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Ararinhas-azuis mais perto da volta à natureza
Após reproduções em cativeiro, desafio é criar condições para primeiras solturas
Após reproduções em cativeiro, desafio é criar condições para primeiras solturas
Elmano Augusto
ascomchicomendes@icmbio.gov.br
Brasília (28/08/2015) – Em outubro do ano passado, gestores do ICMBio e parceiros comemoraram. Depois de 14 anos, nasciam no Brasil dois filhotes de ararinha-azul ( Cyanopsitta spixii ), espécie considerada extinta na natureza desde o ano de 2000. O fato ocorreu no criadouro científico Nest, no interior de São Paulo.
Originária da caatinga baiana, a ararinha-azul teve sua população dizimada ao longo dos anos. De um lado, pela ação dos traficantes de animais e, de outro, pela paulatina deterioração de seu habitat. Hoje, existem no mundo 110 exemplares em cativeiro. Desses, apenas 12 estão no Brasil.
Com a aprovação do Plano de Ação Nacional (PAN) de Conservação da Ararinha-Azul , em 2011, o ICMBio deu impulso ao projeto de recuperar a ave e promover a sua reintrodução em ambiente natural.
O primeiro passo foi reunir todos os mantenedores da ararinha-azul em cativeiro no País e no exterior: a Al-Wabra Wildlife Preservation, no Catar; a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), na Alemanha; o Loro Parque, na Espanha: o criadouro Nest e a Fundação Lymington, no Brasil.
Foram firmadas, ainda, parcerias com a Vale, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), para ampliar as atividades do projeto.
No início de 2013, dentro das ações do PAN, ocorreram as primeiras transferências de aves da Alemanha e Espanha para o Brasil. Elas se juntaram aos poucos exemplares mantidos em cativeiro no País. Foi dessa iniciativa que nasceram os dois filhotes no ano passado.
Daqui a alguns dias, provavelmente em outubro, ICMBio e a Al-Wabra devem firmar termo de adesão para transferir para o Brasil novos exemplares da espécie, mantidos no Catar. A ideia é acelerar as reproduções em cativeiro no País e no exterior, para, se tudo der certo, fazer as primeiras reintroduções na natureza em 2021.
Para isso, o ICMBio corre contra o tempo. Já há estudo prévio e diagnóstico necessários para a criação de uma Unidade de Conservação (UC) na Caatinga baiana, na região de Curuçá, que vai possibilitar um ambiente adequado para a volta da ararinha-azul ao seu habitat.
O desafio do Instituto, agora, é concretizar a criação dessa unidade e recuperar a área degradada. "Além da ampliação da população em cativeiro, temos que preparar um lar na natureza para a ararinha-azul", diz a coordenador do PAN, a analista ambiental Camile LugarinI. "A reintrodução de uma espécie como essa terá de ser feita com todos os cuidados para que tenhamos sucesso".
O Projeto Ararinha na Natureza faz parte da implementação do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul, consolidado em 2011 pelo ICMBio. O projeto tem duas frentes de atuação: a reprodução e manejo da espécie em cativeiro e o trabalho de campo, que envolve educação ambiental, sensibilização das comunidades e criação e restauração de áreas protegidas.
O nascimento dos filhotes em cativeiro foi um primeiro sinal de que todo o esforço empreendido nos últimos anos está dando resultados. A ararinha Flor, mãe dos filhotes, é resultado de uma reprodução em cativeiro feita no Brasil em 2000.
Nessa perspectiva, o ICMBio trabalha para que, daqui a seis anos, os filhos e netos de Flor estejam soltos na natureza, colorindo a paisagem da caatinga baiana. E mais: gerando filhos e garantindo, assim, a tão sonhada volta à natureza das ararinhas-azuis.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280