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Roda de conversa na 21ª SNCT debate Tecnologia Social nas Unidades de Pesquisa do MCTI
O encontro colaborativo teve como objetivo formar uma rede institucional que integrasse, de forma ativa, as Unidades de Pesquisa do MCTI no campo da Tecnologia Social.
No domingo, 10 de novembro, a Vila dos Saberes — espaço do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada no Museu Nacional da República, em Brasília (DF) — foi palco da roda de conversa “Tecnologia Social nas Unidades de Pesquisa do MCTI”.
O evento reuniu representantes de diversas instituições e pesquisadores para debater a importância da integração das iniciativas de tecnologia social, com foco nas necessidades das comunidades e seus territórios e na valorização dos saberes tradicionais.
Sônia da Costa, diretora do Departamento de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva do MCTI, deu início à roda de conversa destacando a importância de uma rede articulada e institucionalizada para garantir a continuidade e o avanço da Tecnologia Social. “O trabalho conjunto é essencial para recuperar projetos já consolidados, e o Ibict desempenha um papel fundamental na organização metodológica e no registro dessas iniciativas”, afirmou. Ela também enfatizou que esse grupo será crucial na formulação de políticas públicas e na interação direta com as comunidades, promovendo um modelo de desenvolvimento colaborativo e participativo.
Andreia Michele, analista da Coordenação de Ensino e Pesquisa (Coepi) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), coordenou o debate e ressaltou a importância de alinhar as ações de Tecnologia Social às necessidades e ao conhecimento das comunidades e seus territórios. Ela apresentou o projeto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que promove a colaboração entre os assentados da reforma agrária e bolsistas da ciência da computação e da engenharia eletrônica para desenvolver um sistema de gestão de venda de seus produtos em parceria com trabalhadores de seus espaços de comercialização. A analista enfatizou que a colaboração entre as unidades do MCTI é essencial para responder de forma inovadora e eficaz às demandas sociais.
O evento também trouxe experiências de diversas unidades de pesquisa em projetos implementados em várias regiões do Brasil. Alexandre Somavilla, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI), destacou os avanços no manejo sustentável da fauna amazônica, como a criação de peixes em igarapés e a produção de mel com abelhas sem ferrão. Segundo Alexandre Somavilla, esses projetos são essenciais para a segurança alimentar e a sustentabilidade local, servindo de modelo para outras iniciativas.
Brenda Meireles, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), revelou a experiência no manejo do pirarucu, cuja pesca é proibida na maior parte do Amazonas, exceto em áreas protegidas autorizadas pelo Ibama. “Esse trabalho exemplifica a integração entre o conhecimento científico e os conhecimentos tradicionais das comunidades locais, sendo essencial para a preservação dos recursos naturais e o enfrentamento das mudanças climáticas”, afirmou, ressaltando o protagonismo das comunidades locais.
Elisa Madi, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), falou da possibilidade de iniciativas voltadas à certificação de produtores orgânicos e à transição agroecológica, visando fortalecer práticas sustentáveis.
Emanoel Junior, representante do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTI), abordou o trabalho de produção de réplicas de artefatos arqueológicos em parceria com comunidades locais, preservando técnicas tradicionais e o legado cultural, garantindo que o conhecimento seja transmitido às futuras gerações e seja uma forma de aumentar a renda dessas populações.
No Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), a tecnologia SARA, desenvolvida para tratamento de água residual e seu reaproveitamento, foi destacada por Jayuri Araújo. Ela ressaltou a importância de tecnologias que atendam diretamente às demandas das comunidades e sejam sustentáveis em face das mudanças climáticas.
André Benaquio, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA/MCTI), destacou a importância de um diálogo contínuo com as comunidades locais, especialmente por meio de exposições e eventos que enfatizam o papel das populações tradicionais na conservação ambiental, destacando ainda a necessidade de recursos para a manutenção desses projetos nas regiões mais remotas.
Ao final do evento, os participantes destacaram a importância de uma rede coesa e institucionalizada para contribuições a Tecnologia Social no país. A roda de conversa representou um passo significativo na integração das unidades de pesquisa do MCTI, que, ao unir o conhecimento científico e os saberes populares, busca democratizar o desenvolvimento tecnológico e fortalecer a sustentabilidade em comunidades rurais e urbanas de todo o Brasil.