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ICMBio/Cecav 27 anos: conheça alguns resultados de projetos contínuos desenvolvidos
Instalação de equipamento de monitoramento microclimático no interior da Furna Nova - Parque Nacional da Furna Feia (RN) - Foto: Mauro Gomes (ICMBio/Cecav)
Em junho, o ICMBio/Cecav completou 27 anos de existência, se destacando no fomento e apoio à pesquisa e representando um papel fundamental no desenvolvimento da espeleologia no Brasil. Além do suporte e realização de diversos projetos e atividades de conservação realizados por meio de recursos de compensação espeleológica, atualmente a instituição conduz três ações contínuas: Inventário Anual do Patrimônio Espeleológico Brasileiro, Monitoramento do Patrimônio Espeleológico e Avaliação do Risco de Extinção de Espécies da Fauna Brasileira. As iniciativas abrangem pesquisas, monitoramento e levantamentos ligados à ampliação do conhecimento sobre as cavidades naturais subterrâneas e espécies associadas.
Inventário Anual do Patrimônio Espeleológico Brasileiro
O projeto atende ao disposto no Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico (instituído pela Portaria MMA N° 358, de 30 de setembro de 2009 e está relacionado à meta "Conhecimento Espeleológico", que visa o apoio à geração e disseminação de informações. Até 2023, a ação foi responsável pela prospecção exocárstica de aproximadamente 3.975 hectares de áreas de alta potencialidade espeleológica, além da identificação e validação de 1610 novas cavernas, validação geoespacial de 850 cavidades já constantes no Canie e pela topografia e caracterização ambiental de 144 cavernas. As ações do projeto Inventário ocorreram, até o momento, em 12 estados das cinco regiões brasileiras.
A metodologia para realização de atividades de monitoramento de impactos ambientais sobre o patrimônio espeleológico brasileiro é composta pelas seguintes atividades:
·Identificação de áreas vulneráveis e principais ameaças ao patrimônio espeleológico
·Inventário das áreas vulneráveis
·Estudo para relacionar as principais ameaças com os sinais vitais, utilizando causa e efeito
·Definição de itens de controle e verificação
O monitoramento de parâmetros climáticos teve início em 2017 em sete cavernas com uso turístico no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG) e na Gruta de Nossa Senhora da Lapa, também conhecida como Lapa de Antônio Pereira, considerada Monumento Natural Municipal pela prefeitura de Ouro Preto. As ações deste projeto foram definidas para atender o Componente 4 “Monitoramento, Avaliação, Prevenção e Mitigação de Impactos sobre o Patrimônio Espeleológico” do Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico (Portaria MMA Nº 358/2009).
A aquisição de dados é realizada por meio de dispositivos automatizados instalados nos diversos ambientes internos das cavernas, que desde 2017 registram diariamente os dados de temperatura e umidade relativa do ar de maneira ininterrupta em intervalos de 10 minutos.
As atividades de monitoramento na Lapa de Antônio Pereira foram concluídas em 2021 com a publicação da tese “Espeleoclima da Lapa de Antônio Pereira (Ouro Preto, MG): monitoramento espeleometeorológico e zoneamento atmosférico cavernícola” e é considerado um dos principais estudos de longa duração realizados no país.
O projeto “Uso de Cavidades Naturais e entorno por Vertebrados e Interações Ecológicas Associadas” tem como objetivos determinar o uso e ocupação dos vertebrados em cavidades naturais e em seu entorno, identificando suas necessidades, pressões sofridas pela ação antrópica e as diferentes relações ecológicas comportamentais inter e intraespecíficas nestes ambientes.
Por meio de seus resultados, o projeto visa auxiliar na elaboração de diretrizes do licenciamento ambiental, relacionadas à determinação da área de influência, utilizando os vertebrados e seus parasitos como indicadores e ao adequado monitoramento das cavidades potencialmente impactadas em áreas não protegidas.
Avaliação do risco de extinção de espécies da fauna brasileira
O processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira, coordenado pelo ICMBio, visa atender ao Programa Pró-Espécies instituído pela Portaria MMA nº 43/2014. Este processo consiste em avaliar o risco de uma espécie se tornar extinta no futuro próximo, dado o conhecimento atual das tendências populacionais, a distribuição, e as ameaças recentes, atuais ou projetadas.
O ICMBio/Cecav desenvolve as funções de ponto focal dos invertebrados troglóbios e morcegos, sendo que, em 2023, dois servidores atuaram na avaliação. Quanto aos invertebrados troglóbios, 145 espécies foram avaliadas na oficina de avaliação realizada em 2018. Em 2019, foi realizada a etapa de validação, e em 2020 e 2021 avançou-se na revisão das fichas para publicação no módulo público do SALVE. Em maio deste ano, houve a segunda oficina de avaliação dos invertebrados troglóbios, focada nas novas espécies descritas após 2018 e aquelas já avaliadas, mas que possuem novos dados que podem levar a uma categorização diferente da atual. Nas próximas edições da EspeleInfo traremos maiores detalhes sobre essa última avaliação.