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Projeto socioeducativo promoverá viagens tridimensionais por cavernas brasileiras
Equipe durante obtenção de imagens aéreas no lajedo da Furna Nova, Parque Nacional da Furna Feia/RN Foto: Rubson Maia (UFC)
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), está conduzindo um trabalho que resultará no imageamento em 3D de algumas cavernas do Parque Nacional da Furna Feia (RN) e do seu entorno. Inserido no projeto “Vivências 3D”, a iniciativa pretende desenvolver programas socioeducativos permanentes, além de potencializar ações de pesquisa não-invasivas, de documentação de atributos de espeleotemas sensíveis e promover o turismo virtual, inicialmente nos Parques Nacionais das Cavernas do Peruaçu/MG e da Furna Feia/RN. A ideia é estimular a conscientização, implementar a sustentabilidade e garantir a conservação dos ambientes cavernícolas e espécies associadas.
O geógrafo, doutor em geodinâmica e geofísica e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Rubson Maia, explica que os modelos digitais que estão sendo produzidos são ultra realísticos, eles podem ser visitados em ambiente digital, no computador, como se fosse um jogo, mas também podem ser visitados por meio de uma imersão virtual. “Essa segunda modalidade é muito realista, é como se você tivesse dentro da caverna. Isso pode ampliar muito o conhecimento da caverna em relação à quantidade de pessoas que a visitam. Se há uma caverna que recebe mil pessoas por ano, ela pode passar a receber mais de um milhão porque o modelo digital pode ser enviado para outras pessoas, outros países, sem problema nenhum”, afirmou.
Para o professor, tornar as cavernas mais conhecidas resulta no aumento da sensibilização, uma vez que é muito mais fácil as pessoas preservarem aquilo que conhecem. “As campanhas conservacionistas de caráter biológico têm tanta potência porque as pessoas veem o animal, como as tartarugas marinhas, o mico-leão-dourado, e criam um vínculo afetivo com aquela espécie. Com as cavernas não seria diferente porque são espaços espetaculares, que trazem informações relevantes sobre o passado e sobre a evolução morfológica da Terra”, explicou Rubson.
Os primeiros passos desse trabalho ocorreram em uma expedição realizada em setembro, na região do munícipio de Baraúna, no Parque Nacional da Furna Feia (RN). “Nessa expedição foram obtidas toda a gama de imagens necessárias para realização do imageamento. Foram utilizadas três tecnologias: a obtenção de aerofotogrametria, com utilização de drone, que permite mapear a superfície do terreno. Depois, foi feito o escaneamento em 3D das cavernas, por meio de nuvem de pontos e fotografias digitais. A ideia é juntar o escaneamento em 3D com essas fotografias e obter um modelo 3D da caverna. Após esse trabalho, é possível juntar esse modelo em 3D das cavernas com os dados do escaneamento com drone na superfície e ter o modelo digital de todo o terreno”, afirmou o analista ambiental do ICMBio/Cecav, Diego Bento.
A expedição percorreu o Abrigo do Letreiro, uma caverna com pinturas rupestres, além da Furna Nova e da Furna Feia. No momento, a UFC trabalha no processamento dessas imagens que, segundo Diego, levará em torno de um ano para ser finalizado. A ação está alinhada ao Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico (Portaria MMA 358/2009), mais especificamente com seu Componente 1, que visa o apoio à geração, sistematização e disponibilização de informações sobre o Patrimônio espeleológico do país, apoiando a gestão com metas relacionadas à produção de inventários, e à realização de pesquisas.