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Humanidades Digitais e seus integrantes
Você já ouviu falar em Humanidades Digitais? Pois bem, o professor Ricardo Pimenta, coordenador do Laboratório em Rede de Humanidades Digitais do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), disse em entrevista à Comunicação Social do Instituto que ainda há muita gente que desconhece o que são as Humanidades Digitais (HDs) e seus integrantes. Ele explicou, no entanto, que as HDs são definidas como um conjunto de práticas compartilhadas, por uma comunidade científica solidária, no qual Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade são fundamentais.
Com relação aos integrantes às práticas em HDs, do ponto de vista da computação, Ricardo Pimenta explicou que, geralmente, são os pesquisadores que atuam em um campo da disciplina da computação social. “Além dos programadores e desenvolvedores em expertise, contatados pelos pesquisadores das Humanidades, com o objetivo de contribuir e desenvolver conjuntamente produtos que deem às HDs novas materialidades e novas formas às pesquisas em curso e as que estão por vir”.
Já do ponto de vista das Humanidades, segundo Ricardo, os pesquisadores são aqueles das áreas que visam compreender fenômenos sociais, políticos, culturais, históricos e de gênero, por exemplo, que passaram a ser nato-digitais ou mediados pelo digital. “Portanto, ao se debruçar sobre esse tipo de objeto de pesquisa, percebem que passa a figurar como um verdadeiro obstáculo metodológico e técnico a extração de dados e de fontes para a pesquisa. Além disso, a necessidade de análise daquilo que se coleta é imperativamente dependente de uma dada literacia computacional, de uma competência informacional e digital”, completou.
De acordo com Ricardo Pimenta, isso não muda, seja em escala global ou nacional. O que mudam são as possibilidades. “No caso brasileiro, ainda estamos caminhando em um trajeto inicial. Há, contudo, grupos que vêm dando sinal de um desenvolvimento significativo. Mas o emprego de recursos computacionais requer investimento que historicamente não temos nas Humanidades”, afirmou.
Durante a entrevista, o professor Ricardo Pimenta falou ainda sobre os investimentos destinados às ciências humanas, sociais e sociais aplicadas e consequentemente às Humanidades Digitais. Segundo ele, esses investimentos ainda são considerados “tímidos”. Ele reconhece que existe “um preconceito por muita gente de que pesquisadores das Humanidades não fazem ciência e que isso é um grande erro”. Ricardo Pimenta lembrou que as grandes BigTechs vêm apontando a importância do conhecimento humanístico para se refletir sobre problemas como privacidade, ética, identidades, violências, entre outras pautas que continuam a ser presentes em meio à cultura digital e a tudo que ela produz.
“Nesse sentido, quando iniciamos alguma atividade ou pesquisa relacionada às Humanidades Digitais, acabamos percebendo que há uma demanda de maior infraestrutura (computadores, softwares e servidores) e de recursos, para a manutenção e atualização de sistemas, plataformas e ferramentas que são, em grande medida, objeto de atuação de profissionais da computação e tecnologia da informação. Tudo isso custa dinheiro e diferentemente de algumas áreas do conhecimento que concentram maiores investimentos, as Humanidades geralmente não detém esse aporte”, frisou.
Perspectivas para 2022
Segundo Ricardo Pimenta, as perspectivas para 2022, na sua área, são: desenvolver mais as atividades, já em curso, entre os dois laboratórios (Larhud, do Ibict e HD CAICYT Lab, do Conicet, Argentina); dar continuidade ao desenvolvimento e divulgação de um repositório de dados de pesquisa em Humanidades; pensar no desenvolvimento de um projeto ou ferramenta que tenha como foco as eleições de 2022; realizar o segundo evento nacional sobre Humanidades Digitais e por fim fortalecer a internacionalização do laboratório que coordena no Rio de Janeiro.