Pesquisa e Monitoramento
O CPB buscou ao longo de sua existência concentrar esforços na geração de informações sobre espécies de primatas ameaçados, em especial, e mesmo populações, pouco conhecidas e/ou que não dispunham de nenhuma ação de pesquisa em andamento.
Nesta lógica, o CPB mapeou populações de primatas ameaçados com ocorrência no Nordeste Brasileiro, mais especificamente de Callicebus coimbrai, Cebus kaapori, Alouatta ululata, A. belzebul e Sapajus flavius, este último táxon redescoberto em 2006 por este Centro em parceria com a UFPB. Gerou informações sobre a demografia, ecologia, genética e aspectos sanitários de Sapajus flavius e Callicebus coimbrai. Com o apoio da Rebio Guaribas promoveu, e segue atuando, na consolidação do repovoamento por A. belzebul nesta Unidade de Conservação. Atuou em situações de epizootias envolvendo Callithrix, Sapajus e Alouatta e estabeleceu cooperações com diversos grupos de pesquisa pelo Brasil.
Ultimamente, este Centro vem se dedicando às ações de pesquisa (1) apontadas pelos Planos de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central e Primatas do Nordeste. Como o estudo de métodos para o manejo e controle de populações de primatas invasores, análises de viabilidade populacional, de programas de conectividade, dentre outras. E (2) a execução de projetos não vinculados diretamente a PANs, mas que subsidiarão os futuros e mesmo os PANs já existentes. A saber, o Projeto "Primatas em Unidades de Conservação da Amazônia", que conta com a participação de Analistas Ambientais primatólogos lotados em unidades descentralizadas pela Amazônia Legal, e o estudo "Efeito da implantação de conexão artificial por meio de barramento hidroelétrico nos padrões de deslocamento, dispersão e de possível hibridação, em populações de primatas ameaçados de diferentes espécies", que aborda questões relacionadas ao movimento de primatas além de seus limites originais de distribuição permitidos pela presença de estruturas antrópicas, como pontes.
Informações sobre os Projetos:
- Programa de Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio – Programa MONITORA
O CPB apoia a implementação dos protocolos básicos para mamíferos de médio e grande porte e aves cinegéticas. Além disso, é responsável pela validação dos dados coletados de primatas e xenartros e pelas análises decorrentes para compor os relatórios gerais e as devolutivas para as Unidades de Conservação.
- Projeto Primatas em Unidades de Conservação da Amazônia – PUCA
O PUCA foi criado em 2010 com o objetivo de levantar e integrar informações sobre primatas nas Unidades de Conservação da Amazônia visando subsidiar a elaboração de planos de manejo, avaliação do estado de conservação de espécies e planos de ação para táxons ameaçados. Até 2019 foram realizadas expedições em quatorze unidades de conservação da Amazônia legal, nos estados do Amapá, Maranhão, Pará, Roraima, Amazonas e Rondônia. Saiba mais clique aqui.
O resultado de algumas dessas expedições está publicado na edição especial sobre Pesquisa e Conservação de Primatas Amazônicos da Revista Biodiversidade Brasileira. https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/719
- Projeto Conectividade - Conectando fragmentos para conservação de primatas ameaçados no Nordeste
O “Projeto Conectividade” teve início com o trabalho de pós-doutorado da bolsista Dra. Gabriela Ludwig intitulado “Estudo da conectividade de fragmentos florestais de Mata Atlântica prioritários para a conservação de espécies ameaçadas de primatas no estado a Paraíba”. Este estudo foi desenvolvido em três anos (2015 a 2018) como implementação de ações do PAN Primatas do Nordeste e focado em duas das seis espécies alvo do PAN: o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) e o macaco-prego-galego (Sapajus flavius). O projeto segue em desenvolvimento com a parceria do CPB/ICMBio e colaboradores do PAN.
O projeto conta com vistorias em fragmentos florestais da Paraíba e regiões limítrofes (PE e RN), para atualização dos registros de ocorrência das espécies. Até agora, dos 26 já conhecidos, ampliamos para 38 fragmentos com a presença de uma ou ambas as espécies.
Com o apoio de bolsistas PIBIC e CIEE da UFPB, grupos de guaribas e macacos-prego foram acompanhados ao longo de um ano em fragmentos que fazem parte de um corredor florestal em implementação (“Corredor florestal Pacatuba-Gargaú”), para avaliar como os animais estão lidando com a grande ameaça que é a fragmentação de habitat.
Foi realizado também um estudo de ecologia da paisagem onde analisou-se toda a estrutura da paisagem de ocorrência destas espécies no estado e avaliada a conectividade estrutural e funcional dos fragmentos florestais de Mata Atlântica com propostas de corredores florestais.
Em parceria com a empresa Usina Japungu Agroindustrial, durante a semana do meio ambiente de 2019 alunos de uma escola da comunidade ajudaram no plantio de árvores do corredor além de participarem de outras atividades educativas. Foi também instalada uma ponte de passagem de fauna para os primatas onde há intenso tráfego de treminhões e ocorreram mortes de guariba por eletrocussão. Foi instalada uma armadilha fotográfica para o monitoramento da ponte. As próximas etapas deste projeto será a instalação de outras pontes de passagem de fauna em outros pontos sensíveis dos corredores projetados, instalação e monitoria de armadilhas fotográficas nas mesmas e contínua vistoria de fragmentos florestais com possível ocorrência das espécies.
- Projeto Primatas Ameaçados do Nordeste: Conhecendo populações e habitats para conservar espécies
Projeto aprovado pelo Fundo de Defesa de Direitos Difusos do Ministério da Justiça, com duração prevista de 24 meses, e com o objetivo de desenvolver um estudo de ecologia e genética de paisagem para avaliar a persistência e a dinâmica meta populacional de primatas ameaçados do Nordeste, visando gerar informações científicas que subsidiem a manutenção de populações viáveis, o estabelecimento de corredores florestais e a recuperação de áreas degradadas para reparação de danos históricos ao meio ambiente, de acordo com o Plano de Ação Nacional para Conservação dos Primatas do Nordeste (PAN PRINE).