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Segundo dia do Encontro do Projeto Ceos IS contou com debates sobre DSpace a partir do olhar de redes de repositórios da América Latina
As demandas da comunidade de usuários de DSpace do Brasil e de diversos outros países da América Latina marcaram o segundo dia do Workshop Lyrasis, atividade que faz parte da programação do I Encontro do Projeto de Pesquisa “Ceos IS - Plataforma Inteligente de Coleta, Organização, Certificação, Análise e Reuso da Informação”. O evento é coordenado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e aconteceu nesta terça-feira (19) de forma híbrida - no Rio de Janeiro (RJ) e online.
Participaram do workshop representantes do Conselho Diretivo da Lyrasis, membros da Rede Latinoamericana para a Ciência Aberta (LA Referencia), da Confederação de Repositórios de Acesso Aberto (COAR) e da Rede Brasileira de Repositórios Digitais (RBRD), além de pesquisadores do Ibict vinculados ao Projeto Ceos.
A Lyrasis é a organização que desenvolve e realiza a manutenção do DSpace, software livre mundialmente utilizado para a construção de repositórios digitais de instituições de ensino e pesquisa com o objetivo de reunir, organizar e disseminar suas produções científicas.
“O Brasil é um país de dimensões continentais, e por isso a nossa comunidade é muito grande. O objetivo do workshop foi compreender os desafios e papéis dos participantes na organização da infraestrutura de repositórios de publicações científicas desenvolvidas em DSpace”, explica Bianca Amaro, tecnologista do Ibict e coordenadora do Projeto de Pesquisa Ceos IS.
O workshop teve início com a palestra “O cenário brasileiro no contexto de repositórios digitais com DSpace”, com apresentação de Bianca Amaro. Durante sua apresentação, a tecnologista trouxe um panorama geral dos repositórios brasileiros criados utilizando o software DSpace e apontou as principais dificuldades identificadas nos processos de uso do software pela comunidade brasileira, desde sua instalação até a customização e incluindo a disposição das versões mais utilizadas nas instituições do país, resultantes do questionário lançado pelo Ibict para mapear dúvidas e dificuldades com a utilização do software. “Para nós, é muito importante ter esta frente de diálogo com a Lyrasis, pois isso nos permite levar àqueles que desenvolvem e dão manutenção na ferramenta as percepções da comunidade brasileira ao utilizar o DSpace”, afirma Bianca.
Ainda na mesma palestra, as coordenadoras das subredes regionais de repositórios, constituintes da RBRD, trouxeram relatos das experiências, avanços e dificuldades enfrentadas em cada uma das cinco regiões do Brasil. Compuseram a palestra Célia Barbalho (Rede Norte), Claudete Queiroz (Rede Sudeste), Caterina Pavão e Angélica Miranda (Rede Sul), e Clediane Guedes (Rede Nordeste), que também apresentou os dados da Rede Centro-Oeste.
A existência das redes regionais da RBRD fortaleceu a criação e a manutenção de repositórios nacionais. Um ponto comum nas falas de todas as coordenadoras foi em relação ao aspecto colaborativo desempenhado pela rede, que maximiza as forças de trabalho e ajuda no dia a dia de trabalho com a gestão técnica e curadoria dos repositórios. “O mais importante das redes é a cooperação entre as instituições e o intercâmbio de experiências, com suporte às instituições que vão se agregando para criar os seus repositórios”, avalia Angélica Miranda, coordenadora da Rede Sul.
Durante o workshop, foi promovido um debate aberto com todos os participantes do Encontro para identificar as necessidades e oportunidades de melhorias no uso do DSpace por instituições de Ensino, Ciência e Pesquisa. A mediação da roda foi de Lautaro Matas, Secretário Executivo e Técnico da LA Referencia.
“É importante falar de todo o ecossistema. Queremos um software mais simples de instalar e mais simples de operar. O compartilhamento de informações e experiências são fundamentais para melhorias em nossas comunidades de usuários”, diz Lautaro Matas.
Entre os aspectos destacados pela comunidade, foram discutidas a falta de profissionais de TI, falta de recursos, as dificuldades para a instalação, manutenção e desenvolvimento do software, a necessidade de articulação de redes de instituições, níveis de interoperabilidade, compartilhamento de códigos e a interação com desenvolvedores.
Entre as soluções apresentadas, estão ações para o fortalecimento de redes e comunidades de usuários regionais, capacitações para o uso do software em diferentes idiomas, a tradução e acessibilidade dos documentos e a criação de incubadoras de repositórios.
Para John Wilkin, CEO da Lyrasis, o encontro foi importante e produtivo. “Estamos vendo ideias que podemos trabalhar coletivamente, estou animado sobre o que podemos fazer e acho que as experiências que vocês compartilharam são muito importante para nós. Queremos apoiar esse processo de governança e ajudar a criar e a fortalecer essas redes de instituições que já existem na América Latina”.
Ao final do encontro, a Lyrasis anunciou a criação de um Grupo de Trabalho para ajudar a nutrir as comunidades de práticas da América Latina e apoiar as necessidades locais.
O evento ocorre até o dia 20 com o objetivo de reunir a comunidade nacional e internacional de repositórios digitais de publicações científicas, visando estreitar relacionamentos, trocar informações e conhecimentos, além de fortalecer capacidades do Brasil e América Latina em relação ao tema.