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Bolsista do Ibict ganha premiação jornalística
É tempo de estiagem no Cerrado Central. A poeira suspensa tinge de vermelho as árvores tortas. Não chove há mais de 90 dias e a baixa umidade de setembro faz o corpo carecer de água. Do interior da mata seca, sob um sol abrasador, uma a uma as mulheres chegam, trazendo suas rodas de fiar.
É assim que começa a matéria “Fiandeiras, tecelãs e tintureiras resgatam orgulho e tradição no sertão de Minas Gerais”, escrita pela jornalista Carolina Cunha, bolsista do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e publicada na revista National Geographic no final de 2019.
O texto foi escolhido como o melhor do Brasil na categoria “Extrarregional” do Prêmio Banco do Nordeste de Jornalismo em Desenvolvimento Regional 2020. Foram premiados ainda mais 17 trabalhos jornalísticos, distribuídos nas categorias Nacional Rádio, Nacional Impresso, Nacional Audiovisual, Nacional Internet, Universitário e 11 prêmios regionais.
Esta edição do Prêmio recebeu 150 inscrições e contemplou trabalhos jornalísticos profissionais e universitários publicados ou veiculados em território nacional, que retratassem iniciativas ou atividades produtivas economicamente viáveis, socialmente justas, ambientalmente corretas e que respeitassem o princípio da diversidade cultural.
A jornalista conta que há três anos visita a região do Parque Grande Sertão Veredas, tendo contato com povos tradicionais do cerrado. “O Grande Sertão Veredas é o cenário das histórias do escritor Guimarães Rosa. Em uma viagem, conheci o trabalho das mulheres que fiam - fiandeiras, tecelãs, tingideiras e bordadeiras, um saber tradicional que ainda está vivo, nas roças e cidades da região”.
O Parque - que recebeu este nome em homenagem ao romance “Grande Sertão: Veredas”, publicado em 1956 por João Guimarães Rosa – fica em Minas Gerais e atrai milhares de pessoas, sobretudo aquelas interessadas em ver de perto as paisagens que servem de palco para os enredos do escritor.
Em suas idas à região, Carolina ficou encantada pela força daquelas mulheres sertanejas e quis conhecer mais sobre suas vidas. Como diz no texto, elas “são guardiãs do passado, conhecem os mistérios de um saber feminino transmitido pelas avós, mães e tias. Uma tradição preservada pelo isolamento geográfico dos confins do sertão mineiro”.
De forma sensível, o texto apresenta relatos emocionantes das mulheres que habitam aquele lugar, ao mesmo tempo em que narra as transformações advindas de um processo de modernização e organização do trabalho. “Foram encontros e conversas que nunca vou esquecer”, diz a jornalista.
A matéria premiada pode ser lida no site da revista National Geographic .