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Alcatrazes terá visitação e gestão integrada
As informações foram confirmadas pelo presidente do ICMBio, Rômulo Mello, durante palestra para representantes dos vários setores sociais envolvidos com a criação da mais nova UC federal
Brasília (20/09/2016) – O Refúgio de Vida Silvestre (RVS) de Alcatrazes,
a mais nova unidade de conservação (UC) criada pelo governo federal
, no litoral norte de São Paulo, será gerido de forma integrada com a Estação Ecológica (Esec) de Tupinambás, que também fica na região, e permitirá visitação pública, mantendo as atividades turísticas no local, considerado ideal para mergulhos.
As informações foram confirmadas pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello, na sexta-feira (16), durante apresentação da nova unidade, na sede do Observatório Ambiental de São Sebastião (SP), município localizado na região onde ficam a estação ecológica e o refúgio.
A exposição foi feita durante reunião do conselho consultivo da Esec Tupinambás e acompanhada por representantes dos setores envolvidos com a criação da nova unidade de conservação – pesquisadores, pescadores, ONGs, gestores de UCs estaduais, setor portuário, além de representantes da Marinha, USP, Secretaria de Meio de São Sebastião, Polícia Federal e Polícia Militar.
Depois de fazer um histórico da criação do refúgio, Rômulo ouviu as demandas do conselho para a nova UC, falou das perspectivas de elaboração do plano de manejo, abertura à visitação, estruturação da unidade e gestão compartilhada com a Marinha do Brasil.
Ele disse que a categoria da nova unidade (a ideia inicial era criá-la como parque nacional) foi escolhida para melhor atender às necessidade de conservação do arquipélago, que é um “santuário” de biodiversidade, repleto de espécies endêmicas (só existem no local), ameaçadas e migratórias, além de ser área de reprodução de aves e de espécies marinhas.
Apesar disso, explicou Rômulo, o refúgio vai atender o pedido dos vários setores sociais da região de permitir a visitação pública, que foi o grande motivador da proposta inicial de criação do parque nacional, que acabou se tornando refúgio de vida silvestre, juntamente com a necessidade de ampliação da área protegida.
O presidente também citou a
portaria 90
, assinada por ele no dia 14 passado, que cria o Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Alcatrazes, que ficará encarregado de gerir as duas unidades de conservação – a Esec Tupinambás e o Refúgio de Alcatrazes. Ele aproveitou a viagem para se reunir com a equipe do NGI
O presidente visitou ainda a sede do Centro de Biologia Marinha (Cebimar), da USP, que apoia a Esec Tupinambás no controle do coral-sol nas áreas da UC, e a partir de agora também do refúgio, conheceu o monitoramento de dados climáticos e oceanográficos desenvolvidos pela instituição e ratificou o compromisso de fortalecer a parceria das UCs locais com a academia.
No sábado (17), Rômulo fez uma visita técnica ao arquipélago dos Alcatrazes, em companhia da chefe da Esec Tupinambás e agora também do refúgio, a analista ambiental Kelen Leite, e de representantes da Marinha, USP e do conselho gestor.
Na ocasião, conversou com ambientalista que participaram do processo de elaboração da proposta de ampliação da área protegida em Alcatrazes e pesquisadores que desenvolvem projeto de monitoramento dos costões rochosos, ictiofauna recifal e coral-sol no arquipélago.
Estação Ecológica de Tupinambás
A Estação Ecológica (Esec) Tupinambás é uma unidade de conservação composta por áreas marinhas e insulares no litoral norte de São Paulo. Foi criada pelo Decreto Federal n° 94.656, em 20 de julho de 1987, com objetivo de proteger importantes patrimônios naturais da região. Suas áreas são destinadas à preservação da natureza e à realização de pesquisas científicas.
A Esec possui áreas no arquipélago dos Alcatrazes e no arquipélago da Ilha Anchieta (ilhas de Cabras, Palmas e Ilhote das Palmas). Essa proteção permite condições ideais para abrigo, reprodução, alimentação e crescimento dos organismos marinhos. Alguns desses organismos têm suas larvas e ovos levados pelas correntes, contribuindo para o repovoamento das áreas adjacentes, que são utilizadas pela pesca por exemplo.
