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Ibict participa de colóquio argentino sobre desinformação e ciência e apresenta trabalho sobre fake news e sustentabilidade
O Colóquio Internacional "La desinformación científica como problema público transnacional: tensiones constitutivas, actores y expectativas" aconteceu na cidade de Córdoba, Argentina, entre os dias 5 a 7 de junho. O evento foi organizado pelo Programa de Práticas Mediadas de Consumo de Informação e Comunicação, da Universidade Nacional de Córdoba. Durante o colóquio, foram apresentados trabalhos e discussões nos seguintes eixos temáticos: a representação mediática do problema da desinformação científica; consumo cultural de informação e a desinformação sobre a ciência e a circulação transnacional do problema da desinformação científica.
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) participou do evento de forma remota e apresentou o trabalho “Fake news e sustentabilidade: um duplo impacto”, dos pesquisadores Marcel Souza, Janinne Barcelos e Frederico Oliveira.
“As fake news podem influenciar a percepção pública em diversos temas, como saúde, política e, especialmente, sustentabilidade e meio ambiente. Portanto, é essencial reconhecer a importância educacional das pesquisas sobre desinformação. Elas contribuem para a promoção da alfabetização midiática e científica, capacitando o público a distinguir entre informações verdadeiras e falsas e a tomar decisões fundamentadas em fatos e evidências”, diz Janinne Barcelos, pesquisadora da área de Tratamento, Análise e Disseminação da Informação Científica do Ibict.
O trabalho apresentado argumenta que as fake news sobre queimadas em florestas brasileiras possuem um impacto ambiental duplo, pois pioram a qualidade informativa do debate público sobre sustentabilidade e produzem impactos ambientais materiais, em função do elevado custo energético relacionado à sua produção, circulação e consumo. Em uma perspectiva que considera a materialidade da informação e dos objetos infocomunicacionais e que o conhecimento é produzido por cadeias de referências, o artigo realiza a análise das referências citadas em 56 conteúdos falsos sobre queimadas e 50 checagens sobre eles, desenvolvidas pelas agências brasileiras Aos Fatos e Lupa.
Para Frederico Oliveira, a desinformação é um fenômeno que perpassa a materialidade das plataformas, que influenciam na produção, na circulação e no consumo da informação. Ele também chama a atenção para a qualidade informativa das checagens e o tipo de fontes consultadas, que se fundamenta especialmente em conteúdos jornalísticos e informações oficiais – que nem sempre são verdadeiras . “A pesquisa enfocou os conteúdos falsos sobre as queimadas, buscando identificar suas características e, também, as práticas de checadores. Observamos que as checagens nem sempre têm maior qualidade informativa que os conteúdos falsos que verificam", observa o pesquisador.