção das populações tradicionais das unidades de conservação e outros tipos de áreas protegidas com os mercados para garantir a proteção da biodiversidade e da qualidade de vida desses povos. Isso pode ser feito, por exemplo, selecionando produtos com o selo "Origens Brasil", garantia de procedência e relações éticas.
O representante da GIZ disse que a instituição apoia vários atores e projetos na área do extrativismo. Ele citou como exemplo ações na Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde, no Ceará, e o projeto de manejo do jaborandi, na Floresta Nacional (Flona) de Carajás, no Pará. A planta produzida na Flona é usada na fabricação de colírio contra o glaucoma.
“A cooperação (GIZ) agia antes focada no combate à pobreza e hoje atua mais com recursos naturais. Os povos tradicionais são os melhores guardiões da floresta, usando os recursos de forma sustentável”, reforçou.
Cláudio Maretti, diretor da Disat do ICMBio, apresentou os produtos e destacou que tais unidades de conservação e povos tradicionais não existem só na Amazônia, eles encontram-se, por exemplo, no estado do Rio de Janeiro, com a Reserva Extrativista de Arraial do Cabo.
O público, que compareceu em grande número, participou intensamente dos debates e teve oportunidade de fazer perguntas, tirar dúvidas e emitir opiniões. Alguns dos temas tratados pelo público foram a visitação nas unidades de conservação, a produção sustentável e defesa das populações tradicionais, a proteção da flora e da fauna, entre outros.
Ao final, houve distribuição de kits de produtos da sociobiodiversidade, fruto do trabalho de povos e comunidades tradicionais. No próximo sábado, tem mais.
Comunicação ICMBio -
(61) 2028-9280 - com informações e fotos de Claudio Maretti, diretor da Disat
Cláudio Maretti, diretor da Disat do ICMBio, apresentou os produtos e destacou que tais unidades de conservação e povos tradicionais não existem só na Amazônia, elas existem, por exemplo, inclusive no estado do Rio de Janeiro, com a Reserva Extrativista de Arraial do Cabo.