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Lista Vermelha: risco de extinção de espécies que vivem em cavernas é avaliado
Troglobentosminthurus luridus - Foto: Rodrigo Lopes Ferreira (UFLA)
Com o objetivo de oferecer subsídios técnico-científicos para publicação da nova lista oficial de espécies ameaçadas, publicada periodicamente pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav) e diversos pesquisadores realizaram a segunda avaliação do risco de extinção dos invertebrados troglóbios (aqueles que só vivem em cavernas e outros habitats subterrâneos). Foram 173 espécies avaliadas e, destas, 64 foram consideradas ameaçadas (27 categorizadas como Criticamente em Perigo, 18 como Em Perigo e 19 como Vulnerável), nove Quase Ameaçadas (NT), 84 Menos Preocupantes (LC) e 16 como Dados Insuficientes (DD). Para a avaliação oficial do risco de extinção da fauna brasileira, o ICMBio adota o método de categorias e critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A ideia é que, até o final do ano, as espécies avaliadas passem por uma oficina de validação. Nessa etapa, a categorização será analisada por especialistas na aplicação do método da IUCN. Após essa análise, a etapa técnica será concluída no ICMBio e o resultado será enviado ao MMA.
O analista ambiental do ICMBio/Cecav e ponto focal da avaliação dos invertebrados troglóbios, Diego Bento, explica que “as espécies avaliadas foram agrupadas de acordo com os grupos taxonômicos e/ou região geográfica. A ideia foi avaliar grupos de espécies de acordo com a presença de especialistas no grupo taxonômico e de pesquisadores que conheciam as cavernas e os impactos antrópicos na região. A partir daí, a ficha de cada uma das espécies foi avaliada, o método de categorias e critérios da IUCN foi aplicado e as espécies foram categorizadas”.
Segundo Diego, antes da oficina presencial, houve um processo de consulta pública ampla onde todas as fichas das espécies a serem avaliadas foram disponibilizadas no salve público. Além disso, houve também consultas diretas e específicas a pesquisadores que não puderam participar presencialmente da oficina. Todas essas contribuições foram compiladas e consideradas durante o encontro.
Além dos servidores e bolsistas do ICMBio, participaram da oficina 25 pesquisadores vinculados a outras sete instituições de pesquisa e quatro consultorias ambientais. Participaram como facilitadores os analistas Estevão Carino Fernandes de Souza, do ICMBio/CBC, e Arthur Jorge Brant Caldas Pereira, Coordenador de Avaliação do Risco de Extinção de Espécies da Fauna – COFAU/ DIBIO, e as bolsistas Cibelle Borges Henriques e Mariana Garcez Stein.
Sobre a avaliação do risco de extinção
O ICMBio tem por meta a avaliação e reavaliação periódica de todas as espécies de vertebrados, bem como de alguns grupos de invertebrados. “Os invertebrados exclusivamente subterrâneos se encaixam nisso, pois frequentemente apresentam distribuição muito restrita e a maioria das espécies avaliadas está oficialmente ameaçada de extinção”, afirmou Diego Bento.
O analista ambiental conta que a primeira avaliação do risco de extinção dos invertebrados troglóbios ocorreu em 2018, quando as 145 espécies descritas até então foram avaliadas. “Desde então, dezenas de novas espécies foram descritas, muitas delas possivelmente ameaçadas. Além disso, havia novas informações para outras espécies já descritas e avaliadas que justificavam uma reavaliação”, explicou Diego.