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Submissões da Revista Ciência da Informação voltam a funcionar
As submissões da Revista Ciência da Informação - periódico científico do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) - voltam a funcionar, após um ano de paralisação. Durante esse período, foram realizados vários estudos, com o objetivo de solucionar os problemas técnicos de infraestrutura, de projetar as mudanças no sistema, além da nomeação do novo conselho editorial, que está trabalhando junto à equipe editorial nas atualizações da Política Editorial, cuja informação será divulgada em breve.
A informação foi dada pelo coordenador de Editoração Científica do Ibict, Ramón Martins Sodoma da Fonseca, em entrevista à Comunicação Social do Ibict, admitindo que o atraso em nomear o novo Conselho acabou influenciando no cronograma de trabalho. “Houve uma demora em nomear o novo Conselho, o que atrasou nosso cronograma, pois aumentamos o número de membros, sendo eles muito requisitados pela comunidade científica da área”, frisou.
Principais Mudanças
O coordenador do Ibict disse que, em termos estruturais, a principal mudança nas submissões da revista foi o acréscimo do número de membros do conselho. Segundo ele, não apenas para aumentar o peso acadêmico, assim como a participação de pesquisadores de alto nível nas discussões mais importantes sobre o futuro da revista, além do maior engajamento da comunidade.
Ramón explicou, no entanto, que as mudanças em termos de políticas editoriais ainda são satisfatórias, mas que já estão trabalhando em algumas mudanças significativas. “Não foi possível encontrar consenso junto ao Conselho Editorial para algumas mudanças propostas. Então, decidimos seguir a sugestão da professora Lillian Alvares de realizar um experimento com a avaliação aberta”, frisou.
Todavia, o coordenador do Ibict reconhece que as maiores mudanças aconteceram na gestão editorial das submissões. Segundo ele, apesar da quantidade de funcionalidades do Open Journal Systems (OJS) existem no sistema de gestão do processo editorial funcionalidades indisponíveis essenciais ao controle do processo editorial. “Nossas ferramentas compartilhadas nos permitem acompanhar melhor e ter uma visão geral das informações disponíveis no sistema e, inclusive, identificar e reportar falhas”, disse.
Na opinião de Ramón, a atualização do OJS para a versão três também foi de impacto significativo para toda a equipe de trabalho já acostumada com a versão dois. Segundo ele, o visual mudou muito e a tecnologia foi reescrita praticamente do zero, devido às mudanças na infraestrutura do Apache, da linguagem de programação PHP, e do próprio banco de dados.
“A equipe de desenvolvedores do Public Knowledge Project (PKP) responsável por essa e outras tecnologias relevantes é pequena e refazer um sistema com mais de 10 anos em pouco tempo não é fácil”, frisou Ramón, lembrando que a decisão mais simples é de reduzir funcionalidades, reestruturando a arquitetura para que a inclusão delas seja mais fácil. No entanto, disse Ramón, isso tornou o desenvolvimento de funcionalidades mais lento e alterou, significativamente, a estrutura do banco de dados para se adequar melhor às publicações multilíngues. Mas, a pouca experiência com sistemas multilíngues trouxe problemas que estão sendo sanados lentamente e, em muitas das vezes, por colaboradores e usuários do sistema de fora da equipe do PKP.
“Apesar do tempo que a equipe editorial está à frente da editoração nunca tivemos um curso oficial do sistema para toda a equipe. Com o ingresso de mais uma nova integrante, o curso finalmente será realizado em breve para nivelar o conhecimento sobre o sistema e todas as suas possibilidades, pontos fortes e fracos, assim como melhorar nossa gestão editorial, a visibilidade das publicações e apresentar novidades para nossos leitores”, esclareceu.
Expectativa para 2022
Após um ano de paralisação, a expectativa para 2022 e para os próximos anos, segundo Ramón, é grande. "Devemos continuar o trabalho que já está em andamento, buscando manter submissões suficientes para garantir a periodicidade da revista e com um número especial da publicação que será lançado em breve. Então, será um ano de muito trabalho e, possivelmente, haverá um número maior de edições publicadas”, disse.
Contudo, segundo Ramón, é momento de se preocupar com questões maiores do que apenas com a periodicidade que está garantida. Ele afirmou que, se a infraestrutura não apresentar problemas, especialmente, no envio de e-mails, a revista se mantém com submissões regulares. “Então, teremos como objetivo aumentar a avaliação no Qualis, a internacionalização e a indexação da revista que já está em curso”, falou.
O coordenador de Editoração do Ibict lembrou que a Revista Ciência da Informação é uma das poucas que mantém as submissões abertas permanentemente e é também uma das mais democráticas em todos os sentidos. Enfatizou, no entanto, que uma das mudanças mais importantes é a forma como se busca os avaliadores. Segundo ele, além de fazer um levantamento contínuo de pesquisadores, na área, e identificar os potenciais candidatos sugeridos pela equipe editorial e pelo Conselho Editorial, busca-se um engajamento maior ao convidar o candidato e o avaliador antes de cadastrá-lo.
Ramon comentou que existem várias questões éticas, como de conflito de interesses, de procedimentos, de comportamentos e de controles que são exigidas no processo de avaliação aberta e que estão sendo testadas pela publicação de pré-prints como a transparência do processo de avaliação. No entanto, isso tem gerado discussões em várias áreas do conhecimento, mas ressaltou que uma pesquisa rápida no Google Acadêmico indicou resultados interessantes. O coordenador disse que várias publicações tentaram implementar a avaliação aberta, como por exemplo a Nature que tentou implementar e fracassou. Já outras publicações mais recentes e adeptas a mudar os paradigmas da editoração científica adotaram a avaliação aberta desde o início.
O coordenador do Ibict lembrou que já as pesquisas encontradas no Research Gate, bem como a discussão dos leitores demonstraram, no entanto, que não existem ganhos significativos com a avaliação aberta. “Há inclusive dois pontos negativos: a avaliação é mais demorada e há redução significativa no número de avaliadores disponíveis. O primeiro ponto negativo é a demora, pois torna a avaliação mais criteriosa, mas os artigos são selecionados com mais cuidado pela equipe editorial e tendem a ser aprovados com mais frequência”, citou.
O segundo ponto negativo é algo que não se pode tolerar, pois o tempo de avaliação já é extremamente longo e não se dar ao luxo de reduzir ainda mais a lista de avaliadores disponíveis. “Na nossa opinião, a avaliação de qualidade será realizada independentemente de ser aberta ou fechada. Mas, tendo em vista a filosofia da Ciência Aberta em curso que envolve não apenas a agilidade para publicação, mas também a transparência dos processos editoriais e dos dados que produziram os artigos, a revista tende a adotar essas filosofias, desde que sejam do interesse da comunidade acadêmica”, esclareceu Ramón.
Para Ramón Fonseca, a avaliação aberta, que está por trás da questão do pré-print, é mais uma questão de cultura da área. O objetivo principal como editores é o de preservar o nome e a integridade do avaliador, que já é um ator fundamental do processo editorial com excesso de atividades, responsabilidades e pressão, tanto sobre sua produção científica e acadêmica quanto em sua vida pessoal. “Não é justo com o pesquisador, especialmente em nossas publicações, onde o máximo que recebem é uma declaração e agradecimento pela avaliação, já que não podemos fazer mais do que isso por eles, permitir que os autores tenham a oportunidade de pressioná-los. Essa é uma responsabilidade da equipe editorial”, concluiu.