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Ibict celebra 70 anos de existência
Em fevereiro de 2024, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, o Ibict, comemora seus 70 anos de vida. O Instituto tem a missão de promover a competência, o desenvolvimento de recursos e a infraestrutura de informação em ciência e tecnologia para a produção, socialização e integração do conhecimento científico e tecnológico.
Tiago Braga, diretor do Ibict, avalia que desde o seu início, em 1954, o Ibict atende a demandas da sociedade e tem assumido um papel de vanguarda na Informação como essência do conhecimento e como fonte de Inovação.
“A principal contribuição do Ibict é a busca pela vanguarda e excelência. Ao longo de sua história, a instituição provocou a sociedade a repensar e aprimorar seus processos informacionais. Foi assim com temas como informação em tecnologia, ciência, gestão documental, ciência aberta e informação para a sustentabilidade. A abertura a mudanças e a recusa a se prender a conceitos diferenciam o Ibict e o colocam como um agente de transformação social”, diz Tiago Braga.
Origem
O fim da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, desorganizou e desmantelou a estrutura bibliográfica de diversos países. No entanto, o fluxo de informação mundial foi intensificado e a organização da informação científica tornou-se cada vez mais necessária para o desenvolvimento da ciência e educação em escala e cooperação global. Nesse contexto, a recém-criada Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) buscou estimular a organização bibliográfica em nível mundial e convocou países a criarem os seus institutos de informação.
No início da década de 1950, a Unesco e parceiros começaram os preparativos para apoiar a criação de um centro bibliográfico brasileiro visando impulsionar as atividades científicas e tecnológicas nacionais. As bibliotecárias Lydia Sambaquy e Jannice Monte-Mor percorreram importantes bibliotecas e centros de documentação dos Estados Unidos, Canadá e Europa para buscar modelos de organização de recursos bibliográficos de diferentes origens.
Lydia Sambaquy esteve à frente da idealização do projeto e planejou a estrutura de um órgão central, dedicado ao trabalho bibliográfico e de documentação e que pudesse ser utilizado pela comunidade científica para consultas sobre fontes especializadas. No dia 27 de fevereiro de 1954, é fundado, no Rio de Janeiro (RJ), o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), com um amplo acervo de periódicos nacionais e internacionais e tendo Lydia Sambaquy como a primeira diretora da instituição. Anos depois, em 1976, o IBDD se transformaria no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), que seria transferido para a cidade de Brasília em 1980. Já em 2000, o Ibict passa a ser subordinado ao então Ministério da Ciência e Tecnologia, tornando-se uma unidade de pesquisa.
Primeiro curso de Mestrado em Ciência da Informação no Brasil
A transformação de IBBD para Ibict acompanhou a mudança do mundo e os avanços das tecnologias. Além dos serviços bibliográficos, o IBDD estabeleceu intercâmbio com instituições internacionais e promoveu o desenvolvimento de cursos de formação em Biblioteconomia e Documentação para a formação de profissionais na área. Iniciado em 1955, o Curso de Documentação Científica foi o primeiro regular do IBDD e foi oferecido por cerca de 35 anos ininterruptamente.
Em 1968, o órgão promoveu o I Seminário de Informática, com o propósito de abordar a nova temática do processamento de dados em documentação. Em 1968 foi lançada pelo IBBD a primeira Bibliografia Brasileira por processo automatizado, na área de Física. As inovações tecnológicas da época foram incorporadas pelo IBDD, que se tornou o primeiro órgão da América Latina a ter sistemas de informação automatizados, assim como, a automatizar os seus serviços tradicionais.
Em 1970, as bibliotecárias Celia Ribeiro Zaher e Hagar Espanha Gomes, então presidente e vice-presidente do IBBD,respectivamente, organizaram um curso de mestrado em ciência da informação, em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O curso pioneiro marca o surgimento oficial da ciência da informação no Brasil, posicionando o Instituto como um importante produtor de conhecimento desse campo. Em 1972, é criada a revista Ciência da Informação, o primeiro periódico científico da área no Brasil.
Do acesso à informação científica à Ciência Aberta
O acesso à informação científica está no DNA do Ibict. Em sua origem, o Ibict assinava periódicos nacionais e internacionais e organizava informações sobre as bases de pesquisa, disponibilizando essas informações para o público com acesso gratuito. A partir do final da década de 1990, o Ibict vem desenvolvendo ações de apoio à Ciência Aberta, no contexto brasileiro e internacional. No início, tinha-se somente o conceito de Arquivos Abertos (Open Archives). Esta ideia evoluiu rapidamente para o que se denominou Movimento do Acesso Aberto, ou Acesso Livre em algumas traduções.
Ao longo desses últimos anos, o Ibict atuou na construção de uma Infraestrutura Aberta de Informação para o Brasil, de forma pioneira e inovadora.
“O Ibict realizou e realiza, fortemente, atividades de estudo e transferência de ferramentas para a construção de repositórios digitais e revistas científicas de acesso aberto, apoiando instituições de ensino e pesquisa em todo o Brasil, e cooperando com iniciativas internacionais que discutem e ampliam o alcance dos resultados obtidos nesse apoio”, diz Washington Segundo, coordenador da Coordenação-Geral de Informação Científica e Técnica (CGIC).
Por essa via, o Ibict construiu e mantém dois portais agregadores de conteúdo em acesso aberto, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e o Portal Brasileiro de Publicações e Dados Científicos em Acesso Aberto (Oasisbr).
Já na primeira metade da década de 2010, o conceito de Acesso Aberto foi estendido para a Ciência Aberta, um conceito guarda-chuvas que agrega, além do Acesso Aberto, o compartilhamento de dados de pesquisa, a Ciência Cidadã, entre outras vertentes de abertura de todo o ecossistema da pesquisa científica.
Recentemente, o Instituto lançou também uma plataforma, chamada BrCris, que agrega todas as informações do Ecossistema de Informação da Pesquisa Científica Brasileira.