A Esec Tupinambás contribui para a conservação de cerca de 120 espécies ameaçadas de extinção como a toninha (
Pontoporia blainvillei)
, que é o golfinho mais ameaçado do planeta, e ocorre nas ilhas de Ubatuba. Nas suas áreas qualquer tipo de pesca e degradação ambiental são proibidas.
A manutenção de áreas naturais com pouca interferência humana, como é o caso das estações ecológicas, que são verdadeiros laboratórios naturais, permite o desenvolvimento de pesquisas científicas de alta qualidade, pois possibilitam um melhor entendimento dos processos ecológicos naturais.
A Esec Tupinambás possui conselho consultivo ativo e atuante, envolvido nas principais discussões do gerenciamento costeiro do litoral norte paulista. Criado pela portaria 13/2006 do Ibama e renovado pela portaria 367/2016 do ICMBio, sendo composto de entidades representativas da sociedade local.
A unidade desenvolve projetos de educação ambiental com as escolas de ensino fundamental e médio, além de visitas com objetivos educacionais, nas quais os participantes desenvolvem atividades monitoradas em contato com a natureza.
Todas as pessoas podem contribuir para a preservação da Esec Tupinambás, participando do programa de voluntariado. O objetivo é proporcionar uma interação mais próxima da sociedade com a unidade, de forma que os participantes possam adquirir conhecimento e auxiliar na divulgação e multiplicação de informações sobre a importância da conservação desses ambientes.
Na Esec são permitidas apenas atividades de pesquisa científica, visitas com objetivo educacional e voluntariado. Informações e agendamentos pelo telefone (12) 3892 4427 ou pelo e-mail
esec.tupinambas.sp@icmbio.gov.br
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Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes
O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes foi criado pelo decreto federal de 2 de agosto deste ano. Tem o objetivo de preservar os ambientes naturais únicos do arquipélago dos Alcatrazes, formados pela associação de características geológicas, geomorfológicas e correntes marinhas; a diversidade biológica, incluídas as espécies insulares, endêmicas (exclusivas), ameaçadas de extinção ou migratórias que utilizam a área para alimentação, reprodução e abrigo; e os bens e serviços ambientais prestados pelos ecossistemas marinhos.
O refúgio é composto pelas ilhas do arquipélago dos Alcatrazes (com exceção da ilha da Sapata e daquelas já protegidas pela Esec Tupinambás), além de relevante parte de oceano Atlântico, totalizando uma área de 67.364 hectares, sendo a maior unidade de conservação marinha de proteção integral das regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Na área do Refúgio é proibida a pesca e qualquer tipo de degradação ambiental. A visitação pública será liberada após a elaboração do plano de manejo que está em andamento. O plano de manejo é o documento que cria regras de funcionamento para as unidades de conservação com o objetivo de garantir que as atividades permitidas ocorram com o mínimo de impacto aos ambientes naturais.
A ilha de Alcatrazes abriga uns dos maiores ninhais do país com nidificação de fragatas (Fregata magnificens), atobás (Sula leucogaster) e gaivotões (Larus dominicanus). Nas áreas do Refúgio Alcatrazes e da Esec Tupinambás, no arquipélago dos Alcatrazes já foram registradas 91 espécies de aves, sendo que 37 delas são residentes.
Dessas aves, 12 são consideradas ameaçadas de extinção, sendo seis são residentes, ou seja, dependem de Alcatrazes para procriação. Essas aves possuem diferentes hábitos de vida podendo ser oceânicas, insulares costeiras, migrantes de longo percurso (praieiras), aquáticas costeiras, terrestres e florestais. Dentre as migratórias, 35 têm procedência do Brasil.
