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Ibict e Conicet assinam acordo de cooperação
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (Conicet) firmaram um acordo de cooperação, que visa fortalecer o intercâmbio de experiências, documentos, informações, ferramentas desenvolvidas e conhecimentos realizados, no âmbito das atividades encampadas pelos Laboratórios de Humanidades Digitais de ambas as instituições. Sendo eles, o Laboratorio de Humanidades Digitales del Centro Argentino de Información Científica y Tecnológica del CONICET e o Laboratório em Rede de Humanidades Digitais (Larhud) do IBICT. A informação foi dada pelo coordenador do Laboratório em Rede de Humanidades Digitais do Ibict, professor Ricardo Pimenta, durante entrevista ao HD CAICYT Lab, do CONICET, em formato podcast.
“Este acordo firmado é prova da consolidação desta agenda entre “atores” desta comunidade. A professora Gimena del Rio Riande (coordenadora do HD CAICYT Lab) e eu (coordenador do Larhud) temos como foco, formalizar as atividades em conjunto, realizadas pelos dois laboratórios, trocar experiências e fortalecer as próximas realizações, internacionalizando as práticas em Humanidades Digitais, com foco no eixo Sul Global, sobretudo no “corredor” Argentina e Brasil”, frisou Ricardo Pimenta.
O coordenador do Laboratório afirmou que, a partir do acordo, foi oficializado um conjunto de atividades, que já eram realizadas, em parceria. Acrescentou que o “intercâmbio é também esperado, enquanto um dinâmico tráfego de especialistas e cientistas, entre os dois países e suas respectivas instituições envolvidas”.
“Dessa forma, o que celebramos é da ordem do fortalecimento, no eixo do sul global, de um canal de produção, de desenvolvimento de métodos digitais, ferramentas e de um pensamento crítico destinado às pesquisas no âmbito das ciências humanas, sociais, sociais aplicadas (e aqui se encontra a Ciência da Informação), letras e artes, que cada vez mais mesclam suas práticas, com recursos computacionais. É nesse encontro que surgem as Humanidades Digitais”, explicou Ricardo Pimenta.
HUMANIDADES DIGITAIS
O professor Ricardo Pimenta define as Humanidades Digitais como uma “comunidade de práticas” ligadas às possíveis convergências, entre questionamentos de fundo humanísticos e abordagens computacionais, com o objetivo de produzir ferramentas e objetos digitais, produtos interativos e sistemas ou estruturas analíticas para o uso de grande quantidade de dados.
Na sua opinião, as Humanidades Digitais podem ser consideradas uma prática, “no entanto, seria mais correto afirmar, que as HDs são definidas como um conjunto de práticas, compartilhado por uma comunidade científica solidária, cuja interdisciplinaridade e transdisciplinaridade são fundamentais”.
O professor Ricardo Pimenta enxerga a Ciência da Informação como fundamental e como um campo no qual se torna muito propício e necessário produzir em Humanidades Digitais. “Vejo o conhecimento que se produz na Ciência da Informação, como uma cola, uma dobradiça, entre duas grandes estruturas do conhecimento, como a computação lato sensu e as Humanidades”, ressaltou.
Ricardo Pimenta explicou ainda que as Humanidades Digitais produzem, para além dos livros, artigos e exposições: webpages, portais, softwares, ferramentas e demais recursos, a partir de linguagens de programação. Ele acrescentou que as HDs geram também sistemas, grafos e visualizações, que marcam um aporte digital às práticas de pesquisa em Humanidades, inclusive afetando a própria epistemologia do campo.
“A grosso modo, o que se faz em Humanidades Digitais muito se relaciona com a questão da organização do conhecimento e seus sistemas, com a ideia de preservação, recuperação, gestão da informação, visualização de dados e informação, dados de pesquisa, arquitetura da informação e design, além de outras possibilidades” salientou Ricardo Pimenta. Segundo ele, sem esses conhecimentos e técnicas, as estruturas, as plataformas, as ferramentas, as maneiras de tratamento e de exposição de dados e informação para a pesquisa em Humanidades não se tornariam viáveis.
Na opinião do coordenador do Ibict, é possível classificar as humanidades Digitais como um campo de estudo, mas apenas do ponto de vista não formal. Isso porque, conforme Ricardo, os pesquisadores que atuam com Humanidades Digitais, ao menos no Brasil, não se dissociam dos seus departamentos, ou institutos originais.
“Os pesquisadores, no Brasil, continuam publicando em revistas acadêmicas de suas respectivas áreas. Ou seja, continuam, de onde estão produzindo sobre sua disciplina formal: a História, a Sociologia, a Geografia, etc. É claro que isso pode ser em decorrência da maneira como organizamos nossa divisão de áreas do conhecimento, onde não há discriminado o termo “Humanidades Digitais”. Portanto digo que formalmente não”, explicou.