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Água e Território é o tema da 5° Conferência Geraizeira
Publicado em
18/04/2018 18h20
Evento aconteceu no município de Vargem Grande do Rio Pardo; e contou com 600 participantes.
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes Geraizeiras, unidade de conservação gerida pelo ICMBio, foi palco, nos dias 6 a 8 de abril, da 5° Conferência Geraizeira, com o tema Água e Território. O evento, que ocorreu na comunidade de Catanduva, município de Vargem Grande do Rio Pardo, norte de Minas Gerais, teve como objetivo fortalecer a identidade das populações, compartilhar experiências e um espaço para denúncias relacionadas à violação de direitos. Além de avaliar a situação atual das lutas por território e água, refletir sobre a importância das águas dos gerais, cabeceiras de nascentes, córregos, rios e ribeirões e debater propostas de regularização fundiária dos territórios frente ao marco legal de povos e comunidades tradicionais.
Participaram cerca de 600 pessoas, das quais 150 pessoas eram da RDS Nascentes Geraizeiras, além de representantes de 57 comunidades de 13 municípios entre eles povos quilombolas, vazanteiros e indígenas. Os pesquisadores e representantes de órgãos de governos Federais e Estado como da SEDA (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário) ouviram das comunidades as suas principais necessidades, já que muitas sofrem com as invasões das mineradoras, plantações de monoculturas de eucalipto, além de empresários que aproveitam da regularização fundiária para conseguir territórios que são de uso das comunidades tradicionais.
“A Conferência foi um momento produtivo e muito bem aproveitado. Por meio de trocas de experiências e a comunicação com outros povos, as pessoas passaram a acreditar que não estão sozinhas na luta”, destaca Sueli Ribeiro de Oliveira, moradora e uma das lideranças da Comunidade Catanduva. Para a participante Eliad Gisele Alves, apanhadora de Flor Sempre Viva da região de Diamantina, a luta representa a unificação de diversos povos e comunidades. “Somos diferentes povos, mas com um objetivo em comum, o nosso inimigo é sempre o mesmo, tanto para nós, apanhadores de flores, como para os indígenas, vazanteiros, geraizeiros, enfim a luta se resume na busca de direitos de ir e vir, na busca da conquista pelo território e o direito de uma vida digna no campo”.
Para coordenador Regional da CR 11 Frederico Drumond Martins, que participou do evento, foi um momento muito rico de afirmação da relação positiva da comunidade tradicional com o Cerrado. “Ficamos impressionados de como os Geraizeiros e principalmente as Geraizeiras têm lutado pela preservação do Cerrado naquela região, ao qual dão o nome de Gerais”, ressaltou.
Sobre o encontro
O primeiro dia teve como tema “Cerrado, Berço das águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida, e refletiu sobre a importância do Cerrado para as águas e as formas de viver com a sustentabilidade, conhecendo um pouco mais sobre o bioma. No segundo, foi sobre o “Território e Cultura: um modo de viver no Cerrado” ao tratar sobre os recursos naturais, plantas e remédios da região. “Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais” foi o último assunto ao abordar sobre as leis, caminhos e estratégias, para que sejam, realmente, aplicadas na vida das comunidades tradicionais.
A Conferência contou com o apoio do Conselho Gestor da RDS, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Sindicato Movimento Geraizeiro, do CAA-NM, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, do Projeto Bem Diverso (Embrapa/Cenargem), do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo de Minas e da Articulação Rosalino, além das demais instituições de pesquisas e organizações governamentais.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280