Sete das aves oceânicas têm registro para a Antártica. Algumas dessas espécies dependem do ambiente florestal, e são endêmicas (exclusivas) da Mata Atlântica, como o beija-flor-preto (
Florisuga fusca
), o beija-flor-de-bico-curvo (
Polytmus guainumbi
), a maria preta (
Knipolegus nigerrimus
), o tiê-preto (
Tachyphonus coronatus)
, o saí-canário (
Thlypopsis sordida
) e o azulão (
Cyanoloxia brissonii
).
O Refúgio protege espécies endêmicas, que são aquelas que ocorrem exclusivamente nessa ilha de Alcatrazes em todo o planeta. Uma dessas espécies é a jararaca de Alcatrazes (
Bothrops alcatraz
), que se alimenta de pequenos invertebrados. Com essa restrição alimentar a espécie se adaptou ao ambiente ficando com o tamanho corporal reduzido.
Outra espécie que se adaptou à ausência de água doce na ilha foi a perereca de Alcatrazes (
Scinax alcatraz
), que vive e se reproduz na água da chuva que fica armazenada em bromélia. A rã de Alcatrazes (
Cycloramphus faustoi
) é outra espécie endêmica da ilha de Alcatrazes, extremamente ameaçada de extinção por ter ocorrência restrita à parte de um ambiente insular pequeno onde qualquer alteração ambiental pode significar sua extinção.
A vegetação do arquipélago dos Alcatrazes é caracterizada por áreas de mata atlântica e campos rupestres. A ilha de Alcatrazes tem como espécies endêmicas um antúrio (
Anthurium alcatrazensis
) e uma begônia (
Begonia venosa
). No estado de São Paulo, as plantas
Croton compressus
e
Manettia fimbriata
foram coletados apenas na ilha de Alcatrazes.
A rainha do abismo (
Sinningia insularis
) é endêmica da ilha de Alcatrazes e do morro do Recife, em São Sebastião. Uma espécie de begônia da ilha (
Begonia larorum
) foi encontrada uma única vez em 1923, sendo atualmente considerada extinta.
Alcatrazes também é o principal local de abrigo, alimentação e descanso de tartarugas marinhas da costa de São Paulo. Em suas águas também são encontradas cerca de 260 espécies de peixes, que são maiores e formam grandes cardumes no arquipélago, sendo considerada a região de fauna recifal mais conservada das regiões Sudeste e Sul do Brasil.
Na região há a presença marcante de baleias e golfinhos; ao todo são 13 espécies registradas nas áreas da Esec Tupinambás e Refúgio de Alcatrazes. Dessas espécies vale destacar a baleia de Bryde (
Balaenoptera edeni
), única espécie de baleia residente no litoral paulista; o golfinho pintado do atlântico (
Stenella frontalis
), espécie comum em mar aberto e registrada principalmente em Alcatrazes em grandes grupos.
Além de exuberante beleza e expressiva biodiversidade, o arquipélago dos Alcatrazes faz parte do patrimônio arqueológico, histórico e cultural da região. Foi citado nos relatos históricos logo após a colonização do Brasil. No local, foram encontradas cerâmicas que indicam o uso da ilha pelos povos que viviam na região antes do descobrimento do Brasil.
O paredão granítico de 316 metros de altura no meio do oceano impressiona os navegantes por sua beleza e suas águas com boa visibilidade e grande quantidade de vida marinha fazem um convite ao mergulho contemplativo.
No Refúgio, são permitidas atividades de pesquisa científica, visitas com objetivo educacional, voluntariado, mergulho e passeios náuticos previamente autorizados pelo ICMBio. Informações e agendamentos pelo telefone (12) 3892 4427 ou pelo e-mail
esec.tupinambas.sp@icmbio.gov.br
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Serviço:
A sede administrativa da Estação Ecológica Tupinambás e do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes está localizada na Avenida Manoel Hipólito do Rego, 1907, na praia do Arrastão, em São Sebastião/SP - Cep 11600-000. Contatos: (12) 3892-4427, (61) 3103-6922. Email: esec.tupinambas.sp@icmbio.gov.br. Visite também o site do ICMBio no
www.icmbio.gov.br
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Comunicação ICMBio - 2028-9280 - com informações da Esec Tupinambás (Kelen Leite)