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Princípios FAIR
Em entrevista à comunicação social do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a pesquisadora e professora do Instituto, Luana Sales, falou sobre os Princípios FAIR:
Comunicação Social - Qual a importância dos Princípios FAIR?
Luana Sales - Os princípios FAIR são aplicados na gestão de objetos digitais, em especial em dados científicos. Os princípios quando aplicados na gestão de dados melhoram a qualidade dos dados e, consequentemente, sua capacidade de reuso.
Comunicação Social - Quais são os princípios FAIR?
Luana Sales - Ao todo, são quinze princípios distribuídos em quatro categorias:
Na categoria F – Findable temos: F1. Os (meta) dados devem ter identificadores globais, persistentes e identificáveis; F2. Os dados devem ser descritos com (Meta) dados ricos; F3. Os (meta) dados devem ser registrados ou indexados em recursos que ofereçam capacidades de busca; F4. Metadados devem especificar o identificador dos dados.
Na categoria A – Accessible temos: A1. (Meta) dados devem ser recuperáveis pelos seus identificadores usando protocolo de comunicação padronizado; A1.1 O protocolo deve ser aberto, gratuito e universalmente implementável; A1.2 O protocolo deve permitir procedimentos de autenticação e autorização, quando necessário; A2. (Meta) dados devem ser acessíveis, mesmo quando os dados não estão mais disponíveis.
Na categoria I – Interoperable temos: I1. (Meta) dados devem usar uma linguagem formal, acessível, compartilhada e amplamente aplicável para a representação do conhecimento; I2. (Meta) dados devem usar vocabulários que seguem os princípios FAIR; I3. (Meta) dados devem incluir referências qualificadas para outros (Meta) dados;
E por fim na categoria R – Reusable, temos R1. (Meta) dados devem ter atributos com pluralidade de precisão e serem relevantes, R1.1. (Meta) dados devem ser liberados com licenças de uso de dados claras e acessíveis, R1.2. (Meta) dados devem estar associados à sua proveniência e R1.3. (Meta) dados devem estar alinhados com padrões relevantes ao seu domínio.
Comunicação Social - E como transformar esses princípios em dados FAIR?
Luana Sales - Esses princípios não se transformam em dados FAIR, mas quando aplicados ajudam a transformar dados em dados com mais qualidade, isto é, dados que podem ser encontrados, acessados e que podem, também, transitar entre os diferentes sistemas e que podem ser reusados por homens e por máquinas.
Comunicação Social - Como tornar seus dados FAIR?
Luana Sales - Os dados se tornam FAIR à medida que esses princípios são adotados em sua gestão. Como é muito difícil conseguir aplicar todos os princípios, hoje existe uma escala de fairificação, que mede a qualidade dos dados, de acordo com a aplicação desses princípios. Isso significa dizer que quanto maior o grau de fairificação dos dados, maior é a possibilidade desse dado ser encontrado, acessado, interoperável e reusável.
Comunicação Social - Por que aplicar princípios FAIR aos repositórios?
Luana Sales - Considerando os repositórios como um objeto digital do tipo complexo, e ainda a sua importância, enquanto ferramenta de preservação e acesso aos dados, aplicar os princípios FAIR em repositórios é garantir maior qualidade a essas ferramentas. Além do que, isso cria um efeito em cascata, à medida que, repositório FAIR ajudará a tornar os dados nele depositado FAIR por consequência.
Balanço
Ao final da entrevista, a pesquisadora e coordenadora do GO FAIR fez uma avaliação positiva do ano de 2021, durante a sua gestão.
Comunicação Social - Qual o Balanço que a senhora faz sobre o ano de 2021?
Luana Sales - Foi um ano muito produtivo, mas muito focado no estabelecimento da estrutura de governança do GO FAIR Brasil e com o alinhamento com as políticas do GO FAIR internacional, com a criação de nossa carta de princípios e publicação de nosso site. Além disso, tivemos o estabelecimento da Rede Agro, através da redação de seu manifesto; publicamos o livro “Princípios FAIR aplicados à gestão de dados de pesquisa”, no âmbito da coleção do PPGCI IBICT-UFRJ 50 anos e o lançamos no XXI ENANCIB.
Tivemos também uma participação muito boa da comunidade brasileira no FAIR Festival, que gerou grande interessante da comunidade internacional, na nossa produção, e por este motivo, nesse ano, estamos traduzindo o livro para o inglês, no intuito de atender esse interesse. Por último, vale destacar as ações, junto à ABEC e à ANCIB, no intuito de ampliar o debate do tema, entre editores científicos e entre a comunidade acadêmica da Ciência da Informação.
GO FAIR
O GO FAIR é uma iniciativa de baixo para cima, cujo objetivo é fazer com que os dados fragmentados e desconectados sejam Encontráveis, Acessíveis, Interoperáveis e, portanto, Reusáveis, por máquinas e pessoas. A iniciativa GO FAIR busca o desenvolvimento de um ambiente global compartilhado para a pesquisa e inovação baseada em dados.
O GO FAIR Brasil atua em todos os domínios do conhecimento e é sediado no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT. O Instituto possui ampla experiência, na implementação de infraestruturas de apoio à informação científica e tecnológica e na formulação de políticas, voltadas para a Ciência Aberta. Portanto alinha-se à iniciativa GO FAIR.