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Base flutuante do Juruena já opera na região
“O flutuante é um reforço à conservação do Juruena”, diz presidente do ICMBio
Apuí (AM) - “Quatro pessoas de nossa comunidade foram contratadas para atuar na vigilância do flutuante, então ele já está nos ajudando de alguma forma, gerando renda para essas pessoas. Espero que ele nos ajude mais ainda, fazendo com que médicos e professores venham para cá com mais frequência”. Foi com essas palavras que o ribeirinho Antônio Fábio Fernandes, 47, conhecido como “Juruna”, recebeu a inauguração de uma base flutuante no interior do Parque Nacional do Juruena, na região situada entre o Amazonas e o Mato Grosso. O evento, organizado pelo WWF-Brasil em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ocorreu no dia 27 de março último.
A inauguração durou uma tarde e foi composta de um simbólico corte da faixa inaugural; de uma reunião com comunitários da Barra do São Manoel, a comunidade ribeirinha mais próxima daquela área; e visita a Unidades de Conservação adjacentes, como a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Bararati, no Amazonas.
Base já está operando
O flutuante, embora tenha sido inaugurado recentemente, já opera desde o ano passado. Ele serve como instrumento de apoio às ações de fiscalização e proteção daquela Unidade de Conservação; e também será utilizado como base para pesquisadores que porventura queiram realizar trabalhos científicos ali.
Ele tem 14 metros de comprimento, seis metros de largura, 11 cômodos e pode suportar até 20 toneladas. Possui quartos para oito pessoas, cozinha, sala de comunicações e reunião, dois banheiros e área de serviço.
O equipamento conta ainda com estruturas que visam reduzir seu impacto ambiental, como sistema de captação de energia solar e estação de tratamento de efluentes, e pode ser “rebocado” pelo interior do Parna Juruena. O custo total do flutuante foi de pouco mais de R$ 580 mil, pagos pelo WWF-Brasil a uma empresa terceirizada que construiu e equipou a base.
Promovendo a conservação
O evento de inauguração teve início na Barra de São Manoel, onde uma pequena pista de pouso, feita de terra batida, recebeu os aviões monomotores que traziam os profissionais que vinham de outros Estados. A chegada de três aeronaves em apenas uma manhã mexeu com a rotina da comunidade, habituada a um único pouso semanal por ali. Em seguida, os presentes foram levados ao flutuante, onde foi cortada a faixa que marcou a inauguração do equipamento.
Na ocasião, o presidente do ICMBio, Roberto Vinzentin, contou que a inauguração do flutuante é uma forma do poder público se fazer mais presente na área. “Estamos aqui reforçando os nossos objetivos de promover a conservação desta região, além de reafirmar nosso objetivo de estar mais perto das comunidades. Queremos trabalhar junto com elas e ajudá-las a melhorar suas vidas”, falou.
Apoio no desenvolvimento socioambiental
A gestora do Parque Nacional do Juruena, Lourdes Iarema, disse que o flutuante vai ajudar na gestão participativa daquela área protegida. “Esta base significa uma importante conquista à conservação da biodiversidade, pois teremos condições de integrar as ações do Instituto com ações das comunidades e de outras instituições que trabalham por aqui”, declarou a analista ambiental. Lourdes afirmou ainda que o flutuante será essencial na realização de outras atividades, como pesquisa científica, e que o equipamento vai auxiliar também na proteção do patrimônio natural e no desenvolvimento socioambiental da região.
O superintendente de conservação do WWF-Brasil, Mauro Armelin, lembrou que a ideia de construir o flutuante surgiu há dois anos, e que esta proposta demandou muitas conversas e articulações com o ICMBio, num processo que exigiu muito das duas organizações. “Digo, emocionado, que esta inauguração é o evento com maior simbolismo do qual já participei”, disse, entre risadas.
Reunião com comunitários
Mauro destacou o trabalho conjunto feito pelo WWF-Brasil e pelo Instituto, e lembrou que o WWF-Brasil acredita em parcerias construtivas, em que os trabalhos são feitos conjuntamente, dividindo responsabilidades e compartilhando os méritos.
O segundo momento da inauguração contou com uma reunião realizada num centro comunitário da Barra de São Manoel. A comunidade aproveitou a presença do presidente do ICMBio e de seus técnicos para entregar uma carta com reivindicações. No documento, eles pediam ajuda para promover a conservação da área e melhorar os serviços essenciais por ali, como saúde e educação.
Além do presidente do ICMBio e do superintendente do WWF-Brasil, também estiveram presentes na inauguração do flutuante técnicos das duas instituições; comunitários da Barra de São Manoel; o vice-prefeito de Apuí (AM), Delmar Hister; alguns vereadores da cidade e técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS-AM).
A Barra de São Manoel é uma comunidade surgida em 1901, segundo os próprios comunitários, resultado dos fluxos migratórios ocorridos no interior da Amazônia durante o ciclo da borracha, no início do século passado. Ela é habitada por 60 famílias, que totalizam quase 400 pessoas. A comunidade fica no município de Apuí (AM) mas, devido à distância em relação a esta cidade, também recebe assistência de Jacareacanga, cidade do sudoeste do Pará.
Fonte: WWF-Brasil, por Jorge Eduardo Dantas
Comunicação ICMBio
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