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Protagonismo das bibliotecas é pauta de seminário no Senado
A mesa de abertura contou com a participação de Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora da UNESCO no Brasil, Eugênio Bucci, jornalista, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), e Glória Pérez-Salmeron, presidente da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA).
O painel foi moderado pelo professor da Universidade de Brasília (UnB), Emir Suaiden e aberto por Cecilia Leite, diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). O evento foi transmitido ao vivo no canal da TV Senado no Youtube.
Ao abrir a mesa, Cecilia Leite ressaltou que o momento é importante para discutir o papel das bibliotecas em um mundo globalizado e conectado, além de sua relação com o desenvolvimento da sociedade. “Esse processo tem acontecido a partir das bibliotecas e dos cientistas da informação. Temos quebrado muros, aberto portas e integrado a sociedade ao conhecimento com a ajuda das bibliotecas”, disse a diretora.
“O que nós estamos pensando quando a gente fala de mudança e por que a gente sente que a instituição da biblioteca teria perdido esse potencial transformador do passado?”, questionou Eugenio Bucci em sua fala. Segundo o professor, quando a tecnologia é utilizada para a difusão de informações falsas, ela ameaça a democracia.
“Quando a tecnologia desumaniza não pelo o que ela tem de moderno, mas pelo que ela tem de autoritário, ela favorece ordens que enfraquecem a democracia. E isso a gente vê no mundo todo. Temos assistido várias fraudes informativas com o propósito de diminuir o alcance do conhecimento e da consciência crítica. A sensação que eu tenho é que vamos chegar a um cenário no qual as pessoas queimam livros”, alerta Bucci.
O professor afirma que o papel do bibliotecário e da biblioteca é o de resguardar a confiabilidade da informação e proporcionar uma consciência mais abrangente por parte do usuário. “Aí, sim, a biblioteca pode ser um fator de mudança”, acredita.
A diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, lembrou da atuação da UNESCO e da relação entre pobreza e as dificuldades de acesso à informação. “A nossa missão é contribuir para a construção da cultura de paz no mundo. E como fazer isso? Pela educação, ciência, cultura, comunicação e informação. Isso se dá pelo acesso universal à informação e ao conhecimento”, enfatizou.
Para Marlova, as bibliotecas possuem um papel fundamental na organização do conhecimento de uma forma ética. “Sabemos que o Google é a maior fonte de informação hoje. Mas também é verdade que as bibliotecas continuarão sendo repositórios e locais onde a verificação do conhecimento é possível”.
“O Eugênio lembrou bem que os algoritmos determinam como esse fluxo de informação se dá, mas ao mesmo tempo sabemos que conhecimento é poder. E quanto maior o acesso ao conhecimento, maior é o mecanismo de distribuição desse poder. As bibliotecas são e continuarão sendo um componente essencial para quem visa promover o acesso ao conhecimento. Não só para o público geral, mas também para o especializado”, conclui Marlova Noleto.
Glória Pérez-Salmeron, presidente da IFLA, ressaltou a importância da cooperação entre os atores das áreas de Biblioteconomia e da Ciência da Informação. “Buscamos uma comunidade bibliotecária consistente, unificada e forte, pois juntos podemos conseguir cada vez mais coisas”, lembra ela. Pérez-Salmeron relatou a experiência da IFLA no fortalecimento da profissão do bibliotecário. “Trabalhamos em prol das bibliotecas e dos usuários delas no mundo. As bibliotecas têm muito poder, pois estamos em todas as partes. A IFLA tem 1.400 sócios e 91 anos”, informou.
Emir Suaiden disse que as palestras proferidas durante o evento situam o bibliotecário no atual momento da biblioteca e da sociedade da informação. “As palestras sugerem uma nova tomada de decisão, pois ainda não sabemos qual será o futuro da nossa profissão. O mundo atual é de muitas contradições, desafios, competitividade, onde periodicamente paradigmas são excluídos e outros são criados”, afirmou.
Segundo ele, os eventos promovidos anualmente pela IFLA e as experiências relatadas ajudam a entender a biblioteconomia e a promover novas ações para o empoderamento do leitor.
Ao final do evento foi entregue por Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora da UNESCO no Brasil, uma placa em homenagem aos 65 anos do IBICT à diretora Cecilia Leite.
Daniela Cunha e Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do IBICT