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APA Cairuçu desenvolve turismo de base comunitária
Publicado em
17/10/2018 14h22
Experiência será contada em publicação do ICMBio sobre TBC.
A equipe da APA de Cairuçu acompanhou a visita da consultora PNUD Ana Gabriela Fontoura ao longo de três dias para vivenciar parte das iniciativas de turismo de base comunitária (TBC) que ocorrem na unidade. Essas iniciativas vão ilustrar uma publicação do ICMBio sobre TBC, juntamente com outras 13 unidades de conservação espalhadas pelo país.
Ao todo, foram visitadas seis comunidades da APA que protagonizam o turismo comunitário no território, entre caiçaras, quilombolas e indígenas, onde ocorreram rodas de conversas com lideranças locais e representantes da
rede Nhandereko
, que articula o TBC na região.
A visita iniciou-se em São Gonçalo, de onde os turistas costumam embarcar para as ilhas da porção norte da APA, como a da Pelada Grande, que conta com o restaurante da Bete como principal atrativo. Em seguida, a roda de conversa foi liderada pelo Almir Tã na ilha do Araújo, conhecida pelo festival do camarão que ocorre na abertura do defeso. No dia seguinte houve uma visita cultural em Trindade, conduzida pela Associação de barqueiros da Trindade (Abat) na praia do Meio. À tarde a partilha ocorreu na praia do Sono, com representantes da associação de moradores e associação de barqueiros. No último dia, a visita ocorreu na Terra Indígena Parati Mirim e no Quilombo do Campinho da Independência, fortes na identidade cultural e produção de artesanato.
Durante as conversas, ficou nítida a diversidade de opções de turismo comunitário que compõem as experiências da APA. "Uma fortaleza da APA de Cairuçu é ter muitos cenários, experiências diversas e somatórias entre as iniciativas", apontou Ana Gabriela ao término da visita. A consultora trabalha com TBC há mais de dez anos e pôde compartilhar com os comunitários experiências e vivências de diferentes regiões do Brasil.
A consultora observou que "são vários os modelos de gestão comunitária que ocorrem na APA; os princípios são os mesmos, mas a forma de fazer é de cada comunidade." Em Trindade e no Quilombo do Campinho da Independência há partição dos benefícios, ou seja a comunidade trabalha de forma integrada, recebe e divide os lucros de forma igualitária. Nas ilhas da Pelada Grande e do Araújo o atendimento é familiar, mas conta com uma rede de apoio que movimenta boa parte da comunidade para atender o turismo comunitário. Na praia do Sono e na Aldeia Itaxin (TI Parati Mirim) há a intenção de ampliar o turismo de base comunitária, cujos benefícios para comunidade vão muito além de recursos financeiros.
Um desafio que ficou evidente é a dificuldade na conciliação do turismo de massa e de base comunitária. Apesar do desejo de priorizar o TBC, hoje é o turismo de massa que movimenta mais da metade das comunidades. Na alta temporada, lugares com a praia do sono recebem 12mil turistas em apenas um feriado.
Se por um lado o turismo de massa movimenta um grande aporte financeiro, ele também deixa um passivo a ser administrado pelos moradores, como o excesso de lixo e a perturbação da paz. Em contra-ponto, atendimento do turismo comunitário é bem mais pessoal e demanda tempo, mas trabalha com grupos menores e ao longo do ano todo. "O turismo de base comunitária faz parte das prioridades de gestão da APA de Cairuçu, juntamente com o ordenamento do turismo de massa. Além de ser um anseio das comunidades, o TBC exerce menos pressão sobre o meio ambiente, sendo melhor para a conservação da biodiversidade" explica a chefe da APA, Lilian Hangae.
Experiências como a do Quilombo, Trindade e da ilha do Araújo apontam um caminho viável, organizando a visitação por meio de agências e grupos focados no turismo comunitário, com reservas previstas para os períodos da baixa temporada. A formação da rede Nhandereko é também uma iniciativa positiva na região. Criada a partir do Fórum de Comunidades Tradicionais, essa rede articula e organiza o TBC em diversas comunidades.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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