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Avanços na avaliação da fauna brasileira
O trabalho de levantamento de dados do estado de conservação de 12.265 espécies é o tema da terceira reportagem da série 10 anos do ICMBio. Para agilizar o novo ciclo, Instituto criou o sistema Salve
Carla Viviane
ascomchicomendes@icmbio.gov.br
Brasília (23/08/2017) – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está completando 10 anos nesse mês de agosto e, desde a sua criação, o número de espécies da fauna brasileira avaliadas quanto ao estado de conservação saltou de mil para 12.265.
No momento, servidores do ICMBio e centenas de pesquisadores parceiros estão atualizando a avaliação. Isso envolve a consolidação do banco de dados de todos vertebrados e alguns grupos selecionados de invertebrados do Brasil. Os profissionais já reavaliaram os anfíbios, borboletas, crustáceos, tubarões e um grupo de aves. O trabalho deve ser concluído em 2020.
Entre as 12.265 espécies avaliadas, há mamíferos, anfíbios, aves, peixes continentais, peixes marinhos, répteis e invertebrados marinhos e terrestres. Todos foram enquadrados nas categorias de ameaça, conforme as diretrizes da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
“Nenhum outro país já realizou um trabalho desta envergadura. É o mais completo diagnóstico sobre o estado de conservação da fauna já realizado, identificando as espécies sob risco de extinção e os principais vetores de ameaças", argumenta o diretor da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio), Marcelo Marcelino, ao lembrar que o País possui uma das maiores riquezas de espécies do planeta.
Esse trabalho é cíclico. O último ciclo foi concluído em 2014 e envolveu 73 oficinas de trabalho com a participação de mais de 1.200 especialistas, de mais de 250 instituições do Brasil e do exterior. A cada ano são avaliados diferentes grupos de animais.
Para este novo ciclo, está sendo utilizado o Sistema de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade (Salve), desenvolvido pelo ICMBio, para agilizar o processo de avaliação, que envolve várias etapas e atores, e para melhor gerir o extenso conjunto de dados relacionados às espécies. O sistema, em fase final de desenvolvimento, permitirá rápida disponibilização dos resultados à sociedade.
Os dados sobre as espécies e sobre seu estado de conservação são subsídios para a publicação de listas de espécies ameaçadas de extinção (a avaliação da flora é de responsabilidade do Jardim Botânico do Rio de Janeiro). A última lista de espécies ameaçadas foi publicada em 2014.
A avaliação da fauna e da flora também orienta as prioridades para estratégias de conservação no país, especialmente os Planos de Ação Nacionais para espécies ameaçadas (PANs). Atualmente, o ICMBio tem 47 PANs vigentes, que contemplam 576 espécies ameaçadas. O instituto tem 49.160 pesquisadores cadastrados e 11.588 pesquisas autorizadas, principalmente nos biomas Mata atlântica, Amazônia, Cerrado e zona costeiro-marinho.
PANs foram fonte de dados para atlas
Os PANs, junto com o Livro Vermelho da Fauna Ameaçadas de Extinção, foram uma das fontes do ICMBio no trabalho de compilção de dados que resultou em 2011 no Atlas da Fauna Ameaçada de Extinção em Unidades de Conservação federais, um importante documento sobre a eficiência do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) na proteção das espécies de animais em risco.
A ideia de elaboração do Atlas surgiu da constatação de que, até então, as informações disponíveis não ofereciam uma ideia sobre o conjunto de ocorrências de espécies ameaçadas em unidades de conservação, uma vez que os dados estavam dispersos e armazenados em formatos distintos e, em muitos casos, de difícil acesso.
No total, foram compilados 1.333 registros de 314 espécies da fauna ameaçada, em 198 UCs federais. Na Mata Atlântica, a unidade com maior número de registros foi a Reserva Biológica de Sooretama, no Espírito Santo: 33 no total. Com 32 registros, também na Mata Atlântica, ficaram a Estação Ecológica de Murici (AL) e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ).
Na zona marinho-costeiro registraram-se 26 espécies ameaçadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, em Santa Catarina, e 24 no Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia. No Cerrado, os destaques ficaram com o Parque Nacional das Emas (25) e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (22), ambos em Goiás.
O Atlas relaciona, ainda, as 20 espécies ameaçadas com ocorrências em maior número de unidades de conservação. A mais registrada foi a onça-pintada
(Pantera onca)
, localizada em 59 UCs, em todas as regiões e biomas brasileiros, seguida da jaguatirica (
Leopardus pardalis mitis
) com ocorrência em 45 UCs e o lobo-guará (
Chrysocyon brachyurus
) em 39 UCs.
Comunicação ICMBio
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