Biodiversidade
O Parque Nacional do Iguaçu, reconhecido como patrimônio natural mundial e palco das impressionantes Cataratas do Iguaçu, preserva importante remanescente da Mata Atlântica, compartilha sua beleza cênica e conserva sua biodiversidade promovendo benefícios socioambientais para as presentes e futuras gerações.
Com seus mais de 185 mil hectares, é um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica de interior e se insere em um contexto geográfico singular ao se conectar com outros fragmentos florestais semelhantes na Argentina, destacando-se o Parque Nacional Iguazú. Este contínuo florestal abriga uma rica biodiversidade, incluindo espécies raras e ameaçadas de extinção.
A maior população de onças-pintadas da Mata Atlântica está nos Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú. As onças são os maiores predadores terrestres das Américas e representam o topo da cadeia alimentar, sendo sua reprodução natural significativo indicador do equilíbrio do ecossistema regional.
O Rio Iguaçu, depois de cortar todo o Estado do Paraná, recebe as águas purificadas da Bacia do Rio Floriano e outros rios do Parque, onde a floresta contribui com a formação de chuvas que realimentam o sistema hídrico da região, permitindo a existência de espécies raras e altamente exigentes quanto à qualidade de água, que é ainda melhor após o rio se derramar nos paredões das Cataratas.
As majestosas Cataratas do Iguaçu, com o estrondoso barulho de suas quedas e o magnífico balé dos andorinhões, com um pôr-do-sol incandescente que abre caminho para o arco-íris prateado da lua cheia, proporciona experiências emocionantes, sensações incríveis de vivências em contato com a natureza e atrai visitantes do mundo inteiro, sendo um dos mais visitados do Brasil.
O Parque Nacional do Iguaçu guarda, ainda, o registro da passagem das diferentes culturas e ocupações do Alto Paraná, evidenciado pela presença de sítios arqueológicos das etnias Itararé e Guarani e de estruturas históricas como o Hotel das Cataratas, a Usina São João e a Estrada das Cataratas.
SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
Serviços ecossistêmicos são benefícios que são obtidos, direta ou indiretamente da natureza. O Parque Nacional do Iguaçu, ao proteger porções significativas de ecossistemas florestais e aquáticos, proporciona os seguintes serviços ecossistêmicos:
· Serviços de regulação, ou seja, benefícios obtidos a partir de processos naturais que regulam as condições ambientais, representados pela fixação de carbono e produção de biomassa, manutenção de habitats de reprodução, regulação do ciclo hidrológico, dispersão de sementes e propágulos.
Quanto aos serviços de regulação, Doubrawa et al. (2014) avaliou a dinâmica na cobertura florestal e dos estoques de carbono na bacia do Rio Iguaçu, entre os anos de 2000 e 2010, estimando assim a variação da quantidade de carbono estocada na vegetação florestal. Foi verificado aumento na produção de biomassa e no sequestro de carbono, indicando que a vegetação da bacia, principalmente na região do Parque Nacional do Iguaçu, está contribuindo positivamente para a diminuição da concentração de CO2 na atmosfera, e consequentemente os resultados negativos do efeito estufa.
· Serviços de suporte, ou seja, aqueles que contribuem para a produção de outros serviços ecossistêmicos, como manutenção da diversidade biológica e genética de espécies (importância dos ecossistemas em fornecer abrigo, alimentação e habitats para as espécies), manutenção do balanço ecológico e processos evolutivos.
Em relação aos serviços de suporte, cerca de 200 pesquisas enfocam a diversidade do parque, com destaque para o levantamento da flora, aves, peixes e mamíferos, além de estudos ecológicos. Os estudos evidenciam a importância do parque para a manutenção da diversidade biológica e genética. Destaca-se o trabalho de Ribeiro et al. (2009), amplo estudo sobre a distribuição da mata atlântica, em que indicam ser o Parque Nacional do Iguaçu um dos únicos remanescentes no Brasil que abrigam áreas core, aquelas que podem abrigar determinadas espécies da fauna e flora e processos ecológicos importantes, justamente pelo seu tamanho e integridade estrutural.
O trabalho de Salamuni et al. (2002) destaca um importante serviço ecossistêmico de suporte ao verificar que as características naturais do rio Iguaçu permitem estabelecê-lo como um dos principais agentes modeladores e mantenedores da paisagem da região, como também o delicado equilíbrio dinâmico existente no trecho que margeia o parque, que permite a formação de microambientes físicos e o desenvolvimento de núcleos biológicos particulares e de grande biodiversidade.
· Serviços de provisão, ou seja, os produtos obtidos dos ecossistemas como por exemplo, alimentos, água doce, fibras, produtos químicos, madeira, entre outros. Destaca-se, porém, que a legislação não permite explorar essa vertente em Parques Nacionais.
Segundo Salamuni et al. (2002), o PARNA do Iguaçu fornece o serviço ecossistêmico de provisão, uma vez que a região compreendida pelo Parque está inserida em uma das maiores e mais importantes reservas mundiais de água subterrânea, principalmente no que concerne à Formação Botucatu (Aqüífero Guarany). Este aquífero é responsável pelo abastecimento de um grande número de comunidades do entorno do PARNA Iguaçu.
· Serviços culturais, por possibilitar o uso educacional, de pesquisa e turístico de sua área.
Os serviços ecossistêmicos culturais providos pelo parque são bem retratados pelo título de sítio do patrimônio natural mundial da Unesco, e da premiação como uma das sete maravilhas da natureza, tendo a beleza cênica das Cataratas. O valor estético é notado a partir do sentimento de bem-estar, paz, tranquilidade e maravilhamento das pessoas perante alguns atributos do parque, tanto naturais quanto culturais (Kropf, 2014; Kropf et al. 2011).
