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ICMBio divulga nova lista de espécies da fauna ameaçadas
Vitória (08/06/2022) – No Dia Mundial dos Oceanos, pensar neste grande pulmão do mundo como aquele sem o qual a vida se tornaria bem complicada, é algo para debatermos e mais do que isso: avaliarmos as possibilidades de mudar a rota de sua degradação ambiental enquanto ainda há tempo. A frase conhecida de que para cuidar de um ser humano é preciso não apenas dos pais, mas de uma aldeia inteira, replica-se quando o assunto é a conservação da biodiversidade brasileira, em especial dos oceanos. Para que espécies consideradas ameaçadas saiam desse patamar e ganhem cenários mais otimistas de perpetuação, é preciso um trabalho árduo de uma série de instituições como governo federal (MMA, Ibama, ICMBio), órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, além de organizações não-governamentais trabalhando na conservação ambiental, da academia, com sua produção de conhecimento; e do meio empresarial, atuando de forma compatível com a sustentabilidade do ambiente.
Mas a sociedade como um todo é a peça-chave dessa engrenagem. A atuação dos cidadãos e de organizações da sociedade civil, expressando sua preocupação com a preservação do meio ambiente e das espécies ameaçadas, gera a necessidade de ações de conservação por parte de governos e entidades não-governamentais. Procura-se desta forma fazer cumprir o Artigo 225 da Constituição, que diz que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e que cabe ao Poder Público e à coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Para a melhor atuação da sociedade, são sempre essenciais a correta informação e a educação ambiental.
E nesta corrente, o ICMBio atua por meio de 14 centros de pesquisa e conservação que cobrem um leque extremamente amplo de grupos animais e de ambientes naturais, incluindo tartarugas marinhas, anfíbios, répteis, mamíferos aquáticos, mamíferos carnívoros, primatas, peixes, aves, a biodiversidade de ecossistemas como o da Amazônia, do Cerrado, biodiversidade marinha e aquática continental, e cavernas, e incluindo ainda um Centro especializado na conservação da sociobiodiversidade em ambientes e territórios utilizados por povos e comunidades tradicionais.
Como resultado desse esforço conjunto, e uma notícia alvissareira, das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil e que tiveram o seu status de conservação reavaliado, quatro melhoraram o seu grau de avaliação, descendo um degrau na escala das categorias ameaçadas, sendo que uma delas - a tartaruga-verde (Chelonia mydas) - saiu do grupo das espécies ameaçadas, sendo agora classificada como Quase Ameaçada.
Esta nova categoria de classificação indica que a tartaruga-verde está próxima de uma situação de ameaçada, à qual poderia voltar ante a constante ação de determinadas atividades humanas que representam ameaças para as tartarugas marinhas, como capturas acidentais em redes de pesca e a poluição do mar por produtos químicos e plásticos que podem ser ingeridos pelas tartarugas, com resultado muitas vezes fatal. Isto requer a manutenção permanente de ações de conservação. Nesse sentido, na nova classificação como Quase Ameaçada, a tartaruga-verde permanece dependente de ações de conservação.
Essa nova situação requer ainda mais esforços da sociedade para atenuar os efeitos negativos do desenvolvimento, visto que as tartarugas-verdes habitam, em parte da sua fase juvenil, as áreas costeiras do mar, onde estão sujeitas a diversos tipos de impactos, incluindo os já mencionados (pesca e poluição), além da ocupação ou alteração de seus habitats por atividades humanas.
Celebrar é sempre importante quando uma espécie melhora o seu status de conservação. Mas é imprescindível compreender que esse fato se deve a mais de 40 anos dedicados à conservação por diversas instituições e seus especialistas, principalmente os que atuam nas ilhas oceânicas do Monumento Natural (MONA) das Ilhas de Trindade e Martim Vaz e Monte Columbia, Parque Nacional (Parna) e Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha e Reserva Biológica (REBIO) Atol das Rocas, locais de nidificação desta espécie no Atlântico Sudoeste.
A melhora observada nos últimos anos, na abundância de juvenis, não se refletiu ainda em um maior número de fêmeas desovando e de mais ninhos nas praias destas ilhas, considerando que as tartarugas-verdes levam mais de 20 anos para chegarem à fase adulta. Daí a cautela e a necessidade de continuidade dos trabalhos de pesquisa e conservação.
Graças a essas ações de conservação de longo prazo, outros resultados vêm sendo alcançados: a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) passou para a categoria ‘Em Perigo’, saindo da categoria 'Criticamente em Perigo', e a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) passaram para a categoria ‘Vulnerável’, saindo da categoria ‘Em Perigo’. A tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), no entanto, permanece como ‘Criticamente em Perigo’ e requer a intensificação das ações de conservação para a reversão desse quadro.
Esses casos de relativo sucesso na conservação refletem um esforço de mais de 40 anos, após o início de ações de proteção dessas espécies no mundo e no Brasil, e demonstram que estratégias de longo prazo são necessárias e podem resultar em sucesso na reversão de riscos de extinção de espécies.
“O trabalho não para. Mesmo contentes com os resultados alcançados, continuamos trabalhando arduamente para que as espécies de tartarugas marinhas continuem galgando patamares melhores de conservação, cumprindo com seu papel ecológico, e nisso nos referimos tanto à tartaruga-verde quanto à tartaruga-de-couro ou Gigante, que requer ainda mais atenção", frisa o coordenador do Centro TAMAR/ICMBio, Joca Thomé.
Confira a matéria no site do MMA, clicando aqui.
Confira a Nova Lista de Espécies Ameaçadas detalhadas na Portaria 148, de 07/06/2022, clicando aqui.
Confira no Instagram do ICMBio-MMA arte ilustrativa bem explicada dos resultados, clicando aqui.
Comunicação Centro TAMAR/ICMBio
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