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A edição traz o cruzamento dos dados de 22.623 cavernas disponibilizados no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE) até dezembro de 2021
Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro 2021 é divulgado
Anuário Estatístico - Foto: Arquivo ICMBio/Cecav
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav) acaba de divulgar o Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro 2021. O novo anuário conta com o cruzamento dos dados de 22.623 cavernas disponibilizados no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE) até dezembro de 2021. Os dados do patrimônio espeleológico foram cruzados com os seguintes temas: bacias hidrográficas, biomas, solos, geologia, unidades de conservação, rodovias, ferrovias, assentamentos rurais, mineração, petróleo, Usina Hidrelétrica (UHE), Pequena Central Hidrelétrica (PCH) e Linhas de Transmissão. Clique aqui para baixar!
Em 2021, 1.118 novas cavernas foram inseridas no cadastro, o que representa uma média anual superior a 1.277 novas cavernas cadastradas nos últimos 13 anos. Nas unidades da federação, Minas Gerais, com 10.570 (46,72%), é o estado brasileiro com o maior número de cavernas conhecidas, seguido pelo Pará com 2.858 (12,63%), Bahia, com 1.694 (7,49%), e Rio Grande do Norte, com 1.362 cavernas (6,02%). Quanto aos biomas, é possível constatar que 10.633 (47%) das cavernas conhecidas no Brasil encontram-se no Cerrado. Já o Pampa e Pantanal abrigam menos 1% delas, com 37 e 12 cavernas, respectivamente.
A nova edição Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro 2021 conta com o registro de cavernas no Acre, identificadas em uma expedição realizada no Parque Nacional da Serra do Divisor. Até o ano de 2021, o Acre não dispunha de dados sobre as cavidades existentes em seu território.
Cavernas acrianas
O território brasileiro é composto por extensas áreas propícias à ocorrência de cavernas. Até o momento foram identificadas pouco mais de 22 mil cavidades, no entanto cerca de 30% dos registros não têm suas ocorrências validadas e outros 10% ou não dispõem de dados referentes à localização geoespacial ou apresentam informações errôneas, tendo em vista que a coleta e sistematização geralmente são precárias. Indo ao encontro desta problemática e visando atender ao disposto no Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico (instituído pela Portaria MMA Nº 358, de 30 de setembro de 2009), o ICMBio/Cecav vem desenvolvendo e dando continuidade ao projeto Inventário Anual do Patrimônio Espeleológico Nacional, uma das metas do componente "Conhecimento Espeleológico", que visa o apoio à geração e disseminação de informações sobre o Patrimônio Espeleológico.
Até o ano de 2021, apenas o Estado do Acre não dispunha de dados sobre as cavidades existentes em seu território. No planejamento do Projeto Inventário para 2020/2021 foi incluída uma expedição ao Parque Nacional da Serra do Divisor, pois informações do plano de manejo descrevem a ocorrência de" grandes cavernas" (IBAMA 1998) no interior da unidade, dado confirmado pelo relato de um morador da comunidade que identificou e divulgou a primeira caverna nas proximidades da localidade de Pé de Serra, área de uso público do parque.
Apesar de não estarem cadastradas no CANIE, a ocorrência de cavernas na região da Serra do Divisor foi observada ainda na década de 70, durante as incursões do Projeto RADAMBRASIL (DNPM 1977), porém sem maiores detalhes da sua localização. Também sem informação das coordenadas geográficas, observa-se o registro fotográfico de uma cavidade na Serra do Divisor em publicação do Serviço Geológico do Brasil – CPRM (CPRM 2015), entretanto, não é possível afirmar que se trata de alguma das cavernas prospectadas em 2021. Em janeiro de 2020, foi publicada a descoberta de uma caverna por um morador local, o Sr. Edson. A partir desse momento, deu-se início as discussões e preparativos para uma expedição ao Acre para realizar trabalhos de prospecção, topografia e orientação aos servidores da UC sobre como proceder em caso de novas descobertas. Já em setembro de 2021, uma semana antes da expedição, foi divulgada a descoberta da segunda caverna por outro morador da localidade de Pé de Serra, nas proximidades da primeira.
As atividades de prospecção e validação no Parque Nacional Serra do Divisor foram realizadas no período de 20 e 29 de setembro de 2021, contando com o apoio da equipe local composta pelo chefe do Parque Nacional da Serra do Divisor, Domingos Inácio, e pelo brigadista Jefferson do Santos. O trabalho também contou com o apoio da comunidade local, por meio dos Srs. Josias (mateiro/guia local), Edemir e Odair (barqueiros).
O resultado da expedição foi divulgado no 36° Congresso Brasileiro de Espeleologia, realizado entre os dias 20 a 23 de abril de 2022, em Brasília, por meio do trabalho dos servidores Daniel Mendonça, Carla Lessa, Claudia Alves e Mauro Gomes, intitulado "Inventário do Patrimônio Espeleológico Brasileiro: registro, caracterização e topografia de cavernas no Parque Nacional da Serra do Divisor", que detalhou o cadastro e a topografia das primeiras cavernas identificadas na região.
Durante os dias de campo, foram encontrados e topografados três cavernas e um abrigo, todos nas proximidades da comunidade Pé da Serra, município de Mâncio Lima, onde foi montada a base operacional da expedição, são eles: Gruta do Edson, Toca da Onça e Toca da Paca.