Também se enquadram como serviços culturais o provimento de serviços educacionais, com destaque para a efetividade das ações lideradas pela Escola Parque na região (Barbado, 2008; Bar, 2009; Borba, 2017; Borba et al. 2017 e a contribuição para o provimento de informações científicas, retratado pela produção científica realizada no e sobre o parque.
UM PARAÍSO DE BIODIVERSIDADE
Carregando o misticismo da onça-pintada e a ancestralidade das samambaias, o Parque Nacional do Iguaçu é hoje moradia para mais de 2 mil espécies de plantas e animais.
Um dos últimos e mais importantes remanescentes de Mata Atlântica a resistir o desmatamento, hoje o Parque Nacional do Iguaçu compõe, juntamente ao Parque Nacional Iguazú, na Argentina, o mais importante contínuo biológico do Centro-Sul da América do Sul. Ao longo de toda a extensão do contínuo, cerca de 244 mil hectares de floresta protegida, encontram-se mais de 2 mil espécies de plantas e animais, muitas delas endêmicas da região (organismos que são encontrados exclusivamente nesse local), algumas até ameaçadas de extinção, que encontram na conservação da Unidade o conforto para que possam continuar existindo.
A região da tríplice fronteira engloba uma política trinacional de manutenção e conservação de um dos mais diversos ecossistemas neotropicais. A presença de grandes predadores, como a onça-pintada, símbolo do Parque, indicam que o ambiente se mantém saudável e equilibrado, abrigando organismos que fazem parte de todos os níveis da cadeia alimentar.
FLORA
O verde exuberante do Parque Nacional do Iguaçu é a maior e mais importante área de Floresta Estacional Semidecidual do Brasil, caracterizada por intensas chuvas de verão seguidas de uma estiagem invernal.
Abrigando mais de 700 espécies de plantas terrestres, o Parque Nacional do Iguaçu se mantém como um dos últimos resquícios de uma mata nativa que já dominou todo o território do estado do Paraná, comportando desde samambaias que remetem a um ambiente pré-histórico, até árvores cuja altura ultrapassa o alcance dos olhos. Quem adentra o interior do Parque surpreende-se com a exuberância de plantas que encontra.
No interior do Parque estão refugiados alguns dos últimos indivíduos de palmito-juçara (Euterpe edulis) nativos da Mata Atlântica, protegidos da extração ilegal. Outra espécie característica de Floresta Estacional Semidecidual, que se encontra em risco de extinção, é a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron), muito utilizada para confecção de móveis, vigas e afins.
Árvore símbolo do estado do Paraná, a Araucária (Araucaria angustifolia) faz parte de outro ecossistema que também está presente em parte do território do Parque Nacional do Iguaçu, a Floresta Ombrófila Mista. Sua origem remonta à época dos dinossauros, no período Jurássico, há cerca de 200 milhões de anos atrás. Hoje sua distribuição está reduzida à ponto de a espécie ter sido classificada pela lista vermelha da IUCN - International Union for Conservation of Nature, como em perigo crítico de extinção, tendo como um dos últimos refúgios para a sobrevivência o Parque.
FAUNA
Com novas espécies sendo descobertas por pesquisadores, hoje já são conhecidas no Parque Nacional do Iguaçu cerca de 158 espécies de mamíferos, 390 aves, 48 répteis, 12 anfíbios, 175 peixes e pelo menos 800 invertebrados, porém estima-se que esse número seja ainda muito maior, principalmente para o grupo dos invertebrados, que abrange, por exemplo, os insetos, aracnídeos e moluscos.
Conhecida pelo misticismo que possui, a onça-pintada (Panthera onca) é protagonista em diversas culturas indígenas, como os maias, astecas e guaranis. Variando entre 61 e 158kg, é o maior felino das américas, e carrega consigo o título de símbolo do Parque Nacional do Iguaçu. É considerada a predadora de topo da cadeia alimentar do Parque, alimentando-se do que é capaz de capturar. Sua persistência, enquanto população na natureza, depende intrinsecamente da manutenção de recursos (presas, água, habitat de qualidade), da integridade da paisagem (grande contínuo florestal e conexão com outros fragmentos) e da diminuição dos conflitos com o entorno do Parque. Além da onça-pintada, muitos outros mamíferos residem na reserva, entre eles tamanduás, tatus, macacos, quatis, antas, veados e roedores.
Dentre os répteis, destacam-se a jararaca (Bothrops jararaca), do tupi yara′raka, serpentes peçonhentas que podem chegar à 1 metro e meio de comprimento, e o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris), capaz de viver até 50 anos. O grupo das aves, um dos mais abundantes no local, é composto por diversas espécies de tucanos, pica-paus, beija-flores, gaviões, papagaios e mais. Outro animal emblemático do Parque é o Macuco (Tinamus solitarius), uma grande ave galinácea, capaz de sobreviver naturalmente apenas em ambientes de mata primitiva.
Os invertebrados, organismos reconhecidos por fazerem a conexão entre cadeias alimentares, possuem uma diversidade gigantesca, distribuída por toda a extensão do Parque. Já foram identificadas mais de 100 espécies de gafanhotos, e a estimativa é de que mais de 800 espécies de borboletas residam no ecossistema.
Apesar da imensa diversidade de animais, muitos deles estão correndo risco de extinção devido à grande redução de seus hábitats, como é o caso da onça-pintada (Panthera onca), o puma (Puma concolor), jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) e do gavião-real (Harpia harpyja).
O Parque Nacional do Iguaçu é um grande santuário de proteção para esses animais tão singulares, que estão presentes na região antes mesmo da chegada do ser humano.
· Conheça o Guia da Fauna do Parque Nacional do Iguaçu
· Conheça o Guia de Convivência Onças do Iguaçu