Notícias
Atividade promovida pelo ICMBio/Cecav envolveu docentes da rede pública de ensino de Felipe Guerra e Baraúna, municípios do Rio Grande do Norte
Capacitação de professores busca multiplicar conhecimento sobre as cavernas
Entre os dias 30/03 e 02/04, uma equipe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav) realizou capacitação de professores da rede pública de ensino. A atividade foi realizada nos municípios de Felipe Guerra e Baraúna, no Rio Grande do Norte, regiões que concentram a maioria das cavernas atualmente conhecidas no estado. A ideia da ação é estimular o ensino de alunos sobre assuntos relacionados ao patrimônio espeleológico e sua biodiversidade.
A capacitação está inserida no projeto "Revelando a biodiversidade subterrânea em um oásis na Caatinga", desenvolvido por meio do Termo de Compromisso de Compensação Espeleológica (TCCE) ICMBio/Vale 1/2018, coordenado pela Base Avançada do ICMBio/Cecav no Rio Grande do Norte. O trabalho de educação ambiental está inserido também no doutorado da pesquisadora Valéria Fonseca Vale, do Programa de Pós-graduação em Sistemática e Evolução (PPGSE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O projeto desenvolvido com os professores foi iniciado com a obtenção da autorização do Comitê de Ética da UFRN. No final do ano passado, foram aplicados questionários a cerca de 450 alunos em Baraúna e 60 em Felipe Guerra, além de professores dos municípios. O material tem como objetivo avaliar o conhecimento prévio sobre cavernas e a biodiversidade associada. Ao final do ano letivo, novos questionários serão aplicados aos alunos e professores para que seja avaliada a estratégia de ensino.
Segundo o analista ambiental do ICMBio/Cecav, Diego Bento, “a avaliação prévia feita com os alunos indicou que, apesar de morarem próximos às maiores concentrações de cavernas no Rio Grande do Norte, o desconhecimento sobre o patrimônio espeleológico é a regra. Isso leva à fixação de preconceitos geralmente associados a ambientes subterrâneos (escuro, sujo, etc.) e também à fauna associada, principalmente no caso de morcegos e invertebrados. Assim, esperávamos um cenário parecido para os professores. Isso se confirmou, em parte, pois a maioria dos professores jamais havia visitado as cavernas da região e desconhecia a relevância do patrimônio espeleológico regional e local”.
A capacitação foi voltada principalmente para professores das disciplinas de ciências, do Ensino Fundamental, mas também envolveu professores das disciplinas de geografia, biologia, história, matemática, línguas, educação física, entre outras, tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio. A partir da capacitação, a ideia é que os professores possam aplicar em sala de aula os conhecimentos adquiridos durante o projeto.
O trabalho foi realizado nos períodos da manhã (teórico) e tarde (visita a cavernas). A parte teórica contou com uma apresentação da equipe e dos professores. Na ocasião, foi feita uma explicação sobre a pesquisa, o patrimônio espeleológico e biodiversidade associada (com foco nas cavernas de cada município). O momento também contou com a aplicação dos questionários e leitura comentada da cartilha Vida nas CaveRNas, além de uma apresentação dos resultados prévios obtidos com os questionários aplicados aos alunos, no final do ano passado e discussão sobre o processo. No período da tarde, os professores de Felipe Guerra participaram de uma visita técnica à caverna dos Crotes e os de Baraúna à Furna Feia, localizada no Parque Nacional da Furna Feia.
“Pretendemos realizar novos encontros com os professores e atividades envolvendo os alunos. Estão em elaboração outros materiais didáticos, que poderão ser distribuídos e utilizados em sala de aula, além da cartilha Vida nas CaveRNas. Todas essas atividades serão planejadas em conjunto entre a BAV Cecav/RN, UFRN e secretarias municipais de educação”, afirmou Diego Bento.
Vida nas CaveRNas
Em 2022, o ICMBio/Cecav produziu a cartilha Vida nas CaveRNas como uma estratégia de divulgação e valorização desses ambientes naturais e seus habitantes. O material apresenta, por meio de uma história em quadrinhos e atividades relacionadas, as cavernas potiguares, o ambiente em que se inserem e algumas das espécies cavernícolas mais comuns, com foco em algumas espécies troglóbias (exclusivamente subterrâneas) e sua história evolutiva. A cartilha apresenta também possíveis impactos de atividades humanas no ambiente subterrâneo e formas de resolvê-los. Foram distribuídos cerca de 2000 exemplares da cartilha às prefeituras de Felipe Guerra e Baraúna, para que fossem entregues aos professores e alunos após o processo de capacitação.
Além de Diego Bento, participaram da atividade de capacitação o técnico ambiental José Iatagan Freitas, que também faz parte da BAV ICMBio/Cecav/RN, bem como a pesquisadora Valéria Vale (PPGSE/UFRN) e o graduando Nicolas Ortiz (UFRN). Os professores Vitor e Diana Lunardi, da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), também estiveram presentes e relataram suas experiências com atividades envolvendo espeleologia no ensino de crianças, eles vêm utilizando a cartilha Vida nas CaveRNas há mais de um ano.