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Capacitação prepara servidores para ações de segurança e primeiros socorros em cavidades naturais e áreas remotas
Entre os dias 30/05 a 02/06, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas ( ICMBio / Cecav ) promoveu um curso em segurança e primeiros socorros avançado em cavidades naturais e áreas remotas. A atividade aconteceu na Serra do Cipó (MG) e foi conduzida pela empresa Ativo Ambiental. O objetivo da ação foi treinar espeleólogos na prevenção de acidentes de trabalhos de campo, além de identificar e atuar na gestão de risco e situações de emergência já consolidadas. Além dos servidores do ICMBio / Cecav , o treinamento também contou com a participação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres ( ICMBio / Cemave ), do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Cipó-Pedreira e da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa (MG), envolvidos em atividades de pesquisa, conservação, licenciamento e/ou fiscalização do patrimônio espeleológico, além de um membro da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE).
Durante o curso, foram realizadas aulas teóricas e atividades práticas relacionadas ao treinamento em primeiros socorros avançado; auto resgate e gestão de emergência; identificação, cuidados, prevenção e riscos em relação a animais selvagens e peçonhentos; comunicação assertiva; prevenção e riscos de descargas atmosféricas e riscos geotécnicos; orientação e navegação com a utilização de cartas topográficas, mapas de cavidades e leitura de terreno; uso de equipamentos de segurança e técnicas de porteio de maca.
“O Curso de Segurança e Primeiros Socorros realizado foi extremamente importante para o aumento do meu conhecimento na área. Foi muito bem estruturado, com instrutores experientes e comprometidos, teoria bem fundamentada. A prática nos levou a estados de tensão com a necessidade de exercer a calma e atenção redobradas. O local escolhido nos forneceu as mais diversas formas para se fazer os primeiros socorros, levando à eficácia no salvamento. Entendo que é um curso tão importante que deveria se tornar curricular para o ICMBio ” comentou o analista ambiental da APA Carste de Lagoa Santa, Júlio Botelho.
No dia 25/05, servidores do ICMBio / Cecav também participaram dos cursos de d ireção d efensiva e o ff Road , em Brumadinho (MG). A ideia foi capacitar servidores em direção preventiva, segura e na condução de veículos 4x4, em situações adversas em atividades de campo. Tais capacitações propiciam maior segurança ao motorista e demais passageiros, além de promover o uso racional do veículo, evitando problemas em campo e diminuindo o desgaste desnecessários de peças dos veículos e, consequentemente, evitando gastos com manutenção. Os cursos abordaram o conhecimento e uso correto dos equipamentos veiculares atuais como: sistema de tração, redução, bloqueio, roda livre, freios ABS; bloqueios de diferenciais ARB e LSD; pré-tencionadores de cinto; recursos tecnológicos embarcados do ponto de vista positivo e negativo no off- road ; características técnicas, recursos e limites de um veículo 4x4; roda livre; marchas reduzidas; pneus: off- road x piso; e condução 4x4 em estrada de terra, lama, areia, dunas, rochas, aclives, declives, inclinação lateral e travessia de trechos com água.
“Conhecer os recursos off road do veículo e saber como usá-los é fundamental durante a realização dos trabalhos do ICMBio / Cecav , pois constantemente precisamos ir a locais em condições precárias de acesso. Para mim, o curso foi fundamental por apresentar de forma muito clara diversas situações com as quais precisamos lidar no trabalho de campo, para trafegar em estradas precárias, minimizando riscos de “ficar no meio do caminho”. Além disso, o curso demonstrou que o melhor uso dos recursos off road reduz a chance de acidentes para os passageiros e o desgaste ou avaria do veículo”, comentou o analista ambiental do ICMBio / Cecav , Darcy Santos.
As capacitações fazem parte do Projeto Segurança, Prevenção de Acidentes e Primeiros Socorros em Cavidades Naturais Subterrâneas e Áreas Remotas e tem também entre os seus objetivos a aquisição de equipamentos de segurança e o desenvolvimento de protocolos de segurança, primeiros socorros e resgate a serem utilizados nas atividades de campo do ICMBio / Cecav . A previsão é que em agosto sejam abertas novas turmas tanto para o curso de em se gurança e pr imeiros socorros, quanto para o de d ireção d ef ensiva e o ff r o ad .
De acordo com o coordenador do projeto e analista ambiental, Maurício Andrade, “devido às peculiaridades do ambiente subterrâneo, a espeleologia envolve riscos que podem ir além dos convencionais de uma atividade de campo em ambiente aberto. Os perigos relacionados às atividades da espeleologia vão desde a saída para a viagem, passando pela execução de ações dentro de uma caverna e só terminando após o retorno. Os riscos estão presentes durante a condução de um veículo, durante a caminhada até a entrada da caverna e, principalmente, durante a execução do trabalho dentro da caverna, ambiente caracterizado como adverso e insalubre. Atividades em cavernas são muito cansativas e, portanto, a fadiga potencializa o risco de acidentes no final do período de trabalho ou no retorno da atividade de campo”.
Principais riscos relacionados ao trabalho em cavidades naturais e áreas remotas
Diversos são os obstáculos e ameaças presentes no ambiente subterrâneo e seu entorno, que podem levar o espeleólogo a um acidente de trabalho. Problemas como descargas atmosféricas, trombas d’água, alagamentos, tetos baixos, condutos estreitos, pisos escorregadios, presença de abismos, de animais peçonhentos, de animais selvagens, de abelhas e marimbondos são alguns dos obstáculos presentes no meio externo e subterrâneo. Afogamentos e lesões podem ser causados pela cheia repentina de rios e córregos, tanto dentro como fora de cavernas, devido às chuvas fortes e tempestades. Também podem ser causados pela presença de trechos de forte correntezas dos rios, associados principalmente a tetos baixos e passagens estreitas. A hipotermia pode ocorrer em cavernas molhadas devido a vestimentas incorretas. Quedas podem ocorrer em trechos irregulares, escorregadios ou de escalada onde não se tomou a devida segurança, além de se relacionarem também ao uso inadequado de técnicas e equipamentos em lances verticais (abismos). Queda de pedras em lances verticais podem ocasionar lesões graves. Todos esses acidentes em cavernas representam um grande desafio para o resgate da vítima, sendo que tais operações podem durar várias horas ou dias. Ferimentos considerados leves em situações normais podem trazer riscos reais para a vida da vítima se esta estiver em uma caverna, dada a dificuldade em removê-la e o tempo gasto para fazê-lo.
“O espeleólogo tem que possuir e saber utilizar as vestimentas e os equipamentos de segurança adequados para essas situações. Ele também precisa saber avaliar e mitigar as situações de risco, além de saber agir nos momentos em que algum acidente ocorre com um membro da equipe. A prevenção de acidentes deve ser considerada um objetivo prioritário e, para tal, é fundamental que cada espeleólogo seja capacitado para a prevenção de acidentes e compreenda e assuma com responsabilidade sua própria função, objetivando melhorias contínuas nas condições de trabalho”, conclui Maurício Andrade.