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Turismo sustentável: Petar recebe atividades de conservação e recuperação de cavernas
Atividades práticas realizadas no Petar – Foto Vitor Moura
Com 521 cavernas em uma área de 35 mil hectares de Mata Atlântica, no sul de São Paulo, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira recebeu dos dias 5 a 9 de agosto um curso de práticas de conservação e recuperação ambiental em cavernas turísticas. A atividade faz parte do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil). Ministrado pelos espeleólogos Luciana Alt e Vitor Moura, o objetivo do curso foi capacitar pessoas que atuam nesses ambientes naturais nas atividades de gestão, instalação e manutenção de infraestrutura ou atividades de uso público, como condutores de visitantes, brigadistas, servidores públicos entre outros.
“Nós escolhemos realizar esse módulo do curso no Petar porque é um parque que apesar de ser aberto ao público, ainda necessita de um ordenamento da visitação, que já acontece nas cavernas. O parque teve um Plano de Manejo Espeleológico (PME) bem amplo aprovado em 2013, mas até hoje algumas das ações previstas não foram implementadas de forma efetiva. Muitas grutas do parque têm a delimitação de trilhas indicadas, mas ainda não foram implementadas, esse é um dos motivos que nos levaram a escolher o local”, afirmou Vitor Moura
Segundo o espeleólogo, para que nesses lugares possa haver um turismo sustentável, é necessário que os visitantes compreendam a fragilidade e a baixa resiliência inerente aos ambientes cavernícolas. Entre os principais impactos negativos observados nas cavernas, estão pisoteamentos em grandes áreas, pichações e quebra de espeleotemas. “Quando o turista entra numa caverna, geralmente ele não sabe que esse é um ambiente muito frágil e vulnerável. Qualquer dano que for feito, provavelmente não haverá recuperação ou a recuperação será muito difícil. Se o turista souber disso, ele poderá ter uma noção de conservação melhor. Essa é a ideia central do curso. Fazer um dano em uma caverna é muito fácil, mas recuperar é muito difícil ou impossível”, reitera Vitor.
Quanto às técnicas utilizadas no trabalho de recuperação de cavernas, Luciana Alt explica que “é fundamental não utilizar produtos químicos e não realizar ações que porventura amplifiquem ou agravem os danos existentes ou causem novos danos”. Além disso, são usadas técnicas de mapeamento de impactos, monitoramento, limpeza de espeleotemas e remoção de pixações.
Vitor e Luciana também dizem que no curso de conservação e recuperação de cavernas é dado um enfoque muito grande em monitoramento e mapeamento de impactos, mais do que é feito no exterior. Segundo os espeleólogos, esse é o principal diferencial aqui no país. “As ações de conservação que existem fora do Brasil são mais de recuperação de danos efetivamente, não há tanto essa preocupação que a gente tem com o monitoramento”, afirmou Vitor.
PAN Cavernas do Brasil
Além do curso de conservação e recuperação de cavernas, o PAN Cavernas do Brasil possui 44 ações, que são distribuídas em quatro objetivos específicos, visando cumprir o objetivo geral: prevenir, reduzir e mitigar os impactos e danos antrópicos sobre o patrimônio espeleológico brasileiro, espécies e ambientes associados, em cinco anos. Além disso, contempla 169 táxons nacionalmente ameaçados de extinção, estabelecendo seu objetivo geral, objetivos específicos, prazo de execução, formas de implementação, supervisão e revisão.